E chegamos ao pior capítulo...
Aquele repleto de coisas desagradáveis de lembrar e que no final ninguém acredita.
Sabe, fico curioso pra saber o que você faria na minha situação.
Já tinha algum tempo que meus atendimentos à dona Fátima não eram mais sobre o dinheiro.
Ele se acumulava dentro da "caixa secreta" no meu guarda roupas por que eu simplesmente não tinha com o que gastar.
Eu não sentia vontade de nada. Não me interessava por nada. Não ligava pra nada.
Nem sequer sabia mais quanto havia lá dentro. Apenas chegava, guardava o dinheiro e esquecia de sua existência. Me importava tanto que não me dava nem mesmo ao trabalho de contar.
E como meus pais não discutiam mais na nossa frente, também não havia mais a necessidade de gastar tirando Julia de casa.
Então, quando finalmente parei pra pensar, ficou bem claro que eu só continuava a atender dona Fátima pelo sexo e principalmente por não saber o que mais fazer da minha vida.
Mas e agora, com essas novas informações em mãos, o que eu deveria fazer?
Minha cabeça estava tomada de pensamentos.
Pra começar... Qual era o meu papel naquilo tudo?
Meu pai havia traído minha mãe, engravidado outra mulher e como consequência nossa família estava sofrendo. Eis então que descubro que dona Fátima estava traindo seu marido comigo.
E se ela acabasse engravidando?
O que aconteceria com a Rebeca? Ela definitivamente já não parecia ter a cabeça no lugar. Por que será?
Lembrei então da história do namorado dela com a dona Fátima e me perguntei se seria verdade que eles haviam transado?
E se fosse, eu deveria saber?
Faria diferença?
Então o despertador tocou. Era terça feira.
Tinha acabado de passar a noite em claro, atormentado pela convulsão de pensamentos na tentativa de decidir o que fazer aquela tarde.
E como resultado, tudo o que consegui foi ficar mais cansado e ainda sem resposta.
- Que merda... – falei pra mim mesmo ao me encarar no espelho do banheiro antes de sair de casa.
Fui pra escola como um zumbi e pra todos os efeitos digo que tudo o que consegui fazer na escola foi apenas existir, interagindo o mínimo possível com Dani, Nat e os quatro babacas do apocalipse. Então a ultima aula acabou, voltei pra casa e quando deu a hora de sair eu já estava pronto.
Sim, acabei escolhendo ir.
Não por que eu havia chegado a uma resposta, mas justamente por não ter encontrado uma.
Concluí que se não conseguia ter certeza do que devia fazer, então não fazia diferença continuar com o que já vinha fazendo.
Idiota?
Até hoje eu não sei.
Fez sentido na época e confesso que mesmo hoje em dia ainda opero dentro desse modo de pensar pra muita coisa.
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Por trás do toque
Non-FictionGabriel é um garoto tímido de dezesseis anos que empurra a vida com a barriga evitando pensar sobre o futuro. Tudo estaria ótimo se não fosse por seus pais decidindo que já é hora dele começar a trabalhar e assim, influenciado por sua melhor amiga N...