Ecos do passado.

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Assim que desembarcamos na Colômbia, fui direto ao ponto

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Assim que desembarcamos na Colômbia, fui direto ao ponto. Não havia espaço para rodeios — o problema era sério e exigia solução imediata. Nos dirigimos à propriedade controlada por Pablo Rui, o jovem herdeiro de um cartel rival. A palavra "rival" aqui é relativa — nos bastidores, alianças e traições se entrelaçam como fios de um mesmo tecido.

— Quero cinquenta por cento de tudo que você produz — declarou o garoto com uma voz aguda demais para o peso de suas palavras. Devia ter o quê... dezessete? Talvez menos.
— Cinquenta não — respondeu a mim mesmo, arqueando uma sobrancelha com desdém.
— Setenta! — retrucou, sem perceber o absurdo. Ri baixo, mais por incredulidade que por humor. Eduardo me deu uma cotovelada. Havia garotos armados ao redor, o que tornava a situação ligeiramente mais sensível.

— Seu pai sabe que você está mexendo nas armas dele? — perguntei, dando um passo à frente.
— Me... meu pai? — balbuciou, hesitante.
— Sim, Javier. Acha mesmo que isso que você está fazendo é certo? Intimidar membros de outro cartel com armas que nem são suas? Isso, Pablo, é roubo.
— Roubo não... — negou rápido, quase com medo.
— Você sabe que roubo entre nós é inadmissível.

As armas baixaram. Eu prossegui.

— Podemos resolver isso conversando com seu pai. Ou prefere que resolvamos do seu jeito?

O garoto hesitou e, finalmente, cedeu:

— Acho melhor irmos ver o meu pai. Vão pra casa, eu levo vocês até ele.

Entramos no carro. O caminho era longo e isolado. Eduardo me lançou um olhar acusador.

— Você é maluco.
— Ele não atiraria — Gustavo disse com desprezo. — Queria só dinheiro fácil pra gastar com prostituta.

Concordei em silêncio. A ignorância do garoto era uma arma carregada apontada para o próprio pé.

Chegamos à casa de Javier — um verdadeiro palácio congelado no tempo. Cada detalhe era imponente, mas carente de modernidade. Suspirei, já prevendo as crises de espirro provocadas pelo excesso de pó nos cortinados.

— Não lembrava que a casa era tão grande — comentou Eduardo ao sairmos do carro.

Pablo se despediu com a leveza de quem se livrava de uma responsabilidade.

— Meu pai está no escritório. Digam que fui jogar golfe.

— Filho da puta — murmurou Gustavo.

Fomos atendidos por Leandra. Três anos atrás, tivemos um caso. Nada sério. Apenas encontros ocasionais que, em algum momento, deixei de responder. Achei que bastaria para encerrar qualquer vínculo.

— Gabriel? — disse, surpresa. — Quanto tempo... entrem.

Seus olhos brilharam ao me ver. Havia um bebê no seu colo. O clima se alterou em segundos.

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