Apenas entre nós

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Mais uma vez a sala estava escura, a casa dormia e apenas a luz da televisão incidia sobre Bianca e eu deitados juntos no sofá naquela noite de sexta.

Estava especialmente frio e a coberta pousava sobre nossos corpos enquanto eu encarava seus olhos por trás da lente dos óculos.

Sentia seu corpo junto ao meu num abraço quente e conversávamos aos sussurros sobre as coisas que havíamos deixado passar ao longo da semana por falta de oportunidade.

Estávamos ficando cada vez mais confortáveis e seguros em permanecer daquele jeito, sem tanto medo de que alguém fosse acordar.


- Eu tenho medo. – ela acabou falando quando perguntei o porquê de não contar sobre nós pelo menos pra Julia.

- Medo? Do que? – achei aquilo no mínimo curioso, mas Bibi respirou profundamente e levou todo um tempo para responder. Estava claro que eu não era o único que vinha pensando a respeito daquilo. Sua voz se tornou mais baixa e a expressão em seu rosto se tornou mais pesada quando decidiu falar.

- De se tornar real demais... De doer quando eu for embora...


Isso era algo que eu conseguia compreender perfeitamente já que também vinha enfrentando a mesma contradição desde a noite em que a vi chorar baixinho deitada na minha cama.

Eu sabia que quanto mais eu me aproximasse de Bianca daquele jeito, mais iria doer no final.

Era só questão de tempo até nos despedirmos, mas eu não estava disposto a abandonar aquele relacionamento apenas por causa do medo de sofrer.

A forma que encontrei para lidar com isso foi me forçando a ignorar que Bibi ia partir.

Eu agia como se sua ida para o Japão fosse mentira e justificava todo o resto sob o pretexto de aproveitar o tempo, torcendo bem no fundo para que o acaso mudasse esse destino e ela não precisasse mais ir.

Percebi naquele momento que ela fazia algo parecido. Isso ficou claro em sua resposta.

No entanto para Bianca era melhor fingir que o nosso relacionamento não era real. Ela se permitiria aproveitar daquela ilusão sob o mesmo pretexto que eu, mas não iria admitir pra si mesma ou pra qualquer outra pessoa que estávamos namorando ou coisa do tipo.

Nós já iríamos sofrer como amigos de longa data que tem de se separar, pra que então sofrer também como namorados? Provavelmente essa era a sua lógica.


- Entendi. – falei, preferindo não insistir no assunto. – Por mim tudo bem.


Isso bastava para deixar as coisas mais claras, por mais que não se tornassem mais confortáveis.

Então abandonamos as palavras e gastamos mais tempo usando nossos lábios de outra maneira.

Com beijos que lentamente foram se tornando cada vez mais intensos. Mais cheios de língua e mais provocantes, ficando cada vez mais quentes e colados, ambos suando sob as cobertas conforme a empolgação crescia.

Desistindo de me conter, deixei minha mão deslizar pelas suas costas, pela lateral da sua cintura, do seu quadril e buscar uma abertura por baixo da camiseta do seu pijama.

Senti meus dedos tocando sua barriga e escorregando lentamente para cima em direção aos seus seios, tocando a parte de baixo do sutiã e arrancando de Bibi um suspiro.

Foi quando alguém passou fazendo barulho demais na rua. Uma moto ou um carro, com o ronco do motor quebrando o silêncio da madrugada.

Estávamos tão envolvidos naquilo que acabamos nos assustando e com medo de que alguém tivesse acordado, rapidamente decidimos ir dormir.

Por trás do toqueOnde histórias criam vida. Descubra agora