Após receber um convite do chá revelação da prima Vívian de ver doida ao ter que reencontrar a família após anos do pior acontecimento de sua vida, ao se ver num beco sem saída ela não tem outra escolher a não ser levar seu vizinho o apresentando co...
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A dor vinha em ondas e, honestamente, parecia que eu estava sendo partida ao meio. Soltei um gemido abafado, quase com raiva da própria contração.
— A anestesia está passando — disse Sarah com uma calma irritantemente maternal. — Vai doer, mas menos do que antes.
Menos do que antes? Eu já estava pronta pra invocar todos os santos do parto humanizado.
— Posso levantar? — perguntei, meio ofegante.
— Pode sim!
Estávamos só eu, ela e a enfermeira. Gabriel tinha saído pra tomar banho e colocar a roupinha de astronauta hospitalar. Minha mãe não pôde ficar, regra do hospital — e justo agora, quando eu mais queria o colo dela.
— Fica na bola um pouco — Sarah sugeriu, apontando para aquela bola de pilates que, sinceramente, parecia mais um instrumento de tortura.
Sentei-me tentando fingir que não era tão absurda a ideia de parir dançando numa bola colorida. Ela me guiava nos exercícios de respiração e eu só pensava: "Deus, por favor, acaba com isso logo".
— Não aguento mais sentir dor — reclamei, apoiando as mãos nas costas como uma senhora de 90 anos.
— Falta pouco, só mais dois centímetros, mamãe — disse ela com voz de playlist relaxante de spa.
Começou a tocar uma musiquinha ambiente. Talvez eu devesse estar zen, mas tudo o que eu conseguia pensar era: "Cadê o Gabriel?"
— Será que o Bi vai demorar?
— Vai não, já já ele chega — ela sorriu e apertou minha mão.
E então, como se tivesse ouvido meu pensamento, ele apareceu.
— Cheguei!
Quando vi aquele homem entrando com o avental azul e cara de quem ia salvar o mundo (ou pelo menos a minha sanidade), a vontade de chorar me pegou de jeito. Ele sorriu e abriu os braços.
— Quer mudar de posição? Eu danço com você.
Concordei. Porque claro, por que não parir dançando com meu marido em pleno centro obstétrico?
Ele me segurou com firmeza, dançamos lentamente como se estivéssemos no nosso casamento — só que agora, com uma criança tentando sair de mim. Era tudo ao mesmo tempo: a dor, o amor, o medo, a entrega.
— Posso tomar um banho? — perguntei, torcendo pra aquilo ser permitido por alguma divindade parideira.
— Você pode tudo — respondeu Sarah.
Fui pro banheiro, molhei do pescoço pra baixo (não me julgue, eu ainda queria sair bonita nas fotos). Fechei os olhos e senti a água quente escorrer pelas minhas costas. Tão bom que nem precisei abrir os olhos pra saber que o Gabriel estava ali, colado em mim como sempre.