VERSÃO ANTIGA

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Por experiência própria, eu sabia que não era possível conviver com uma mentira por muito tempo. Mas com aquela, pelo menos, eu precisaria conviver o máximo possível.

Matei aula e foi péssimo, pois eu sabia que não podia me dar ao luxo. Fui rebaixado de aluno exemplar para aluno irresponsável em algumas semanas. Em minha defesa, não estava no meu juízo perfeito. Minha cunhada de curvas sinuosas estava afetando todo o meu lado racional e emocional. Eu não sabia mais o que fazer. Afastar-me um pouco deveria ser a solução mais sensata, mas eu estava fazendo exatamente o oposto. Eu dirigia em direção ao hotel onde ela seria fotografada e durante algumas horas seríamos apenas eu e ela.

Nina é aquele tipo de pessoa que está sempre incrível, mesmo com o cabelo despenteado, olheiras e mau hálito. Vê-la toda maquiada e produzida por uma enorme equipe de profissionais só me deixou ainda mais atordoado. Céus, eu não sabia que ela podia ficar ainda mais bonita. Diante das lentes fotográficas, Nina parecia ainda mais gostosa e sensual. Embora não tivesse nenhuma experiência, ela exalava carisma e autoconfiança. Vez ou outra a instruíam a fazer alguma pose diferente e... Eu sentia que meu corpo estava entrando em ebulição.

Não foi fácil. Foi uma puta tortura, na verdade. Eu queria ir para casa e me trancar no meu quarto até parar de ter pensamentos inadequados com aquela mulher. Não foi o que aconteceu. Marcela havia conseguido um emprego no Diário 26 e todos sairíamos para comemorar. Se eu pudesse parafrasear parcialmente minha cunhada, diria: santo protetor dos transexuais bonitos pra cacete, ajudai-me! Porque não havia dúvidas de que eu precisaria de ajuda.

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Nico e Marcela estavam levemente atrasados. Eu não sabia se isso me deixava feliz ou extremamente apavorado. Possivelmente, as duas coisas. Pedimos uma cerveja. Manter os lábios ocupados parecia uma excelente tentativa de não perder o controle. Nina parecia um pouco desligada... Era óbvio que ela estava matutando ideias em sua mente mirabolante, mas parecia errado ficar observando-a de forma minuciosa. Que era exatamente o que eu estava fazendo. Tive que me controlar para não ficar babando em cima dela de forma ridícula.

Uma música da Katy Perry começou a tocar e aquela parecia a desculpa perfeita. Agarrei-a pela mão e puxei-a para a pista de dança. Meu sutil convite funcionou. Nina adorava dançar e embora tenha ficado visivelmente surpresa, se soltou como se há muito desejasse ter feito isso. E nós dois ficamos ali... Embalados pela música, pelo alto astral e pelo momento. Pelo menos até que... Que... Uma música do Sam Smith começou a tocar. Não, não, não... Aquilo era uma péssima ideia. Não ajudaria em nada. Muito pelo contrário. Aquela música era uma espécie de campo minado. Qualquer passo em falso e eu explodiria.

Explodi.

− Sinto muito, Nina – sussurrei num ímpeto, sem pensar no que eu estava fazendo. − Mas eu realmente acho que estou... Gostando de você.

Toda a situação era ruim por si só, mas a vida tem lá suas ironias e resolveu fazer meu irmão mais velho presenciar aquela deplorável cena. Fiquei desesperado. Será que ele havia escutado o que eu acabara de dizer? Será que Nina me daria um tapa na cara? Eu bem que merecia. Será que Marcela ficaria decepcionada comigo? Será que...

Nina e Nico haviam saído do pub para conversar. Eu jamais saberia o conteúdo daquela conversa, só torcia para não ter metido os pés pelas mãos, e ter perdido as pessoas mais incríveis da minha vida. Durante tortuosos minutos, contei com a presença da Marcela, que me contava a respeito do seu novo emprego e do seu novo chefe. Confesso que essa última parte me deixava com um pouco de ciúmes, mas aquilo era o cúmulo de egoísmo. Eu não pensava muito nela – por culpa da Nina – e não poderia acreditar que ela ficaria uma eternidade ao meu dispor. Nina e Nico voltaram a tempo de acompanhar boa parte da história. Marcela tecia comentários bizarros a respeito do Stéfan, sujeito que eu mal conhecia e do qual já não gostava. "Deus Grego da Europa", "Azul da cor do mar", "Poderoso da Calça Justa", "Volume Surpresa"... Algo me dizia que o cara era um tremendo babaca. E, bom, eu não costumo errar.

