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Luana...

Olhei para mim própria no espelho do retrovisor do carro, estou abatida e com os olhos cansados, não consegui descansar nem um pouquinho, pq toda hora que eu fechava os olhos eu via a imagem do meu pai, o que me assustava muito então eu não consegui pregar os olhos.

Bruna pegou um dos carros do Gv e agora está dirigindo para o hospital, que na verdade é mais uma base de postinho, eu falo hospital pq estou acostumada com o hospital lá da pista.

Eu não tive nem tempo direito de aproveitar a presença do meu pai, no máximo a gente se via de manhã, na hora do almoço e quando era pra dormir, ele sempre dizia boa noite grandona.

Foi um apelido que ele me deu, pois ele dizia que eu não era mais sua pequena e sim grandona pq eu cresci bastante, céus como eu já sinto falta dele.

Bruna: não fica assim amiga, pode fazer mal para o bebê - amassei os nós de meus dedos no meu rosto me consumindo de desespero por dentro.

Bruna foi o caminho todo cantarolando uma música para mim, como ele fez no dia que minha mãe morreu, me ajuda com a ansiedade.

Na porta do postinho eu avistei o Gv, estava sem as roupas de paciente, agora vestia uma bermuda jeans escura, uma regata branca, boné tênis e suas correntes.

Gv: quem deu permissão pra tu pegar meu carro - ele pergunta com a voz grossa, encarando Bruna serinho.

- eu dei permissão, algum problema? - encaro ele.

Gv: pra tu eu não falo nada minha ruivinha - pressiono meus lábios um no outro, ele se aproxima e coloca meu cabelo atrás da orelha mexendo no meu brinco. - tu descansou um pouquinho?

- não consegui, tava impossível dormir - me aproximo abraçando ele deitando minha cabeça no seu peito.

Gv: vamos esperar os moleque trazerem o corpo Jaé? Daqui a gente parte pro cemitério - prendo a respiração por um estante, depois solto respirando fundo.

- tudo bem. - me afasto dele sorrindo fraco.

Eu me afasto mas fico segurando sua mão, não leva nem dez minutos e os meninos vem lá de dentro do postinho carregando um caixão, eu até estranho pq sei lá, como ele conseguiu tudo isso em tão pouca hora?

- como conseguiu o caixão? - eu pergunto observando os meninos passar por mim com o caixão branco já lacrado.

Gv: pô a gente tem uns aqui de reserva, quando morre algum moleque do corre que é gente boa a gente faz a boa e da tudo arrumadinho pra família só fazer o enterro e pá.

- entendi - os meninos coloca o caixão dentro do carro preto na parte de trás, ele fecham a porta e sai andando, somente algums permanece.

Gv: 007 eu quero contenção máxima aqui pô, fica atento qualquer b.o tu da o papo que a gente mete o pé Jaé?

Ele fala pela frequência do rádio, 007 da a resposta em seguida eu não presto muita atenção nisso, só no perigo que Gv vai está correndo novamente por minha causa.

- Gustavo você não precisa ir, não é parente seu, tá tranquilo tu pode ficar - eu sugiro por medo de acontecer alguma coisa com ele.

Gv: fica tranquila gatinha, é papo de um pé lá outro cá.

- eu sei mas mesmo assim é arriscado só tem poucas horas que tu saiu de uma invasão e já quer bota a cara assim.

Gv: confia em mim Lua, vai dá certo - não discuto mais, conhecendo ele eu sei que ele não vai deixar eu sair do morro sozinha, e pensando por um lado é melhor ele em perigo junto comigo do que ele em segurança longe de mim.

Ele me acalma, me tras uma sensação de segurança.

Gv ajeita o rolex no pulso e me puxa com ele até seu carro.

Bruna vai na parte de trás, e eu vou na frente com Gustavo.

Gv entra mas não liga o carro.

- quem a gente tá esperando?

Gv: A Luiza e o Marcelo desenrolar, porra - ele bate no volante estressado.

Deito minha cabeça no vidro do carro pra esperar.

Luiza: desculpa a demora eu tava vomitando.

Marcelo: pop eles da sua nojeira, sua porca. - ele bate a porta do carro.

Luiza: me respeita que eu sou sua tia, e chega pra lá.

Marcelo: chega pra lá uma porra, já tô apertado aqui fia, tá ruim pá tu vai no porta-mala. - viro pra trás e encaro os dois brigando.

Marcelo tava só de bermuda e chinelo, porém com o cabelo molhado e cheirando a sabonete.

- oi, pq demoraram realmente?

Luiza: essa peste desse moleque não decidia logo se vinha ou não.

Marcelo: tava fazendo a oração primeiro fia.

- oração pra que bê?

Marcelo: para nada ué - ele fala dando de ombros.

Luiza: ele tem medo de cemitério, acha que algum defunto vai levantar e puxar ele pra cova.

Sorrio descontraída, olho para Marcelo e ele está sério.

- não fica com medo bê, só segurar a minha mão tá?

Marcelo: Jaé pô, mas eu tenho medo não, sou sujeito homem.

Ele tenta garantir isso, mas eu vejo nele que tá morrendo de medo, ele não devia ter vergonha de sentir medo, mas esse comportamento de querer se mostrar o machão eu bem sei de quem ele puxou, não tem como negar que é filho dele.

...

Quando a gente chega no cemitério o coveiro já estava lá com a buraco aberto, as únicas pessoas que vieram foi eu, Luiza, Bruna, Marcelo, Gv Ingrid mas o Luan e os seguranças do Gv.

- não tem como abrir o caixão? Só para eu colocar essa rosa. - encaro o coveiro e ele nega.

Gv: já tá lacrado ruivinha, já veio assim lá do morro.

- mas pq eu queria ver ele antes de descer ele no buraco.

Falo um pouco triste.

Gv: sinto muito lua, mas não vai ter jeito.

Solto o ar que estava segurando, enxugo a única lágrima que deixei cair e me ajoelho para colocar a rosa sobre o caixão.

Ingrid chorava descontroladamente com o filho nos braços.

Marcelo segura a minha mão e eu só viro o rosto para encarar ele é sorrir fraco.

Ingrid: eu te amo Otávio - ele fala com as lágrimas descendo e depois disso enche a mão de terra e joga sobre o caixão.

A gente se afasta e o povo desce o caixão para dentro do buraco, aí eles cobre com a terra.

Como eu quis foi feito, meus pais foram enterrados um ao lado do outro, mamãe o amava muito e tenho certeza que está feliz pela minha atitude.

Ingrid não teve nenhuma objeção, ela topou que meu pai fosse enterrado ao lado de minha mãe, isso mostra o quanto Ingrid é gente boa.

Eu fico ali só mais um pouquinho e depois volto para o morro com Gv, Luiza, Marcelo e Bruna.

Ingrid decidiu ficar no apartamento da amiga dela até ela decidir se ficará aqui no rio ou irá embora para a cidade dos pais dela.

Eu só quero a felicidade dela, mas ficarei muito triste de vê-la indo embora e levando meu único irmãozinho, a única pessoa que lembra meu pai.

Não esqueçam de votar s2.

Estamos na reta final.

🔫~P R E S A  A  U M  T R A F I C A N T E~🔫 ( Em Revisão )Onde histórias criam vida. Descubra agora