O inicio de todas as dores

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Quando comecei a relatar minha história fiz alguns acordos comigo mesmo.

Tentar escrever pelo menos mil palavras por dia. Terminar de contar tudo mesmo que demorasse. Ser o mais sincero possível, mesmo que doesse. Não desistir.

Então, aqui estou eu mais uma vez me esforçando pra narrar os eventos que acabaram me transformando um pouco mais.

No dia seguinte após a festa tentei conversar com Julia, mas ela não quis me escutar e bateu a porta do quarto na minha cara:


- Cala a boca, Gabriel! Isso não é da sua conta! – gritou lá de dentro.

- O que não é da minha conta?! – gritei de volta igualmente irritado. – Que você e a Bibi não vão mais se ver? Que vocês vão se separar brigadas?! Isso não é da minha conta, Julia? É isso o que você quer?!

- Cala a bocaaaaaaaa!!!

- O garoto que você gosta se declarou pra sua melhor amiga. Tá... E dai?! JULIA. – bati na porta com a mão fechada. – Que culpa a Bianca tem nisso?


Ela arremessou algo contra a porta e apenas torci pra não ser nada caro.

A coisa bateu num baque forte e se estatelou ao cair no chão.


- Você não sabe de nada, Gabriel!

- Então me explica!

- As meninas na escola já tinham dito que eles se gostavam!

- Que meninas, Julia?

- As meninas! As garotas da sala! – e a ouvi começar a chorar. – Elas disseram que eles conversavam muito e que tinha um clima entre eles. Eu que fui burra!

- Julia, eu vou entrar!

- Não!


Mas não havia essa opção.

Então entrei mesmo correndo o risco de algum objeto atingir o meio da minha fuça.

Ela estava com um estojo na mão e se preparava para arremessar, mas desistiu quando viu a minha cara.


- Eu não sei o que você ouviu, mas tenho certeza que é mentira.

- Não é! Eu sei que não é!

- Julia, olha pra mim! – e a segurei pelos ombros. – Há quantos anos você conhece a Bianca? Você acha mesmo que ela faria isso? De verdade?

- Eu...

- Julia!

- Não!! – gritou.


Julia começou a chorar escandalosamente e eu a abracei.

Ela se agarrou a mim e com a cara no meu peito deixou as lágrimas se misturarem a gritos de raiva e tristeza.

Ficamos assim por sei lá quantos minutos, até ela se acalmar o suficiente pra conseguir voltar a falar, ainda com o rosto junto ao meu corpo.


- Eu não quero que ela vá embora, Gabriel...

- Eu sei...

Por trás do toqueOnde histórias criam vida. Descubra agora