Após receber um convite do chá revelação da prima Vívian de ver doida ao ter que reencontrar a família após anos do pior acontecimento de sua vida, ao se ver num beco sem saída ela não tem outra escolher a não ser levar seu vizinho o apresentando co...
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Meu aniversário.
Decidi não abrir a loja naquele dia. Precisava de um tempo só meu. Não quis festa, balões ou surpresas — embora, no fundo, esperasse por um bolinho simples, desses com gosto de afeto. Passei a tarde cuidando de mim. Quando voltei para casa, ela estava vazia. E, sinceramente, eu também me sentia um pouco assim. Tomei banho, vesti um pijama macio e me enfiei na cama com os cachorros, em busca de silêncio e companhia sincera.
— Só eu e vocês, né? — murmurei, enchendo o focinho deles de beijos. Eles se animaram, querendo brincar. — Agora não, seus doidos — brinquei, rindo, enquanto se mordiscavam e se encaravam de repente, atentos ao som que vinha da sala. — O monstro vai pegar o Petin... — sussurrei com teatralidade. Ele ficou parado na porta, o rabo abanando, enquanto a Miumiu subia no meu colo feito um escudo felpudo.
— BUH! — gritou Giulia, escancarando a porta com um sorriso e uma vela numa das mãos. — Parabéns pra você, nessa data querida...
— Esse é o bolo? — gargalhei, olhando para a pequena maca improvisada. — Nem um bolinho de fubá você fez, sua sem-vergonha!
— Não deu tempo! — respondeu, me abraçando forte. — Feliz aniversário, sua chata. Muitos anos de vida.
— Obrigada. Você é doida.
— Vamos sair, ir pra uma baladinha?
— Já tava deitada, mulher... — suspirei, ajeitando o cabelo.
— Então vamos andar na rua, tomar alguma coisa. Quando cansar, a gente volta.
— Tá bom. Aqui parece cidade fantasma mesmo.
Vesti um vestido rosa e prendi o cabelo num coque despretensioso. Seguimos para um pub próximo de casa, só nós duas e a promessa de esquecer a melancolia por algumas horas.
— Hoje pode pedir o que quiser. É por minha conta — disse Giulia, empolgada.
— Qual o drink e o petisco mais caro da casa? — provoquei, rindo. — Tô brincando. Quero um drink de uva sem álcool e um petit gâteau com pistache, bem chique.
— Pedido feito. E olha ali... — apontou discretamente com os olhos para Pietra, que estava com o marido.
— "Amiga" nada — murmurei, sorrindo irônica.
Tiramos algumas fotos, brindamos, conversamos e nos divertimos. Em dado momento, comentei:
— Te falei do dia que ela apareceu no bar? Descobriu que a Tália não tava comigo e surtou. Foi uma cena.
— Essa menina é doida. Sempre teve uma pira na Tália.
— Desde criança. Mas a Tália também deu corda... sempre achei estranho.
Rodadas de drinks vieram e foram. Ríamos alto até o telefone da Giulia tocar. Ela olhou o visor, depois pra mim, com uma expressão mista de culpa e alegria.