Batendo de frente

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Dani acabou me contando tudo o que aconteceu.

Ela foi jantar com os pais numa lanchonete que fica em seu bairro e assim que entrou reconheceu Jonas e uma antiga amiga dela do primário ocupando uma das mesas.


- Eles estavam se beijando, pra dizer o mínimo. – falou, tentando amenizar. – E tinha também dois outros garotos que eu não conheço.

- E como foi que ele te viu?

- Minha amiga me reconheceu quando já estava indo embora e foi me cumprimentar. Ele veio junto, abraçando ela como se fossem um casal.

- Entendi...

- Na hora ele não disse nada, mas deu pra ver a cara de surpresa quando me reconheceu.


Ouvi tudo até o fim e me botei a pensar na coisa toda.

Talvez tudo fosse mais fácil se eu simplesmente pudesse contar para a Natasha. Mas por outro lado, há tanto tempo que não conversávamos que eu já não fazia mais ideia de como estavam as coisas entre nós.

Volta e meia ainda pegava ela olhando na minha direção e em outras ocasiões era eu quem me perdia em pensamentos enquanto a olhava de longe.

A parte boa é que eu já não me sentia mais da mesma forma. Mas não fazia a menor ideia de como ela se sentia a meu respeito. Aliviada talvez?

É claro que ainda gostava dela, mas não a ponto de me derreter ou de sofrer. A essa altura as únicas coisas que me impediam de tentar uma reaproximação eram o medo de uma recaída e também a vergonha de ter me aberto daquele jeito.

Talvez pudéssemos simplesmente voltar a ser bons amigos, mas talvez tudo estivesse melhor pra ela sem que eu estivesse por perto.

De qualquer forma, eu não estava disposto a pagar pra ver.


Olhei então para Dani sentada na carteira na fileira ao lado.

Ela copiava a matéria alternando seu olhar entre a lousa e o caderno.

Talvez fosse impressão minha, mas ela parecia mais aliviada agora que tinha colocado aquilo pra fora.

Fiquei assim por um tempo, olhando para ela e pensando.

Como as pessoas podiam não gostar dela?


- Que foi? – ela perguntou quando me viu olhando daquele jeito.

- Eu já sei o que vou fazer.

- Como assim? – perguntou desconfiada. - O que você vai fazer?


Eu não expliquei.

Não senti vontade de explicar.

Na real eu não queria que ela tentasse me impedir ou me convencer do contrário. Isso por que nem eu mesmo sabia se minha ideia era boa ou não.

Eu não iria quebrar minha promessa, mas não estava disposto a deixar que Jonas ameaçasse Dani e saísse impune.

Então, assim que o sinal do intervalo bateu eu fui para o pátio e esperei.

Aguardei pacientemente até Natasha e Jonas estarem juntos como costumavam fazer, sentados em um dos bancos e aproveitando seus lanches.

Meti as mãos nos bolsos e comecei a caminhar em sua direção.

Dani, sem saber de nada, ainda deu sinais de querer me acompanhar, mas assim que viu para onde eu seguia preferiu ficar exatamente onde estava:


Por trás do toqueOnde histórias criam vida. Descubra agora