VERSÃO ANTIGA

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Aos doze anos conheci Lara. Ela estudava na mesma turma que eu e era uma das melhores alunas. Sempre fazíamos trabalho em grupo juntos. Ter uma paixonite por ela foi meio inevitável. Foi com ela que experimentei a sensação do primeiro beijo. Quando seus lábios tocaram os meus, os senti formigar, querendo mais. Nosso namoro juvenil durou apenas dois meses. Passamos pelas fases iniciais com louvor: primeiro beijo, indecisão sobre como agir no dia seguinte, bochechas coradas e mãos suadas, coração disparado, mãos dadas... Toda a magia acabou quando ela descobriu que eu era diferente. Ela partiu meu coração e eu achei que jamais conseguiria reunir os cacos novamente. Mas reuni. Não fiquei com raiva da Lara... Ela ainda era uma criança e tinha muita coisa para assimilar, eu a entendia de verdade. Por sorte, depois que o meu coração parou de doer de forma assustadora, voltamos a ser amigos. Com isso, ao menos, ela conseguia lidar.

Foi só aos catorze que voltei a me relacionar com outra garota. Seu nome? Liana. Ela era encantadora. Conheci-a numa tarde fria de inverno... No grupo de apoio aos transexuais. Liana não era trans, mas seu irmão era. Ela o acompanhava quase sempre e nós começamos a conversar. Saímos para passear algumas vezes e no nosso sexto encontro, fomos ao cinema. Ela me beijou. E eu retribuí. Foi bom... Tinha gosto de manteiga e chocolate. Meu segundo relacionamento durou mais que o primeiro: sete meses. Decidi terminar com ela não porque não gostava de sua companhia, mas porque eu percebi que ela me via mais como um transexual do que como um garoto. Não sei se isso faz algum sentido, mas começou a me incomodar. Quando seu irmão trocou de grupo, Liana sumiu e eu nunca mais a vi.

Foi só na faculdade que voltei a me relacionar com o sexo oposto. E foi quando finalmente fui para a cama com uma garota. Eu estava tão nervoso... Parecia uma droga de porquinho indo para o abate. Por sorte, Maite era experiente e muito paciente. Não vivemos uma história de amor nem nada do tipo. Foi um envolvimento meramente carnal, mas não tenho do que reclamar. Maite era linda e me preencheu de confiança e otimismo. Dois sentimentos que precisavam ser reabastecidos em mim com muita frequência.

Envolvi-me sexualmente com apenas três mulheres, incluindo Maite. A segunda se chamava Daphne. Tivemos um relacionamento-sem-nomenclatura, como diria minha cunhada, e também sem cobranças. Acabou depois de mais de um ano e sem nenhum motivo exato. Apenas acabou. Depois veio Marcela. Estar com ela foi diferente de tudo que já vivi. Ela era a única que tinha descoberto sobre mim apenas na hora H, se é que me entendem. Todas as outras foram avisadas. Marcela, não.

Não foi por maldade nem nada do tipo. Apenas me esqueci de lhe contar. Esqueci-me que eu era diferente. E imaginei que a Nina tivesse comentado algo com ela. Saber que ela simplesmente não tinha se dado ao trabalho, significou muito, muito mesmo para mim. Nina não me via como um transexual. Via-me apenas como homem. E eu sempre quis ser visto dessa maneira. Talvez por isso tenha confundido a coisa toda. Talvez por isso tenha arriscado perder a amizade do meu irmão e melhor amigo. Era tudo tão confuso e nebuloso na minha mente...

Também em meu coração.

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Nina eu estávamos debaixo do edredom da minha cama. Completamente nus. Seu corpo era incrivelmente maravilhoso. Não perfeito. Perfeito é chato, entediante. Não acredito em perfeição. Mesmo com os quilos extras, as celulites e estrias, Nina era confiante e exibia seu corpo sem pudor, totalmente entregue a mim. Aquilo me deixava louco. Contornei todas as suas curvas com as duas mãos e sabia que não me aguentaria por muito tempo. Eu queria estar dentro dela e ouvi-la sussurrar meu nome. Toquei sua intimidade úmida e a ouvi suspirar em resposta. Ela acariciou o meu membro, sem se importar de que material ele era feito. Ela não parecia duvidar que ele pertencesse a mim; que era parte de mim. Quando finalmente a penetrei, me deliciei com sua feição sôfrega e ao mesmo tempo satisfeita. Investi uma, duas vezes e...