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Dez e meia da manhã. Quinta-feira. Recebi uma mensagem de texto da Nayara, onde ela me convidava para uma volta pela cidade. Não tínhamos aula, então não recusei seu convite, afinal, ainda estava em dívida com ela. Encontramo-nos na praça perto do meu prédio e depois seguimos para nossa sorveteria favorita. Ela me contou sobre toda a matéria que perdi no dia em que matei aula para ir ao ensaio fotográfico da Nina e eu não pude evitar um suspiro. Eu havia perdido tanta coisa... Ficava com preguiça só de pensar em ter que recuperar tudo isso.

Assim que nossos sorvetes acabaram, resolvemos sair para dar uma volta. Foi bem legal e nós tivemos a oportunidade de conversar mais um pouco. Evitei falar da Nina ou da Marcela, pois sabia que ela já estava de saco cheio das duas. Eu não a culpava. Há boatos de que Nayara já teve uma queda por mim no primeiro semestre da faculdade. Tornamo-nos amigos e nunca tive certeza disso. Da forma como ela vinha agindo, no entanto, algo me dizia que eu estava prestes a descobrir.

Já passava das duas quando resolvi acompanhá-la até seu prédio. Paramos na portaria e nos despedimos com um abraço. Em seguida, beijei sua bochecha direita e meio segundo depois seus lábios estavam nos meus. Fui pego de surpresa, mas não me afastei. Permiti-me sentir a delicadeza de sua boca, que se abria pronta para abocanhar a minha. Beijamo-nos. Não sei dizer exatamente por quanto tempo, mas foi bom e não deveria ter acabado.

− Gostaria de subir? – ela perguntou em um sussurro, seus lábios mal desgrudando dos meus. – Meus pais não estão em casa... – comentou com um sorriso, ainda de olhos fechados.

− Adoraria – respondi sincero.

Nayara agarrou minha mão esquerda e me puxou em direção ao elevador, onde duas senhoras discutiam sobre o aumento dos alimentos. Nós nos encarávamos como se estivéssemos nos devorando e se aquelas senhoras não estivessem ali, era exatamente isso que estaríamos fazendo.

Chegamos ao oitavo andar e saímos apressados. Nayara procurava a chave em sua bolsa e eu só queria beijá-la outra vez. Foda-se a chave. Puxei-a pela cintura e pressionei seu corpo magro contra a parede. Sua bolsa caiu de encontro ao chão. Deslizei minhas mãos para dentro de sua camiseta e tornei a beijá-la. Seus dedos logo se entranharam pelos meus cabelos e eu não podia evitar a onda de desejo que pedia por mais.

Ela me afastou o suficiente para se abaixar e alcançar sua bolsa e eu não consegui evitar. Abracei-a por trás e pressionei o volume de minha calça contra seu corpo. Ouvi-a suspirar e aquilo me deixou satisfeito. Quando se levantou, Nayara já estava com a chave em mãos. Enquanto abria a porta, eu beijava seu pescoço como se pudesse, a qualquer minuto, perder o controle e devorá-la inteira. Era isso que eu queria. E era isso que eu esperava que ela quisesse.

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Tardei, mas cheguei. Confesso que estou tão empolgada assistindo The X Factor, que quase me esqueci de passar por aqui. Mas o importante mesmo é que eu não me esqueci de escrever, hahah! Mais um capítulo... Mais um pouquinho do Noah... O que vocês estão achando? Eu amo esse menino cada dia mais, então sou suspeita... Suspeitíssima, hahaha!

E a propósito, vocês já estão sabendo que no próximo mês vou lançar "Poder extra G" na Amazon? O livro está revisado, com uma diagramação fofa (a cara da Nina) e o melhor, tem CENAS INÉDITAS. E se tudo isso já não bastasse, aviso que: HAVERÁ BRINDES INCRÍVEIS PARA OS PRIMEIROS LEITORES A COMPRAREM E COMPARTILHAREM SUA OPINIÃO SOBRE A OBRA! Mais perto darei detalhes a respeito disso. Se você ainda não me tem no facebook, trate de me adicioanar para saber das novidades em primeira mão <3 hahahaha

E acho que é isso? Vejo vocês na próxima sexta, com surpresinha também. Começou THE X FACTOR, tchau, gente!!!!


SINGULAR (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora