Duplo twister carpado de emoções

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Da minha parte não havia nada a ser feito a não ser concordar.

Dona Hideko disse que Bianca já sabia e que provavelmente estava contando tudo para Julia naquele exato momento na casa delas.

Imaginei imediatamente que Bibi talvez fosse precisar de ajuda já que minha irmã costumava disfarçar a tristeza com irritação e raiva.

Não seria nada bom se as duas acabassem brigando.

Então me despedi e segui para a casa de Bianca, ligeiramente deprimido e recordando muita coisa.

Toquei a campainha no exato momento em que vi Julia saindo pela porta da frente.

Ela não parecia triste, nem irritada, nem querendo destruir o mundo como um Godzilla enfurecido e considerei que só poderia haver um motivo para isso.

Bianca apareceu logo em seguida, ficando para trás enquanto trancava a porta.


- Tá fazendo o que aqui, Gael? – Julia me perguntou assim que saiu pelo portão.

- Eu... – olhei para Bianca e a vi erguer os ombros e levantar as mãos para cima. Isso só reforçou minha suposição de que ela ainda não havia contado. – Eu... Vim chamar vocês pra irem comigo na locadora.

- Locadora? Alugar um filme?

- Vocês estão convidadas para uma sessão especial de filmes, pipoca e sorvete essa noite lá em casa. – emendei, criando um plano de última hora. – Tudo por minha conta.

- Oooooooi, Gael! Eu ouvi sorvete? – Bianca se aproximou sorrindo.

- Sim. Do sabor que você quiser. A menos que vocês já tenham algum plano.

- Pode ser de terror? – Julia adorava esse tipo de filme.

- Pode ser do que vocês quiserem.


Minha irmã já estava sorrindo e prestes a topar quando de repente uma expressão desconfiada brotou em seu rosto.


- E você que vai pagar tudo é? – até seu tom de voz mudou.

- Vou sim, por quê?

- Muito esquisito. – ela me olhou de cima a baixo. – Aposto que levou um fora da garota que você gosta, tá deprimido e tá querendo nossa companhia pra não ficar chorando sozinho no travesseiro.

- Que?! – aquilo realmente me pegou de surpresa. – De onde você tirou isso, Julia?

- Pobre irmão... – ela fechou os olhos e colocou uma mão sobre meu ombro, mudando o tom de voz e a expressão no rosto para um ar de condescendência. Bianca observava a tudo como a um espetáculo do qual já sabia o final. – Não se preocupe. Seu dia vai chegar... Um dia você vai encontrar uma garota cega e ela vai te amar muito.

- Cega? – perguntei sem entender de imediato. – Por que cega?


Mas Julia já estava caminhando rumo a locadora e se afastando da gente.

Bianca apenas olhou pra mim e sorriu.


- Tomou mesmo um fora e está deprimido é, Gael? – perguntou segurando o riso.

- Pode apostar que estou deprimido. – me virei pra ela e a olhei nos olhos. – E também pode apostar que eu preferia um fora.

- Vou deixar vocês aí se ficarem enrolando! – Julia falou lá da frente quando percebeu que não a estávamos acompanhando.

Por trás do toqueOnde histórias criam vida. Descubra agora