O regresso da Nina foi bom, não me entendam mal, mas acabou tornando tudo ainda mais difícil. Alimentamos esperanças que não deviam ser alimentadas. Quando ela partiu, de verdade dessa vez, foi ainda mais triste e doloroso. Todos queríamos que uma nova tempestade a fizesse ficar, mas também sabíamos que tempestade nenhuma dura para sempre. Aquela partida, em algum momento, seria inevitável.
Os dias sem a Nina e a Marcela me permitiram focar mais na faculdade. Eu não queria me sair mal nas provas e menos ainda ser reprovado em alguma matéria. Estudei muito e tentei colocar todo o conteúdo atrasado em dia. Não foi fácil. Nayara me ofereceu ajuda e em alguns momentos até aceitei. Não escondi, no entanto, que estava bastante decepcionado com ela. Eu sabia que ela não tinha feito por mal, mas não ajudava muito. Eu tentava, no entanto, fazer com que nossa amizade sobrevivesse ao turbilhão desastroso de acontecimentos.
Eu estava no meio das provas finais enquanto meu irmão mais velho se empenhava em descobrir a identidade do progenitor da Nina. Para isso, ele contou com a ajuda do Miguel, nosso próprio progenitor. A ideia de trazer Miguel de volta para o nosso convívio familiar não me descia... Menos ainda a ideia de precisar dele para o que quer que fosse. Mas eu sabia o quanto isso era importante para Nina, de modo que tentei não pensar muito a respeito.
Quando meu irmão mais velho embarcou para o Brasil, eu só esperava que ele não resolvesse ficar por lá. Perder a cunhada mais maravilhosa que já tive e o único homem a quem realmente admiro, seria uma facada dupla que eu não estava disposto a levar.
Havia feito a última prova do semestre. A mais temida por mim, para ser mais exato. Cursando comunicação social, jamais imaginei que precisaria lidar com números, por menor que fosse o envolvimento. Mas havia surgido uma droga de matéria chamada "Pesquisa de Mercado" que fodeu com os meus planos todinhos. Segui em direção ao estacionamento tentando ser otimista quanto ao meu desempenho, quando ouvi Nayara chamar por mim. Ela corria na minha direção e eu me esforçaria para não ser um babaca com ela.
− O pessoal está combinando de tomar uma cerveja para comemorar o fim do semestre – contou animada. – Você topa?
− Agradeço o convite, mas estou indo ao aeroporto buscar a Marcela – contei.
Suas feições, que me alcançaram animadas, murcharam como num passe de mágica. Ela não escondeu sua decepção e sinceramente, não me importei muito com isso. Apesar das dificuldades que nossa amizade vinha enfrentando, Nayara precisava entender, de uma vez por todas, que nós não seríamos nada além de amigos. Nadinha mesmo. Não seríamos nem caso de uma noite. Nem de meia noite. Nem uma rapidinha de cinco minutos no banheiro da faculdade. Não mais. Não depois de tudo o que aconteceu.
− Achei que ela tivesse voltado para o Brasil de vez – sondou com a boca retorcida em uma careta.
− Na verdade, ela vai morar em Buenos Aires. Conseguiu um emprego em um excelente jornal... Sua ida ao Brasil foi apenas burocrática. Ela voltou para ficar – pronunciar aquelas últimas palavras em voz alta fez o coração da minha amiga se despedaçar na mesma intensidade em que fez o meu saltar. Talvez eu estivesse sendo um filho da puta dos grandes, mas a sinceridade sempre foi o meu forte.
− Ah, certo... Que bom. Então nós... Nos vemos qualquer dia. Espero que aproveite as férias – ela estalou um beijo em minha bochecha e se afastou antes que ficasse emotiva demais. Eu não queria ter nada com ela, era verdade, mas também esperava que ela não fosse correndo se jogar nos braços do Gastón. Ela precisava entender de uma vez por todas que merecia mais que um imbecil machista qualquer.
A ansiedade estava acabando comigo. Liguei o carro e dirigi em direção ao aeroporto o mais rápido que pude. Estacionei o carro de qualquer jeito antes de sair correndo pelo galpão principal. Segundo meus cálculos, Marcela já devia ter chegado e eu a estava fazendo esperar alguns minutos. Sim, eu estava certo.
Marcela encontrava-se em uma das cadeiras do aeroporto, com uma infinidade de malas cercando-a. Fazer piada sobre ela estar trazendo a casa inteira não teria a menor graça, afinal, ela estava MESMO se mudando para cá. De forma definitiva (graças a Deus). Quando me avistou, ela abriu um largo sorriso e prontamente se levantou. Eu não esperava que ela corresse na minha direção nem nada do tipo (atitude que eu com certeza esperaria da minha cunhada), mas seus acenos efusivos foram muito mais do que eu podia esperar. Ela parecia feliz em ver tanto quanto eu estava por vê-la. Abraçamo-nos bem forte durante longos minutos. Eu estava com muita, muita saudade dela. Não pensei duas vezes antes de selar nossos lábios... Dane-se não sermos namorados. Dane-se ela estar apaixonada por outro cara (ela ainda nega, mas algo me diz que sim, ela está; o que é uma grande merda). Dane-se tudo, na verdade. Eu tinha certo direito sobre aqueles lábios, corpo e todo o resto que dizia respeito a ela.
Por sorte ou intervenção divina, ela pareceu de acordo com aquela pequena demonstração de carinho. Já estávamos bastante crescidinhos para não confundir as coisas. E também para lidarmos com elas. Havia, inegavelmente, algo que nos tornava próximos e íntimos de um jeito todo nosso.
− Eu precisava mesmo de alguns músculos para me ajudar com tudo isso... – murmurou de forma exagerada. Eu sorri e tratei de arrumar suas bagagens em dois carrinhos.
− Sentiu falta só dos meus músculos? – questionei-a com ressentimento fingido.
− Não, Noah... Senti falta de você inteiro. Não seja dramático!
Eu acabei rindo e...
Era bom ter Marcela de volta.
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Cheguei, meu povo! E, atendendo aos pedidos de vocês, não vou pular para o carnaval e vou contar o que acontece nesse meio tempo. Fiquei com medo da história ficar repetitiva, de ninguém querer saber e achar que estou enrolando, então resolvi pedir a opinião de vocês. O que seria de mim sem os melhores leitores de todo o wattpad, hein? <3
Aproveito para compartilhar que: EM JANEIRO, IREI A SÃO PAULO *FINALMENTE*o/// Quem me tem no facebook já deve estar sabendo da novidade, mas quem não tem, aqui vai: em janeiro, realizarei dois eventos literários ao lado de vááários escritores bacanas. O primeiro acontece aqui no Rio, na Livraria da Travessa do Barrashopping, no dia 17/01 às 15h. O segundo, acontece na Livraria Cultura da Av. Paulista (SP), às 16h. Já criei o evento no facebook e pouco a pouco compartilharei todas as novidades por lá :p
A outra notícia boa é que começarei a enviar os marcadores do Noah em breve.. Estou aguardando que cheguem da gráfica apenas. Portanto, fiquem de olho nas suas caixas de entrada, ok?
E por hoje é só <3 Não me delongarei muito porque estou viciado em "Jane the virgin" e quero continuar assistindo ao capítulo *também sou filha de Deus* hahhahah
Los quiero <3
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SINGULAR (degustação)
RomanceSINGULAR é um spin-off independente de PODER EXTRA G; narrado pelo Noah, personagem secundário da trama que ganhou muitos admiradores. Se você ainda não conhece a Nina, trate de ler sua história e dar boas risadas. Sinopse: Noah sempre quis s...