E é pra isso que os gatos servem

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Voltando pra casa naquela tarde, pensando em tudo o que havia acabado de ouvir, conclui que não fazia a menor diferença se eu acreditava na história ou não.

Talvez a coisa toda fosse verdade.

Talvez quando Rebeca ficou sabendo decidiu preparar aquela armadilha onde acabei com a arma apontada pra mim.

Por quê? Não sei.

Não conseguia entender o que raios eu tinha a ver com aquilo.

Talvez quisesse expor a mãe através de mim? De qualquer forma, o pensamento mais importante na minha conclusão foi:


"Eu não tenho nada a ver com isso.".


Se dona Fátima tinha ou não feito aquilo, não era da minha conta.

E se pra você parece estranho que depois de tudo eu ainda desse algum crédito para ela, pense que na real eu estava duvidando é da escola.

Eu sabia quão lasciva dona Fátima podia ser entre quatro paredes. O que não a tornava inconsequente ou descuidada.

Mas o colégio é um antro de falsas amizades, fofocas, mentiras, intrigas e absurdos dos mais diversos.

A própria garota que estava passando a história pra frente.

A primeira vez que a vi foi ao lado da Rebeca em sua própria casa.

Se isso é amizade de verdade? Não sei. Mas conhecia o suficiente sobre inveja e ciúmes pra ficar com o pé atrás.

E foi justamente graças a essas coisas de escola que no dia seguinte Dani e eu voltamos a nos falar.


- Vai Gabriel, lança a real pra gente. – Thiago começou. – Comeu ou não comeu?

- Claro que comeu, Thiago. Larga a mão de ser burro. – Tobias replicou.


Os quatro finalmente haviam notado que Dani e eu estávamos afastados e começaram a fazer suas próprias suposições cagadas a respeito.


- Do que vocês estão falando?

- Você e a Dani. – Tobias nem sequer se deu ao trabalho de disfarçar quando apontou e depois começou uma série de gestos obscenos pra ilustrar o que tentava dizer.

- Não.- fui frio e seco, começando a me irritar.

- "Não" meus ovo, Gabriel.

- Comeu nada, Tobias. O Gabriel é mole demais.

- Nem fodendo. Fala logo, mano. – e se aproximou de mim, mudando o volume de sua voz para algo que pretendia se passar por baixo, mas não era. – A mina já deu pra geral. Não tem como tu não ter comido.

- É por isso que vocês não tão se falando? – até o Rafael entrou na onda e por algum motivo isso me irritou ainda mais. Mesmo sabendo que sua motivação não era a mesma dos outros dois.


Eu nem sequer notei quando a minha mão desceu num soco de encontro a carteira.

O barulho foi alto e o professor parou a explicação e olhou na nossa direção fazendo com que eles calassem a boca.

Por trás do toqueOnde histórias criam vida. Descubra agora