Titio.

300 27 1
                                        

    No dia seguinte

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.



    No dia seguinte.

— Mentira que esse sapato não dá mais nele!? — falei surpresa, segurando o pé do Bento, enquanto Gabriel tentava forçar o calçado apertado.

Ele, paciente, empurrou o pé do nosso filho para dentro do sapato e logo ficou claro: os dedos estavam todos dobrados, espremidos como se não coubessem.

— Dá sim! — insistiu ele, e eu ri.

— Dá mesmo não! — ele desistiu e riu junto.

Me sentei na cama, observando aquela lapa de pé apertada.

— Ainda bem que eu percebi que não dá — falei.

— Mas não tem outro? — perguntei.

— Vou aproveitar que vou no shopping e comprar — respondeu Gabriel, com a voz calma que eu adoro ouvir.

Olhei para o pé do Bento, curioso, e não resisti: cheirei.

— Vai ser pezudo que nem seu pai? — brinquei.
— Hum... que pé azedo é esse — fiz careta.
— Nossa, que horror — gargalhei.

Gabriel riu e confessou, meio sem jeito:

— Tá que nem seu pé quando a gente começou a ficar — riu mais alto.
— Para de mentir, eu nunca tive chulé — neguei com o dedo em riste.
— Olha que o meu pé transpira bastante — ele rebateu.

Sem pensar, Gabriel pegou meu pé para cheirar, curioso. Quando olhei, ele tinha a meia encharcada de suor. Eu não precisava nem cheirar o pé dele para saber que estava podre.

— Que horror, Gabriel! — falei rindo, e ele riu também. — Se o pé tá assim, imagina a bunda — ele disse e se levantou, já querendo se justificar.

— Minha bunda tá limpa, tomei banho antes de ir correr — garantiu, sorrindo maroto.

— Depois eu ainda vou ter que lavar essa meia encardida — reclamei, prendendo o cabelo. — Dupla pé azedo, tal pai, tal filho — falei, e ele se aproximou, apertando meu peito. Dei um tapa nele.

— Fala pro seu pai que meus peitchos são seus — brinquei, pegando o Bento no colo e colando nossos rostos. — Vontade de te esmagar, garoto! — falei entre dentes e dei um beijo demorado. — Gostosura! — ele riu, feliz.

Gabriel tomou banho, se arrumou, e fomos para o shopping. Enquanto eu estava no provador, saí com a roupa do corpo — e com salto nos pés.

— Como ele coube aqui dentro? — cruzei as pernas no banco do carro, com Bento no colo.

— Aqui dentro da onde? — Gabriel perguntou, dando ré para sair da garagem.

— Da minha barriga! — encostei Bento nela. — Tudo bem que ele não era desse tamanho, mas um dia já esteve aqui.

Noivos por acaso.  Onde histórias criam vida. Descubra agora