E então a Julia simplesmente apagou.
Sem me responder nem nada. Deu apenas uma ultima risadinha e... Poft!
Tão apagadinha que chegou a roncar!
E claro que começamos a rir. Especialmente Bibi que no meio da risada, ainda sentada no chão, foi tentar apoiar as costas no sofá e errou o alvo caindo pra trás com as pernas pra cima.
Ela riu como há muito tempo eu não a via rir.
Até sua barriga doer, sair lágrima de seus olhos e lhe faltar o ar.
Riu tanto que eu mesmo já não ria de outra coisa senão da própria risada dela.
E assim, olhando um nos olhos do outro, de repente paramos.
Seus olhos brilhavam por trás dos óculos e seu rosto estava vermelho, em partes pela bebida e em partes de tanta risada. Ela estendeu a mão para mim e entrelaçamos nossos dedos.
Eu, ainda sentado, me aproximei e me curvei devagar, beijando seus lábios lentamente.
- Hmm, morango... – falei baixinho. – E algo mais...
- Cachaça? – perguntou animada. – Cebola? Haha.
- Mel...
- Mel?! – ela arregalou os olhos. - Mas eu não comi nada com mel...
- Hmm... Ué... Que estranho! Deixa eu provar de novo. – E a beijei outra vez bem rápido e depois lambi meus próprios lábios. – É, tenho certeza!
- Como assim, Gabriel?
- Vai ver é o mel natural dos seus lábios.
- Aaaaah! Que bestaaaa! – mas ela corou mesmo assim.
Deitei ao seu lado no chão e por alguns bons minutos não fizemos outra coisa senão nos beijarmos aos sons do ronco da Julia.
Isso até um ronco especialmente alto nos fazer cair no riso novamente no meio do beijo.
- To com um pouco de frio. – Bibi falou então.
- Quer que eu pegue as cobertas no quarto?
Mas Bianca não respondeu de imediato, apenas continuou ali parada, me encarando no fundo dos olhos enquanto apertava os lábios como costumava fazer quando sentia vergonha.
- Que? – perguntei baixinho. Mesmo sabendo que Julia não conseguiria ouvir, aquele sempre foi o protocolo para ocasiões como essa.
- E se a gente for até as cobertas? – sussurrou bem baixinho e com o rosto completamente vermelho.
- Hmmm... Não é má ideia. – e ela acenou um sim com a cabeça. – Digo... Pra economizar energia, não é mesmo? Ao invés de ir, pegar e voltar...
- Isso... – e sorriu ainda acenando que sim, menos vermelha do que a pouco. – Só pra economizar energia.
- Entendi. Tá bom. – Levantei e estendi a mão para ajuda-la a fazer o mesmo. Então abri os braços e fiz sinal para que ela pulasse. – Eu vou te ajudar a economizar energia.
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Por trás do toque
Non-FictionGabriel é um garoto tímido de dezesseis anos que empurra a vida com a barriga evitando pensar sobre o futuro. Tudo estaria ótimo se não fosse por seus pais decidindo que já é hora dele começar a trabalhar e assim, influenciado por sua melhor amiga N...