Eu adoraria dizer que quando voltei para perto de Dani me senti o herói fodão, mas a real é que encostei na parede e respirei fundo tentando parecer o menos abalado possível.
Convenhamos que eu nunca fui o macho alpha da matilha e muito menos o cara que sabe se posicionar de forma agressiva. Resolver as coisas na violência ou pela simples ameaça nunca foi minha praia.
Alias muito pelo contrário, durante todo o primário e até alguns anos do ginásio era eu o cara que sofria bullying e talvez justamente por isso que a situação da Dani me incomodava tanto.
Aquilo me irritava.
Foi justamente isso que me moveu naquele dia.
A mais pura raiva somada ao rancor que vinha fermentando na minha alma por dias a fio desde aquela "conversa" em que Jonas falou as besteiras sobre Nat me ver como coitado.
Toda essa emoção se acumulando a conta gotas no meu sangue, gerida apenas pela minha própria especialidade, algo fundamental para a sobrevivência no colégio...
Autocontrole.
Se você também foi aluno de colégio público, ainda mais se frequentou a escola na mesma época que eu, talvez tenha passado por situações parecidas que te farão recordar que quem perdia a calma virava o alvo da zoeira.
Ninguém ligava para quem estava certo ou errado. O que o povo queria era o circo de ver alguém ficando irritado.
E quanto mais irritado você ficava, maior era a provocação.
Não era um jogo onde se podia ganhar. No máximo você apenas evitar perder.
Eu aprendi isso do pior jeito, mas pelo menos aprendi bem.
Ainda assim, minha ideia não foi mais do que uma aposta.
Uma aposta realizada em cima de um grande blefe feito com gosto.
Provavelmente as coisas não teriam saído do mesmo jeito se Jonas tivesse se posicionado de forma mais agressiva e perguntasse o que eu ia fazer se ele não deixasse a Dani em paz.
Mas felizmente não foi o que aconteceu.
- O que você fez, Gabi? Você prometeu que não ia contar. – Dani falou assim que me aproximei.
- E eu não contei. – respondi depois de suspirar.
- Então por que eles não estão parecendo muito felizes?
- Eu disse para o Jonas que se ele chegasse perto de você novamente as coisas entre ele e eu ficariam estranhas.
Primeiro Dani ficou quieta me encarando e pela primeira vez me perguntei se aquilo não iria acabar piorando as tudo pra ela. Mas então ela sorriu e voltou a falar.
- Sério? – ela perguntou de um jeito meio bobo.
- É, ué. – respondi levantando os ombros. – A Nat não é burra, ela vai pelo menos desconfiar que tem algo errado. E o Jonas vai pensar duas vezes antes de chegar perto de você de novo.
- É... Acho que sim. – ela ainda estava sorrindo. – Você tem essa cara de besta, mas até que é inteligente senhor Gabriel Moulin.
- Ora, muito obrigado... Eu acho.
Foi um problema a menos, agora só restava saber como fazer a Nat descobrir sobre a traição do Jonas sem contar diretamente para ela.
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Por trás do toque
No FicciónGabriel é um garoto tímido de dezesseis anos que empurra a vida com a barriga evitando pensar sobre o futuro. Tudo estaria ótimo se não fosse por seus pais decidindo que já é hora dele começar a trabalhar e assim, influenciado por sua melhor amiga N...