Acordei ofegante com o barulho insistente do telefone. Céus, justo agora? Sério mesmo? Ainda sonolento, me levantei e segui para as escadas. Nina estava lá. Vestia uma camiseta do meu irmão e uma calcinha de renda. Respirei fundo. Eu havia acabado de imaginá-la nua... Comigo... Na minha cama. E agora isso! Se tivesse um pênis "de verdade", não conseguiria esconder o que estava sentindo. Trocamos breves palavras no topo da escada e eu lhe dei passagem. Cavalheirismo, vocês vão dizer. Isso também, é claro. Mas principalmente uma visão privilegiada daquele belo traseiro que rebolava a cada passo seu. Levei as mãos à cabeça, num típico sinal de que estava perdendo o controle. Eu não sabia mais o que fazer!

O ex-namorado dela havia aparecido em nossa portaria no meio da madrugada. Mais um? O que a Nina tinha...? Algum tipo de ímã irrefreável? Ela desceu para conversar com o tal do Marco. Alguns minutos depois, Nícolas ia atrás dela. Eu estava me sentindo completamente impotente. Fiquei ali na cozinha ao lado da Marcela. Ela também parecia aflita e curiosa.

− Esse Marco é um cretino − esbravejou furiosa. − Até que ele é bonito, sabe? Mas é um tremendo babaca. É bonito, sim, mas nem tanto. Você é muito mais.

Nossa, ela é realmente uma pessoa que não perde tempo. Seus elogios e investidas constantes me intimidavam um pouco e se não fosse por todo esse conflito envolvendo minha cunhada, eu já a teria levado para o meu quarto e feito um pequeno estrago nela. No sentido positivo da coisa toda, é claro.

− Obrigado? − meu agradecimento soou como uma pergunta.

− Disponha − ela sorriu sem se abalar. − Quando toda essa confusão passar, você pode me convidar para o seu quarto, se quiser. Ou pode passar no meu − ela piscou na minha direção e eu não soube mais como reagir. Ela riu e parecia não esperar uma resposta. Menos mal. Ao menos, todo aquele constrangimento estava servindo para me distrair. Mas não por muito tempo. Uns minutos depois e meu pensamento já havia voltado para Nina.

Eu estava curioso para saber o que acontecia na portaria daquele prédio. Mas o que quer que fosse, não dizia respeito a mim. Marco e Nico disputavam a mulher que em algum momento fora deles. Quanto a mim? Não podia entrar na disputa.

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Quarta-feira é de dia do Noah aqui no wattpad <3 

Vocês devem imaginar a correria na qual me encontro, né? Com Bienal, lançamento, viagem e tudo mais vindo por aí... Tá tudo uma loucura, rs!

Caso algum leitor de PODER e/ou SINGULAR vá à Bienal, não deixe de procurar por mim! Estarei no estande F14 da Ler Editorial no pavilhão AZUL nos seguintes dias e horários:

05/09 - 14h

07/09 - 15h30

09/09 - 12h30

13/09 - 17

Os leitores de PEG que tiverem minhas 3 obras publicadas ("Ponte de cristal", "Com outros olhos" e Papel, caneta e ação") também ganharão um brinde lindíssimo da Nina que preparei com todo amor do mundo para vocês *-* A promoção vale também para aqueles que comprarem seus livros através do meu blog: nemteconto.org/thatimachado :D

E ahhhhhhh! No dia 12/09 eu participarei de um bate-papo  sobre autopublicação ao lado de escritores incríveis! Será às 20h no auditório Lapa, pavilhão VERDE! 

Os recados hoje são pequenos, afinal, tenho muuuuuuuuuuita coisa para colocar em dia ainda, rs!

Beijo grande e até sexta-feira :*





SINGULAR (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora