Capítulo 57

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Rafa prepara o melhor ovo mexido com presunto que já comi na vida. Talvez meu julgamento esteja sendo influenciado, mas não acho que seja o caso. Stéfan também devora seu prato em silêncio, mas ele está curtindo uma baita de uma ressaca e também não é parâmetro. Ainda assim, decido confiar nos dotes culinários da ruivinha, porque se dependesse de mim, comeríamos macarrão instantâneo várias vezes ao dia. Esse ensinamento em particular, Nícolas se esqueceu de me passar (ou talvez eu nunca tenha tido real interesse).

Após uma refeição farta e constrangedora, Stéfan vai para seu quarto temporário e nós seguimos para a piscina. A praia está pertinho de nós, é verdade, mas ficamos tensos só de pensar no aglomerado de gente que deve estar nas areias de Ipanema. A piscina do condomínio, por sorte, é grande o suficiente e nos dá um pouco mais de tranquilidade e sossego. Há quatro crianças gritando e pulando constantemente, mas elas estão afastadas e não nos importunam. Estou apenas de sunga, aguardando que a minha ruivinha também se desnude, mas ela volta a parecer desconfortável com a ideia. Achei que já tivéssemos avançado um pouco nesse quesito...

− Você está privando o mundo desse seu corpo delicioso... – sussurro com a boca bem perto do ouvido dela. Sinto seu arrepio em resposta e envolvo sua cintura. – Sente-se insegura ainda?

− Não estou de maiô... – sussurra de volta, olhando para os lados como se alguém estivesse nos espiando. Não é o caso.

− Não? – ergo uma sobrancelha na sua direção, levemente confuso. – Você se esqueceu de colocar sua roupa de banho? Podemos subir e... – ela me interrompe, fazendo um movimento negativo com a cabeça.

− Estou usando um biquíni – seus sussurros são ainda mais baixos dessa vez. – Mas talvez tenha sido uma péssima ideia. Acho que... – dessa vez, eu a corto.

− Foi uma ideia incrível, Rafaella. Tenho certeza que vou precisar exercer muito meu autocontrole nas próximas horas – acaricio seu rosto a cada palavra e lhe arranco um breve e tímido sorriso. Suas bochechas ficam levemente avermelhadas e é impossível tirar os olhos dela. – Não há nada de errado com o seu corpo, Rafa. Erradas estão as pessoas que não conseguem enxergar a beleza dele. Se eu fosse um troglodita ciumento qualquer, provavelmente adoraria o fato de você querer se esconder... Diminuiria a concorrência, sabe? Mas tudo o que eu quero é que você entenda o quão maravilhosa é. Quero que você seja a única responsável pelas regras do seu próprio corpo. Você é capaz de fazer isso... Sei que é – levo meus lábios aos seus para confirmar todo o meu incentivo. É sempre agradável beijá-la, em quaisquer circunstâncias.

Finalizamos o beijo em pouco tempo, afinal, não queremos um monte de crianças observando um momento tão íntimo quanto aquele. Rafa ainda parece incerta, mas assente na minha direção e aceita a dose de coragem que lhe ofereço. Ela tira o short jeans sem olhar para os lados. Seus olhos estão baixos e ela se permite uma única olhadela, que é lançada na minha direção. Sorrio na sua direção, torcendo para que ela siga em frente e não desista. Seria mais fácil se eu simplesmente pudesse colocar nelas as "lentes-Noah-de-visão", assim ela conseguiria se enxergar da forma como a enxergo.

Ela respira fundo, segura a barra da camiseta e finalmente se livra dela. Seu biquíni é composto por listras verticais nas cores branco e azul marinho. O contraste com seu cabelo alaranjado é inexplicavelmente bonito e eu me pego meio bobo, admirando-a. Ela abre um sorriso largo e bobo na minha direção e se aproxima o suficiente para dizer:

− Se continuar me olhando assim, até as crianças serão capazes de desvendar o que você deseja fazer comigo – a brincadeira vem em boa hora e me arranca um sorriso também; frouxo, sacana, provocante. De surpresa, me abaixo para pegá-la no colo e a carrego para a água, apesar dos protestos. Mergulhamos e demora alguns segundos para emergirmos da água. Rafa tenta parecer furiosa, como da primeira vez, mas falha ainda mais rápido. Agarro-a pela cintura e puxo todo seu corpo na minha direção. Meu peitoral ampara suas costas e não reprimo a vontade de beijar sua nuca.

