E pelas próximas três semanas Dani e eu ficamos sem nos falar.
Pequenas coisas importantes aconteceram nesse meio tempo.
Minha mãe finalmente decidiu sair do quarto e voltar a trabalhar, mas ainda não se sentia disposta a realizar as tarefas domésticas.
Eu fazia o que podia, mas logo a roupa suja, a louça e a sujeira pela casa começaram a acumular. Teve dias em que faltou comida em alguma refeição já que ninguém tinha feito mercado e bem... O dialogo com minha mãe era praticamente inexistente.
Julia também não parecia motivada a colaborar. Sua fase tranquila havia desaparecido tão rápido quanto havia surgido e de repente ela estava mais rebelde do que nunca.
Minhas tentativas de conversar se transformaram em oportunidades para que ela liberasse sua raiva tanto em gestos quanto palavras e desisti de falar ou pedir qualquer coisa quando pela terceira vez numa mesma ocasião precisei me esforçar para manter a calma.
Então apenas passei a engolir a coisa toda conforme o necessário.
Meu pai foi nos visitar num sábado e aproveitou para pegar mais algumas coisas pra levar embora.
Claro que essa também foi uma ocasião infeliz, já que minha mãe e ele começaram a brigar novamente e mais uma vez ela se trancou no quarto durante todo o domingo.
Naquele momento pensei em chamar a Julia para ir comigo. Não via necessidade de ela aturar aquilo tudo, mas ela me mandou não encher e bateu a porta do quarto na minha cara antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.
A música talvez ainda fosse à única coisa que parecia fazer algum sentido pra mim e enquanto estava com o Cris, Diana e Erika, buscava tirar tudo da minha cabeça e fingir que nada estava acontecendo.
Mas não que isso fosse o suficiente...
- O que é que você tem, ein? – Erika perguntou naquela ocasião quando voltávamos de metro. – Cadê o Gabriel?
Me peguei paralisado, olhando para seus olhos sem conseguir falar nada.
- Nada...
- Nada nunca é nada, Gabriel.
Eu sorri e desviei o olhar. Ela tinha razão.
- Tá... Na real tem muita coisa acontecendo.
- Começa.
- Não! – minha voz talvez tenha saído um pouco mais alto do que eu gostaria, percebi isso pela reação das outras pessoas no vagão. Então voltei a olhar pra ela e me controlei pra falar mais baixo. – Melhor não.
- Tá bom...
Percebi que Erika ficou um pouco constrangida, coisa com a qual eu definitivamente não estava acostumado já que no geral era o contrário.
Então me apressei em tentar explicar.
- Não é que eu não queira falar ou que não confie em você.
- Ahn? – e me deu um olhar que misturava duvida e pouco caso.
- Você...
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Por trás do toque
No FicciónGabriel é um garoto tímido de dezesseis anos que empurra a vida com a barriga evitando pensar sobre o futuro. Tudo estaria ótimo se não fosse por seus pais decidindo que já é hora dele começar a trabalhar e assim, influenciado por sua melhor amiga N...