Ok... Aquilo foi um pouco direto demais.
Tá certo que na outra sessão ela simplesmente havia invadido minha calça com a mão, mas naquela ocasião eu estava debaixo dela e pra lá de empolgado.
A situação era outra.
Agora tudo havia passado e eu retornado a minha forma humilde de virgem de dezesseis anos que ainda no final de semana tinha dado seu primeiro beijo.
Eu meio que travei no lugar e isso deve ter transparecido na minha cara já que o sorriso de dona Fátima se alargou em seu rosto.
- A menos que você queira entrar na banheira de roupa e tudo... – ela falou em tom irônico e movendo um pouco a mão na superfície da água.
- N-Não... – gaguejei.
- Não? – ela arregalou os olhos ainda sorrindo e seu tom de voz lembrou um pouco o jeito com que Erika as vezes falava comigo. – Você não quer entrar? – apoiou o cotovelo na borda da banheira e o rosto na mão. Deixou seus olhos me analisarem ao mesmo tempo em que tocava levemente seus lábios entre abertos e vermelhos com a ponta do dedo mindinho.
- E se chegar alguém? – era uma desculpa, eu sei. Mas também era uma preocupação real.
- Quem?
- Maria...?
- Eu dispensei as empregadas. – explicou, meio entretida e meio entediada. - Dei o dia de folga para elas.
Dona Fátima continuava me encarando com seus lindos olhos verdes e isso não estava facilitando as coisas pra mim.
Eu não sabia o que mais dizer, então foi ela quem continuou.
- Eu ainda quero minha massagem, Gabriel. – disse enquanto se acomodava novamente, se recostando na borda e erguendo um pé acima da água para olha-lo. – Não foi pra isso que você veio?
E mais uma vez me encarou, só que pelo canto dos olhos e inclinando um pouco a cabeça para o lado. Encostou a ponta do dedo indicador no encontro do pescoço com o ombro e o deixou escorregar por entre os seios.
Respirei fundo e avaliei rapidamente minha situação.
Não era como se eu não quisesse entrar ali. Muito pelo contrário. Eu queria e muito.
Mas o lance de tirar a roupa na frente da dona Fátima daquele jeito estava me deixando mais do que simplesmente envergonhado.
Eu estava intimidado.
E não era pouco. Estava intimidado pra caralho!
Aquela mulher transpirava experiência, poder, riqueza, beleza, perfeição...
Era como se diante de mim houvesse uma deusa que combinava perfeitamente com aquela jacuzzi e aquele banheiro de pedras caras.
Então, o que exatamente ela poderia querer comigo?
Além disso, a única vez em que eu havia tirado a roupa na frente de alguém tinha sido naquele tal curso de massagem e ainda assim havia ficado de cueca.
Agora nem isso eu teria.
Então não estarei sendo totalmente honesto se não disser que havia um lado meu que queria ir embora.
Uma parte de mim não queria agir como "era esperado de um homem" e de acordo com tudo o que eu sempre ouvi a esse respeito.
E ainda assim, no entanto, mais uma vez a outra parte venceu.
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Por trás do toque
Non-FictionGabriel é um garoto tímido de dezesseis anos que empurra a vida com a barriga evitando pensar sobre o futuro. Tudo estaria ótimo se não fosse por seus pais decidindo que já é hora dele começar a trabalhar e assim, influenciado por sua melhor amiga N...