VERSÃO ANTIGA

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Em minha defesa, não sou um galinha. Mas eu, com meus vinte anos, estava na fase de aproveitar tudo que a vida tinha a oferecer. No momento, ela parecia me oferecer Marcela de bom grado. Nayara era outra história... Eu já havia tentado alguma coisa com ela, sempre sem sucesso. Não vou dizer que era algum tipo de preconceito da parte dela, porque bem... Ela nem ao menos sabia sobre mim. Acho que era só uma divergência, no fim das contas. Eu queria curtir e aproveitar, ela queria encontrar um grande amor. Eu tentei lhe dizer que todos aqueles romances que ela lia não a ajudariam em nada na vida real, mas ela sempre me acusava de estar destruindo seus sonhos, de modo que passei a guardar esse tipo de opinião única e exclusivamente para mim.

Eu não estava interessado em me apaixonar. Tampouco em viver um grande amor. Talvez daqui uns cinco anos... Mas agora, aos vinte?! De maneira nenhuma!!! Eu tinha certeza disso, pelo menos até conhecer minha cunhada. É como eu digo: essa mulher, detentora das curvas mais sinuosas e deliciosas que já conheci, precisava sair da minha cabeça. Eu não podia tê-la mais nos meus pensamentos. Menos ainda nos impróprios. Eu precisava parar de pensar nela. E no seu traseiro. E na forma como ela me olha. E nos seus seios. E no jeito como ela me trata. E... Puta merda, eu precisava parar de pensar que não podia mais pensar nela, porque até isso me levava até ela, no fim das contas. Em um pequeno resumo: eu estava ferrado.

Estar ferrado, no entanto, era algo frequente na minha vida, ao menos naquele semestre. Não apenas no sentido Nina (eu ainda estou me esforçando para tentar não pensar muito nela), mas em todos os outros. Fazer trabalhos com a Nayara, por exemplo, diminuíam o nível de "ferração" da coisa toda. Trabalhos individuais, no entanto, comprovam a primeira afirmação desse parágrafo.

− Conseguiu terminar o trabalho de opinião mercadológica? − Léo, um dos meus amigos da faculdade, me perguntou assim que esbarrei com ele no campus, na manhã de terça-feira.

− Eu escrevi dois parágrafos por enquanto... Nada mal, não é? − indaguei com um sorriso, sabendo que ele provavelmente ficaria surpreso.

− Dois parágrafos? − ele riu de forma aberta. − Talvez a professora te dê um ponto por pena de você...

− O trabalho é só para a próxima semana, cara! Relaxa um pouco... − tentei tranquilizá-lo. Estava tudo sob controle, nada de estresse extra.

− Cara... Eu não sei em que mundo você vive, mas no mundo real, hoje é essa tal próxima semana.

Abri a boca para refutá-lo, mas nada saiu. Antes de dizer qualquer coisa, precisava me certificar de que aquele sacana estava tirando onda com a minha cara. Saquei o celular do bolso da calça e... Céus, ele estava certo. O que eu deveria fazer? A Nina bem que poderia aparecer com a sua pokebola e me sugar para longe dali, não é? Por que raios eu estava pensando nela? Eu precisava parar de...

− Pensar na sua cunhada gostosa, cara − era Léo quem transformava meus pensamentos em palavras. − No semestre passado você não deu um furo sequer, mas agora... Parece viver em outro planeta.

− Eu vou dar um jeito nisso, prometo. Você pode me encobrir até o horário da saída? − havia uma grande chance dele dizer "não", mas não esperei que tivesse oportunidade. − Diga que estou com dor de barriga, ninguém vai poder me culpar por não conseguir sair do banheiro.

Saí correndo sem olhar para trás. Nas próximas horas eu precisaria escrever pelo menos dez páginas sobre opinião mercadológica, assunto de pouquíssimo interesse da minha parte, por sinal. Mandei uma mensagem desesperada para Nayara, que me encontrou na biblioteca minutos depois.

− Eu preciso ir para a aula, Noah − ela sussurrou para que Gertrude, a bibliotecária mal encarada, não chamasse nossa atenção.

− Eu sei, eu sei... Mas eu realmente preciso da sua ajuda, Nay. Ou vou repetir o semestre.

