1975

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E no dia seguinte...

Bem... Não posso dizer que, como das outras vezes, voltamos a nos comportar como se nada tivesse acontecido. Estava na cara que alguma coisa tinha mudado.

Tanto Bibi quanto minha irmã pareciam mais alegres que no dia anterior. Estavam mais animadas e rindo, o que eu achei fantástico. Mas, além disso, volta e meia eu notava Bianca me observando de um jeito diferente e então desviando o olhar parecendo envergonhada.

É claro que eu também não devia estar olhando pra ela da mesma forma, só não percebia isso. Eu queria poder voltar a beijá-la, mas sentia como se o que havia rolado entre a gente tivesse se tornado um segredo só nosso.

E eu sempre fui bom em guardar segredos.

Então acabei me conformando de que qualquer coisa que envolvesse esclarecer nossa situação teria que esperar uma oportunidade mais propícia e simplesmente aproveitei o dia junto dela.

Vocês também devem lembrar que eu não havia falado para meus pais que um dos dois precisaria comparecer na segunda feira no colégio pra conversar com a diretora.

Confesso que deixar para última hora não foi a melhor decisão.

Trouxe de volta à luz do momento toda a questão da briga e tive de ouvir um sermão extra da minha mãe antes dela dizer que depois ligaria na escola. Ela não estava disposta a faltar no trabalho por causa disso e meu pai nem sequer deu bola pro assunto.

Já da minha parte o que digo é que até hoje não entendo como ser suspenso pode ser considerado castigo.

A escola era um inferno.

Imagine então você aprontar alguma coisa e ganhar três dias de folga em casa.

Quase senti vontade de arranjar uma briga por semana quando a segunda feira chegou e não tive de acordar cedo.

Rolei confortável sobre a cama ouvindo o silêncio da minha casa.

Levantei com calma, tomei banho, troquei de roupa, preparei um achocolatado com toda a tranquilidade do mundo e então peguei a lista que Bibi havia deixado. Comecei a planejar um cronograma.

Naquele mesmo dia talvez conseguisse levar as duas até a sorveteria e ainda na quarta daquela mesma semana poderíamos ir ao cinema.

Lendo tudo o que estava escrito ficava fácil de diferenciar o que Bianca havia colocado por vontade própria e o que Julia a convenceu a adicionar.

Um exemplo era o item "fazer maratona de filmes de terror".


- Tadinha... – falei em voz alta pra mim mesmo quando li isso.


Dei especial atenção as coisas que dependiam inteiramente de mim e concluí que a massagem talvez fosse fácil de resolver já que eu poderia aplicar o shiatsu. Tudo o que iria precisar era de um colchonete.

Mas o que realmente me preocupava era a parte de me ver tocando com a banda.

E você pode até estar pensando que isso era por causa do quase beijo na casa da Érika no sábado, mas a real é que eu não conseguia sequer vislumbrar o nível de constrangimentos e vergonhas aos quais eu seria submetido só de permitir a presença daquela doida junto da maluca da minha irmã.

Vocês fazem ideia que só por causa daquela única ligação da Érika, ainda no sábado antes de dormir, meu pai veio e me cutucou com o cotovelo? Assim que olhei ele levantou os dois polegares, fez um gesto obsceno com as mãos e uma cara pervertida como quem pergunta "E aí, filhão? Transou muito?".

Por trás do toqueOnde histórias criam vida. Descubra agora