A confissão silênciosa.

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                                 ⏳ Meado do mês seguinte

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⏳ Meado do mês seguinte.

Eu permanecia naquela plataforma, determinado a não abandoná-la tão cedo. O que ganhava em uma semana era mais do que eu conseguiria em um mês inteiro. Embora as fotos tivessem sido uma fonte de renda, ainda mantinha o trabalho na loja de roupas, que prosperava lentamente.

Gabriel se jogou na cama ao meu lado, interrompendo meus pensamentos.

— Me chamou para quê? — perguntou, a voz carregada de cansaço.

— Quero que veja meu e-mail. O iPad está com algum erro, não consigo mexer direito — respondi, segurando o aparelho que havia comprado há poucos dias, exclusivamente para a loja.

Ele sentou-se, encostando as costas na cabeceira.

— O que tem demais?

— Está dando erro, mesmo.

— Me empresta o telefone — pediu, estendendo a mão.

Com um suspiro, entreguei o aparelho. Gabriel franziu o cenho, deslizou o dedo pela tela e então parou.

— Que aplicativo é esse? — perguntou, mostrando o aplicativo aberto.

Meu corpo gelou. Era exatamente o aplicativo que eu não queria que ele visse.

— É um aplicativo que monitora meu ciclo menstrual — respondi, com a voz embargada.

— Você sabe que não é — rebateu, tocando na tela, meus olhos queimavam de vergonha. — O que colocou aqui? Por dinheiro? Você precisava mesmo de dinheiro?

— Precisávamos — confessei, o peso da culpa me esmagando. — Estamos passando por um momento difícil.

Gabriel olhou para mim, a incredulidade evidente em seus olhos.

— O que te fez pensar que estávamos em crise?

— As contas atrasadas, o IPVA do meu carro que você me deixou pagar... Se fosse outra época, não teria permitido.

— As contas estavam pagas — afirmou, levantando-se. — E deixei você pagar o IPVA porque sabia que era importante para você.

Suspirei, incapaz de esconder o desespero.

— Fiz aquilo porque não tinha escolha. Você deu sinais de que algo estava errado, vendeu a maioria das suas roupas e sapatos. Achei que você estava pedindo empréstimos.

Ele passou a mão pelo rosto, nervoso.

— Por que não falou comigo?

— Porque você nunca falava nada. Você saía sem dizer para onde ia. Na minha cabeça, você estava indo a bancos, tentando resolver as coisas sozinho. Eu não queria que dependêssemos dos nossos pais. Queria ajudar.

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