− Não me chama de Nay − ela resmungou enfezada.

− Por favor, Nay... − insisti.

− Droga... Você realmente joga sujo.

− E você não resiste − dei de ombros e lhe abri meu melhor sorriso. Nayara, de fato, não resistiu.

Graças à ajuda dela, consegui executar um trabalho inteiro em poucas horas. Eu estava me sentindo culpado por fazê-la perder um dia de aula, mas prometi que a compensaria. Ainda não sabia como, mas daria um jeito. Antes que a última aula do dia chegasse ao fim, saí correndo pelo campus da faculdade, com as recém-impressas dez folhas em mãos. A professora Estér vinha chamando minha atenção há algum tempo... Dizendo que eu estava disperso, irresponsável e blá-blá-blá. Eu não podia tirar sua razão, mas esperava que ela aceitasse o meu trabalho. Eu o estava entregando na data acordada, afinal.

− Dei aula para a sua turma no segundo tempo... − ela disse, nada amigável, quando lhe estendi o documento que me deixava em dívida com Nayara.

− Tive uma baita dor de barriga... O Léo não te avisou? − fiz minha melhor expressão de garoto bondoso, precisava funcionar!

− Avisou, sim! A aluna Nayara também estava com dor barriga? Ela nunca perdeu uma aula sequer... − ela parecia desconfiada e não seria eu a me enforcar na sua corda.

− Bom, isso a senhora precisará ver com ela. Mas tenho certeza de que ela deve ter tido um excelente motivo, afinal, ela nunca falta, como a senhora bem lembrou.

Eu sabia que a professora Estér estava desconfiada e tinha todos os motivos do mundo para isso. Felizmente, ela aceitou o meu trabalho e parou de me sondar sobre a Nayara. Acho que o meu semblante de bom menino com certeza ajudou. Encontrei-me com minha amiga e cúmplice no pátio principal e lhe contei a história toda. Quando mencionei o que a professora insinuou sobre sua falta, ela quase morreu. Tentei acalmá-la, mas não sei se funcionou. Estávamos saindo da faculdade quando notei que havia alguém à minha espera.

Marcela.

Não sei dizer se aquela aparição surpresa me deixou lisonjeado ou com a sensação de estar sendo perseguido.

Nayara, a quem havia confidenciado rapidamente sobre como conheci Marcela na noite anterior, apostou na segunda opção.

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Pretendia começar o meu regresso com "espero que vocês não tenham sentido a minha falta", mas isso seria MENTIRA. Espero que vocês tenham sentido falta de mim (e do Noah, talvez até mais dele, mas posso perdoar isso) quanto eu senti de vocês <3 Eu estava precisando MUITO dessas férias e aproveitei muito animada e inspirada. Prova disso é que mesmo com milhões de compromissos, estou aqui postando na data acordada... Nada de furo com os melhores leitores desse wattpad!!!

Gostaria de compartilhar com vocês coisas incríveis que aconteceram em Orlando e que de alguma forma me fizeram lembrar de vocês, do wattpad, da Nina, do Noah, ou algo do gênero: eu vi duas crianças trangêneros na terra do Mickey. DUAS CRIANÇAS LINDAAAAAAAAAAS DEMAIS!!! Uma delas me lembrou o Noah. Ela devia ter uns seis anos e estava na fila com a irmã gêmea. A irmã era toda menininha e ela, apesar de ainda ser chamada pelo seu nome feminino, vestia roupas de menino e tinha o cabelo cortado. Aff, que menino lindo, gente, quase coloquei na mala e trouxe pro Brasil! Também vi um menino vestido de princesa no Halloween que olha... Encheu meu coração de amor e esperança. E, na atração sing-along de Frozen, bem atrás de mim estava um garoto de mais ou menos nove anos que era o maior fã de todo o teatro. Além de cantar todas as canções, ele também levantava e fazia as coreografias. Os pais ficavam lá incentivando ele e eu achei isso uma coisa tão linda que quase quis chorar. Sei lá, só queria um mundo com mais pessoas como essas!

E não vou me delongar muito (apesar da saudade) porque tenho trabalhado dobrado e meus dedos já estão doendo.. Preciso poupá-los para o capítulo de sexta. Por isso... Beijo grande e até lá <3


SINGULAR (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora