- Que foi? – perguntei quando não aguentei mais.
Depois de tudo, nos afastamos e voltamos a nos vestir no mais completo silêncio.
Tinha medo do que poderia estar passando na cabeça da Dani e estava quase arrependido. Eu gostava dela a ponto de não querer magoa-la, mas não o suficiente pra namorar e o fato dela não parar de me olhar enquanto estávamos ali, sentados na cama, me deixou preocupado.
- Nada não. – respondeu sorrindo.
- Fala logo.
- É que... – e fez uma pausa que só aumentou minha ansiedade. – Eu achei que você era virgem.
- Que?!
Dani riu, quebrando a tensão e fazendo com que até mesmo eu relaxasse.
Ela explicou que eu não tinha cara e nem jeito de quem já tinha feito sexo antes e me dei muito por satisfeito de saber que pelo menos ela não estava planejando um casamento, casa, dois filhos e um cachorro.
- E por que você acha que eu já fiz antes?
- Por que... – e fiz uma cara de desconfiado quando percebi os sinais de que ela estava prestes a inventar alguma coisa. Mas então ela pareceu pensar melhor e falou a verdade. – Por que também não é a minha primeira vez.
- Isso eu meio que já sabia.
- Por que? – e então pareceu mais séria e triste antes de continuar. – Por causa das coisas que dizem na escola?
- Por que outro motivo você teria isso no seu quarto? – E apontei pra camisinha escondida numa bola de papel de caderno no cesto de lixo.
- Eu podia estar guardando pra minha primeira vez.
- Sei... Se isso fosse uma mentira, acho que nem você acreditaria nela. Quantos?
- O que? – mas ao ver o meu olhar ela soube exatamente do que eu tava falando. – Ah... Você quer mesmo saber?
Me perguntei qual seria a relevância daquela informação na minha vida, mas apenas por curiosidade acenei que sim.
- Quatro...
- Contando comigo?
- Então cinco. – e sorriu enquanto deitava no colchão. – E você?
- Três...
- TRÊS?!
- Que?
- Contando comigo?!
- Sim! Mas que reação foi essa.
- Sou a terceira?
- Se for pra por em lista, sim!
- Quantas vezes você já fez?
- Que? Como assim?!
- Com cada uma! Ao todo! Quantas vezes?
- Eu sei lá... – e comecei a tentar contar mentalmente. Até onde eu conseguia lembrar não havia sido tantas vezes assim, mas eu não tinha o número com exatidão. – Oito...? Dez...? Doze...?
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Por trás do toque
NonfiksiGabriel é um garoto tímido de dezesseis anos que empurra a vida com a barriga evitando pensar sobre o futuro. Tudo estaria ótimo se não fosse por seus pais decidindo que já é hora dele começar a trabalhar e assim, influenciado por sua melhor amiga N...