Pra você, nunca estou ocupado.

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— Que tolice brigar por causa disso — comentei, impaciente

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— Que tolice brigar por causa disso — comentei, impaciente. Minha mãe me deu um cutucão tão certeiro que quase derrubei a xícara da mão.

— E foi mesmo — Tália suspirou, dando de ombros. — Tentei de todos os jeitos reverter isso, mas ele não queria nem conversar. Agora, depois do que rolou ontem... tô inspirada a tentar de novo.

— Que bom! — disse Vanessa, animada, como se isso fosse a coisa mais romântica do mundo.

— Ele realmente lhe atingiu em cheio, não foi? — comentei, entre uma risada contida.

— E como! — respondeu Tália, com desfaçatez. — Por um segundo pensei que eu fosse um bandido em fuga.

Minha mãe arregalou os olhos como se tivesse escutado uma blasfêmia em horário nobre.

— Tália! — exclamou, colocando a mão no peito.

— Vai me dizer que vocês não gostam de um pouco mais de intensidade? — perguntou Tália, com um olhar provocador, como quem lança uma provocação inocente só para observar a reação.

— Um pouco mais firme, talvez. Mas nunca me passou pela cabeça algo mais agressivo — respondi pensativa, tudo bem que o meu passado mas aqui estamos falando da vida real. — O Gabriel, quando muito, me envolve com força... e, sinceramente, basta ele se aproximar para eu já me sentir completamente entregue.

— Ah, comigo é diferente — replicou ela, com a mesma naturalidade de quem comenta sobre o tempo. — Gosto de certa... energia.

Minha mãe virou-se devagar, com a expressão de quem pondera se ainda vale a pena discutir ou simplesmente aceitar que criou uma filha que fala essas coisas como se fossem receitas de bolo.

— Um pouco de energia é uma coisa, Tália. Outra é você esquecer que está na cozinha com a própria mãe — alertou, séria.

Tália apenas arqueou as sobrancelhas com aquele ar de desdém resignado, o mesmo que a Tília usa quando não está nem um pouco convencida por um argumento.

— Ei! — Vanessa a interrompeu antes que ela completasse a lista de lesões corporais. — Ainda estamos na mesa!

Tália olhou pra nossa mãe com aquela mesma cara que a Tília fazia quando era contrariada. Um misto de "tô nem aí" com "vou falar mais alto só pra provocar".

— Parece doida — comentou Vanessa, pegando uma xícara.

— Deixa ela — falei, rindo. — Tô adorando saber os detalhes.

— Achei que você fazia essas coisas também — disse Tália, apontando pra mim. — Você tem cara de safada!

Neguei com a cabeça, fazendo minha mãe me fuzilar com o olhar como quem diz: "nem responda".

— Vou falar mais nada não. Daqui a pouco minha mãe me bate — completou, fazendo drama.

— Meu sexo é a dois, sem brinquedos, sem agressão, só carinho — disse com simplicidade.

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