Todo homem só se apaixona uma vez

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Nada mais aconteceu aquela noite.

Não por falta de vontade, mas por excesso de juízo.

Julia se mexeu novamente na cama ao lado enquanto nos beijávamos abraçados sob as cobertas e tivemos medo que ela pudesse acordar.

Então decidimos não abusar da sorte e mesmo hoje em dia posso dizer com segurança que aquela foi de longe uma das decisões mais difíceis que já tive de tomar.

Eu estava exatamente onde queria estar. Onde eu sentia que devia estar.

Ali, sentindo o calor do corpo nu de Bianca junto ao meu. Pra mim o mundo podia simplesmente acabar e cheguei a torcer por isso!

Quietinhos, duelando entre o que sabíamos que precisávamos fazer e o que queríamos, sentia o perfume dos seus cabelos enquanto ela apoiava sua cabeça junto ao meu peito.

Percebo enquanto escrevo que foi ali, naquele momento que eu soube que estava completamente ferrado.

Para todas as garotas que por ventura vierem a ler essa minha história, vou contar algo que certa vez ouvi e que até aquele momento eu não acreditava ser possível.


"Todo homem só se apaixona uma única vez."


Sei que estou generalizando e até torço para que não seja assim com todo mundo...

Mas não fique surpresa se você ver acontecer bem na sua frente.


Nada! Simplesmente nada chegou aos pés do que senti naquele momento.

Era como se eu segurasse meu próprio coração entre meus braços.

Minha alma, minha vida... A razão de existir...

Como se, sem querer, Bianca tivesse roubado com seu olhar, seus beijos e seu jeito, toda a felicidade que havia em mim e a única forma de ser feliz de novo fosse ao lado dela.

Nunca até então havia sentido algo tão intenso. E nunca mais voltei a sentir.


E ainda assim, depois de sussurros preocupados, me levantei, me vesti, fui ao banheiro e depois para a cozinha onde arrumei tudo, me livrando das evidencias de álcool e da bagunça para que meus pais não encontrassem nada ao chegar.

Nesse meio tempo Bianca se levantou apenas para por o pijama e voltou para a cama onde adormeceu como um anjo.

Eu queria dormir ao seu lado, mas fui para a sala me contentando apenas em lhe dar mais um beijo de boa noite.

No dia seguinte acordei com o som da porta se abrindo lá pelas oito da manhã ou pouco antes disso e fiquei feliz de ter me antecipado. O carro havia sido arrumado e todos estavam de volta em casa...


"Yeeey... Que alegria...". – pensei comigo sem um pingo de empolgação.


Tomamos café as nove.

Julia parecia a versão zumbi de um Pinscher saída diretamente do inferno.

Descabelada e dez vezes mais mal humorada que de costume, sentou junto a mesa e apoiou a testa nas mãos.


Por trás do toqueOnde histórias criam vida. Descubra agora