Por causa do trabalho eu não tive como acompanhar a Dani até em casa, mas pelo menos pude ir até o ponto e esperar o ônibus com ela, torcendo para que isso fosse o suficiente.
Nós não sabíamos o que Jonas pretendia fazer ou onde ele morava.
Sabíamos que ele havia ficado com a tal amiga de infância da Dani e que as duas moravam relativamente perto. Com isso consideramos que havia pelo menos uma chance deles se encontrarem ali pela região.
Depois que ela embarcou eu segui pra casa e me preparei pra ir trabalhar.
Julia estava sozinha, almoçando vorazmente assistindo aqueles clássicos do SBT.
Também comi, tomei banho, me troquei e parti, mas não há muito que se contar sobre esse dia de atendimento.
Mais uma vez dona Fátima preferiu apenas massagem e mais uma vez eu me senti dividido entre o alívio e a decepção. Pelo menos dessa vez posso dizer que estava muito mais aliviado que decepcionado e até o fim da sessão eu já estava considerando que talvez fosse muito melhor assim.
Talvez pudesse deixar tudo no passado. Esqueceríamos tudo o que aconteceu e eu continuaria ganhando dinheiro sem qualquer tipo de dilema moral ou ético.
Claro que também sem sexo... E não nego que pela primeira vez na vida isso me preocupou.
Eu havia experimentado uma vez e estaria mentindo muito se dissesse que não queria de novo, mas isso era uma questão pra ser lidada em outra ocasião e com outra pessoa.
Ali, naquele momento, fiz o que senti que precisava fazer.
Eu menti.
Disse para Dona Fátima que precisaria viajar com meus pais e dei uma previsão de retorno para depois que Bianca já tivesse ido para o Japão. Ela disse que também precisaria viajar na semana seguinte, o que fez daquela a nossa última sessão antes das férias.
Depois daquele dia só voltaríamos a nos reencontrar depois da metade de Julho.
Posso dizer que isso encerrou a quinta feira. Eu recebi meu pagamento pelo atendimento e voltei pra casa me sentindo deprimido, pensando novamente no fato que meus dias com Bianca estavam contados.
Tive de me obrigar a pensar em outras coisas para sair daquele estado. Eu sabia que aquilo não levaria a nada.
Então a sexta feira chegou e por mais que eu não tivesse ganhado um beijo de bom dia, estava feliz por caminhar ao lado da Bibi e da minha irmã.
Perdi a conta de quantas vezes havíamos feito aquilo ao longo da vida, mas a perspectiva do fim fazia com que até os pequenos momentos da rotina se tornassem importantes demais.
Meu tempo no colégio foi gasto alternando minha atenção entre a Dani, Natasha e também com o Rafael e os outros.
Depois do que havia acontecido eu percebi que não andava sendo muito legal com meus amigos.
Na minha intenção de proteger a Dani acabei me afastando deles, me isolando junto dela e até tratando eles mal como vingança pela forma como eles a tratavam.
Rafael ignorou tudo isso e foi me ajudar mesmo assim.
E mesmo que ele não tivesse dito muita coisa além de "você é um escravoceta do caralho", só isso já era o suficiente pra eu entender o recado. Então acabei me aproximando no espaço entre aulas e do meu modo pedi desculpas.
Claro que eles me zoaram , mas aceitaram de boa e até acabamos conversando bastante depois disso. Acabou sendo mais legal do que eu imaginava.
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Por trás do toque
Non-FictionGabriel é um garoto tímido de dezesseis anos que empurra a vida com a barriga evitando pensar sobre o futuro. Tudo estaria ótimo se não fosse por seus pais decidindo que já é hora dele começar a trabalhar e assim, influenciado por sua melhor amiga N...