Álbum de memória do mini Briel.

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 Na tarde do dia seguinte, sentamos juntos na sala principal, com as janelas abertas deixando entrar a luz suave do fim de tarde

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Na tarde do dia seguinte, sentamos juntos na sala principal, com as janelas abertas deixando entrar a luz suave do fim de tarde. Helena folheava com cuidado os álbuns antigos, com aquele cuidado quase sagrado que só as mães têm diante das memórias de papel.

— Nessa foto em preto e branco, ele tinha dois aninhos — disse ela, com um sorriso orgulhoso, apontando para uma imagem desbotada.

Inclinei-me para ver melhor. Gabriel usava um jardineira de linho e segurava um brinquedo de madeira.

— Que fofura... — comentei, quase num sussurro. — Ele passa uma paz nessa foto... Uma calma que parece que nasceu com ele.

Os álbuns eram recheados de fotos de Gabriel — bebê, criança, adolescente. Em cada fase, um olhar sereno, uma presença quieta e doce que parecia atravessar os anos.

— Gostosão desde pequeno — comentou Carlos com aquele humor ruidoso que o acompanhava.

Lancei um olhar zombeteiro para Gabriel, que me devolveu um olhar convencido. Era minha deixa.

— Orelhudinho — fiz uma careta e todos riram, inclusive meus sogros.

— É? — ele rebateu com um sorriso provocador. — E a sua foto emburrada no quadro da sala?

Pegou o celular e me mostrou a bendita foto que havia tirado em um momento pouco fotogênico, quando eu estava emburrada — e que ele, claro, teve a audácia de mostrar aos pais.

— Você tirou foto!? — encarei, incrédula.

— Que bebê linda — comentou Carlos, ignorando minha indignação e focando na imagem. — Era o dia do seu batismo?

— Era sim... — respondi com um sorriso nostálgico. — Eu era linda, né, seu Carlos?

— Esse vestidinho... essas bochechas! — ele exclamou, encantado.

— Que bonequinha... — disse Helena com um brilho nos olhos. — Imagina, Carlos, a gente com uma fofura dessas em casa.

— Fofura quando era bebê — murmurou Gabriel, divertido. — Cresceu e agora chama o marido de orelhudo.

Ri, inclinando-me para trás até sentir a mão dele acariciando meus cabelos.

— Você bebê era a coisa mais linda, Vívian... — Helena disse com ternura. — Se eu tivesse conhecido sua mãe, teria tentado te roubar. Sempre foi meu sonho ter uma menina.

Carlos assentiu, nostálgico:

— Tentamos quatro vezes. Tínhamos esperança de que o Gabriel fosse uma menina, mas quando soubemos que era outro menino... desistimos. Quatro filhos... e todos homens. Virou perfeito assim.

Naquele instante, tudo fez mais sentido. A rigidez de Eduardo, a forma como assumiu o papel de quase pai dos irmãos — tudo se encaixava em silêncio.

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