Confesso que desconfiei quando ela me chamou para ir pra casa dela.
Eu simplesmente não fazia ideia se seria ou não uma boa ideia.
Pra mim Érika era imprevisível. Uma caixinha de Pandora cheia de mistérios.
Ela era louca e vivia arrumando maneiras de me fazer passar vergonha, mesmo que com piadas velhas.
E então do nada me apresentava algo novo e divertido.
Nós nos divertíamos juntos por que gostávamos de coisas parecidas, mas raramente ela me antecipava alguma informação a respeito do que tinha em mente. Tudo era sempre surpresa, como a história da banda ainda há pouco.
Então cada surpresa acabava sendo sempre uma aposta.
E dessa vez ela me convenceu a apostar da seguinte maneira:
- Até a sua casa? – perguntei desconfiado. – Fazer o que?
- Jogar vídeo game. – e me espiou com o canto do olho enquanto sorria de forma provocante. – A menos que você não quei...
- Mulher! – a interrompi na hora. – Não diga mais nada. Apenas mostre o caminho! – e ela riu.
Viu que fácil?
Percorremos o trajeto de metro até a estação Tatuapé e de lá seguimos andando.
Eu fiquei indignado.
Na minha concepção ela morava muito perto do metro, como conseguia se atrasar toda santa vez que marcávamos de nos encontrar ali?
Uma vez em frente a sua casa Érika pegou sua bolsa, tirou a chave e abriu o portão e depois a porta.
- Vem, pode entrar. – disse assim que atravessou.
- Com licença.
A sala era grande, com tapete, dois sofás, uma estante, televisão, vídeo cassete, aparelho de som, quadros nas paredes, cortinas nas janelas e uma escada que levava para o andar de cima.
- Fica a vontade. – falou enquanto fechava a porta atrás de mim. – Pode colocar seu violão em qualquer lugar.
Enquanto eu apoiava o instrumento em uma das paredes Érika foi ate a estante, ligou a televisão e abriu um par de portinhas que ficava abaixo dela.
Ali havia um Mega Drive e alguns cartuchos de jogos.
Meus olhos brilharam enquanto ela desenrolava dois controles.
- No que você quer apanhar primeiro? – perguntou enquanto me olhava sorrindo.
Posso dizer que qualquer sinal de insegurança desapareceu da minha mente naquele instante.
Jogamos Sonic, Tartarugas Ninja, Toejam Earl, Golden Axe e outros que hoje em dia não passam de clássicos.
Nós competimos e cooperamos em cada jogo, rindo e conversando enquanto apertávamos freneticamente os botões dos controles.
Depois de algum tempo acabamos fazendo uma pausa para comer alguma coisa.
Érika me chamou pra cozinha e fizemos uma de suas receitas favoritas. Biscoitos cream cracker levados ao forno, cobertos com queijo mussarela, pedacinhos de tomate e azeitona e temperados com orégano.
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Por trás do toque
Документальная прозаGabriel é um garoto tímido de dezesseis anos que empurra a vida com a barriga evitando pensar sobre o futuro. Tudo estaria ótimo se não fosse por seus pais decidindo que já é hora dele começar a trabalhar e assim, influenciado por sua melhor amiga N...