− Tudo bem, estou pronto. Vamos conversar sobre esse lance de namoro... – finalmente digo e ela instantaneamente se volta para mim. Fico triste por ter seu corpo mais afastado do que gostaria, mas passa rápido, pois também amo poder admirá-la.

− Não houve nenhum pedido oficial ainda – ela começa e emenda antes que eu possa interrompê-la. – E ninguém está dizendo que precisa haver agora. Mas, se em um futuro próximo ou distante, resolvermos assumir algum tipo de relacionamento, precisamos saber de que forma ele desenvolverá. Você não acha? – não tenho a menor intenção de discordar dela em absolutamente nada. E tenho a intenção de real de pedi-la em namoro, mas não direi isso a ela. Não agora. Não ainda. Não na piscina com quatro crianças barulhentas.

− Você está absolutamente certa – digo o mais sério que consigo.

− Quão cético você é sobre relacionamentos à distância, Noah? – meu nome nos seus doces lábios quase tira o meu foco da pergunta. Relacionamentos à distância... Hm... Certo.

− Sou muito cético, para ser sincero. Mas antes de você também era cético sobre amor à primeira vista. E veja como estamos. Parece que te conheço há cinco meses e não há cinco dias.

− Adoro a sua sinceridade – comenta com intensidade. Estamos nos devorando e temos consciência de que estaríamos agarrados se não fosse pelas crianças. – Sou romântica, então realmente acredito que duas pessoas apaixonadas podem fazer qualquer coisa dar certo, se assim elas quiserem – gosto muito (muito mesmo!) de como ela diz "apaixonada", quase como se fosse deixar um suspiro escapar a qualquer momento.

− Quais seriam seus termos sobre fidelidade? – questiono. Rafa morde os lábios e mede suas palavras antes de dizê-las em voz alta.

− Não sou do tipo louca de ciúmes, mas não quero dividi-lo com ninguém mais, Noah. Sei que estamos falando de um namoro hipotético – não sei se o lembrete é para mim ou para ela própria – mas acho que eu surtaria um pouco se visse você com outra pessoa.

− Eu surtaria muito – confesso rápido e presencio sua face sendo tomada de alívio. – Mas também não sou um louco possessivo, só para deixar claro.

− E você estaria disposto a pegar um avião para o Rio de Janeiro sempre que possível? Não tenho objeções sobre ir a Buenos Aires. Passei a vida inteira trabalhando muito... Abri mão da minha infância e adolescência. Isso precisa ter servido para alguma coisa.

− Sinto que o Rio de Janeiro já é a minha segunda casa – confesso e nós dois ficamos sorrindo feito bobos. Ainda temos alguns pontos para discutir, mas perdemos a fala com a chegada de uma pessoa...

Marcela.

Com as sandálias de salto alto nas mãos, o cabelo bagunçado preso em um coque frouxo e a maquiagem borrada, é difícil dizer ao certo se ela está bem. Algo me diz que precisaremos descobrir por conta própria.

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Amores da minha vida, CHEGUEI ♥ E nossa... Tive um dia tão corrido que ainda não consegui desacelerar, rs. Não tive tempo de revisar o capítulo também, então desde já peço desculpas pelos prováveis erros. Essa correria toda tem nome: BIENAL DE MINAS *-* Embarco amanhã para Belo Horizonte e minha sessão oficial acontece no primeiro dia da feira, na sexta-feira (15/04), às 15h no estande da Livraria Leitura! Vai ser lindo e eu espero encontrar alguns poderosos por lá :D Os 15 primeiros a comprarem Ponte de cristal + Com outros olhos, ganharão um kit cheeeeeio de brindes, incluindo de Poder Extra G e Singular :O Marcadores de página, bottons (no plural <3), chaveiro e até doce de leite (Nina curtiu isso :p) o/ 

E bom, por hoje é só. Vou terminar de agitar o que falta e espero que vocês aproveitem o capítulo de hoje. Ainda não consegui escrever o de sexta-feira, mas prometo que vou tentar não atrasar nada, combinado? ^^ Beijooooooocas e até mais!

Câmbio, desligo.

SINGULAR (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora