O resgate do soldado Gabriel

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"Chamada a cobrar. Para aceita-la, continue na linha após a identificação".


- Alô...?

- Alô. – a voz do outro lado não parecia nada feliz.

- Seu Sergio. Desculpa incomodar a essa hora, ainda mais ligando a cobrar... A Erika esta?

- Gabriel?

- Sim... Desculpa.

- Ela tá dormindo. Eu também estava até você me acordar.

- Desculpa mesmo. De verdade. Mas o senhor poderia acorda-la, por favor? É importante.


Eu estava ligando de um orelhão numa cidadezinha na beira da estrada com ruas escuras e sem asfalto.

As luzes das casas estavam apagadas e eu estava apreensivo, temendo que a qualquer momento pudesse ser encontrado.

Quando me levantei depois de toda aquela correria, percebi duas coisas.

A primeira, bem óbvia por sinal, era que não fazia a menor ideia de onde estava e nem pra onde deveria ir.

Não sei se vocês já tiveram a oportunidade de ficar no meio do mato a noite, sem qualquer fonte de luz.

É escuro demais! Não dá pra enxergar nada!

E isso foi o suficiente pro meu cérebro decidir revisar toda a lista de coisas desagradáveis que poderiam me encontrar ali.

Cobra, aranha, escorpião, onça... E claro, o assassino.

A segunda coisa foi a dor na minha coxa direita.

Coloquei a mão no local e senti algo molhado e de cheiro ferroso. Imaginei que pudesse ser sangue, mas não fazia ideia do que poderia ter acontecido e nem a gravidade do machucado.

E então, diante das circunstâncias, só me restava escolher.

Eu podia continuar ali, esperando até amanhecer pra poder achar um caminho.

Concluí que era improvável que o homem pudesse me encontrar no meio daquela escuridão, mas não havia garantias disso e nem de que eu não fosse sangrar até a morte ou que outra coisa qualquer acabasse me achando primeiro.

Ou eu poderia começar a caminhar naquele exato momento.

Acabei escolhendo a segunda opção, considerando que se o sequestrador ainda estivesse por lá quando o sol viesse, também seria mais fácil de me encontrar.

E também por que, sem saber o que havia de errado com a minha coxa, eu poderia acabar morrendo ou ficando tão mal que depois não conseguiria me mover.

Sai então mancando, seguindo a primeira fonte de luz que consegui ver ao longe.

Logo descobri o quanto tive sorte quando saí correndo daquele jeito. O caminho era irregular, cheio de plantas, buracos, galhos e sabe-se lá mais o que.

Perdi as contas de quantas vezes tropecei e caí.

Depois de algum tempo vi que a luz na verdade era de uma pequena estrada e foi seguindo junto a ela que cheguei naquele lugar.


- Alô?

- Erika. Eu preciso da sua ajuda.

Por trás do toqueOnde histórias criam vida. Descubra agora