Capítulo 60

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A saudade que eu sentia da Rafa apertava a cada minuto. Nossa iminente separação rondava meus pensamentos de forma incansável. A quarta-feira de cinzas chegaria para roubar toda a cor dos últimos dias. Nunca cogitei viver um relacionamento à distância... Mas às vezes a vida tem disso, não é mesmo?

Quando finalmente voltei para o apartamento, a terça-feira já havia escurecido. Levei o dia inteiro preparando uma surpresa digna da minha ruivinha e eu estava torcendo para que ela gostasse. Antes de adentrar nosso apartamento, no entanto, esbarrei com Nicole e Camile no corredor. Cumprimentei-as como o cara educado que sou, mas não interrompi o meu caminho para ficar de conversa. Nicole sustentou seu ar de indiferença, enquanto Camile me lançou um olhar triste e dolorido. Bom, ela precisaria fazer mais do que isso pela amiga dela.

As duas entraram no elevador e eu invadi o meu apartamento, encontrando Rafaella jogada no sofá, perdida no livro com o qual a presenteei. Nunca, em toda a minha vida, eu havia acertado tanto em um presente! Tratei de jogar-me no sofá ao seu lado e rapidamente tive minha face tomada por beijos carinhosos e estalados. Segurei seu rosto entre as mãos e puxei-a para um beijo quente e demorado. Eu havia sentido tanta falta dela! Não nos separamos até que nossos lábios começaram a formigar. Marcela apareceu alguns instantes depois, implorando por junk food e sossego. Achei que talvez a Rafa quisesse sair um pouco de casa, mas ela pareceu feliz com a sugestão da minha amiga.

− Pizza ou hambúrguer? – questionei, procurando por deliverys na internet.

− Pizza e hambúrguer... Por que escolher um quando se pode ter os dois? – Marcela rebateu, enfatizando a conjunção coordenativa aditiva "e", enquanto erguia uma sobrancelha na minha direção. Bom, quem sou eu para discordar, não é mesmo?! Com a ajuda da minha melhor amiga, meus planos estavam prestes a começar.

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(por Rafaella)

Uma parte de mim queria ficar a sós com o Noah pela noite inteira. Trata-se de saudade antecipada, sei bem. Marcela, no entanto, precisava da nossa companhia para se distrair um pouco e parar de pensar no Stéfan e nas suas mentiras. E algo dentro de mim dizia que ela merecia esse esforço. Ela ou eu poderíamos ter feito o pedido pelo telefone, mas foi incrivelmente divertido ver o Noah se virar com seu portunhol fajuto. Ele não fazia ideia do que era alface e a atendente precisou repetir pelo menos cinco vezes para que ele conseguisse pronunciar a palavra para nós. Molho foi outra dificuldade danada!!! Ainda assim, ele havia conseguido cumprir sua missão com êxito. Estávamos jogados no tapete da sala, tentando explicar para o Noah a complicada situação política do Brasil naquele momento, quando o interfone finalmente tocou, anunciando a chegada do entregador.

Havia comida aos montes ali. Uma pizza imensa e três hambúrgueres (gigantes!) prontos para alimentar muito mais do que três pessoas. Prova disso é que todos se deram por satisfeitos e ainda havia restos mortais da recente comilança desenfreada por ali.

− Abram um espacinho para os biscoitos da sorte – Noah anunciou de supetão. Biscoitinhos da sorte???

− Desde quando fast food tem biscoitinho da sorte? Achei que isso fosse uma característica exclusiva dos restaurantes chineses – toda essa frase saiu um pouco embolada, considerando minha surreal preguiça até para falar depois de me afogar num mar de comida que não presta.

− Todo mundo merece ter sorte, não só os chineses – Marcela ponderou. Noah jogou um biscoitinho na direção dela, que levantou a mão direita para pegá-lo no ar.

Em seguida, lançou outro na minha direção, que passou direto pelas minhas mãos estendidas e bateu na minha testa!!! Quão ridículo isso é? O suficiente para fazer todos os presentes rirem de mim, é claro. Todos abriam seus pacotinhos... Dividi meu biscoito no meio, enfiei um lado dentro da boca e tratei de retirar o papelzinho dobrado que se escondia em seu interior. Eu esperava um provérbio chinês vago ou genérico, mas apesar da simplicidade daquela frase, só li verdades nela:

"A noite de hoje jamais será esquecida.

Talvez seja a melhor da sua vida."

Aquela frase pequenina e aparentemente inocente, não saiu da minha cabeça pelos minutos e horas seguintes. É claro que aquela seria uma noite especial... Seria a última do carnaval; a última ao lado do Noah antes de ele partir de volta para Buenos Aires. Ainda assim, havia algo diferente no ar. Uma expectativa incandescente que dificultaria um sono tranquilo e acolhedor. Se bem que... Com Noah sem camisa logo ao lado, quem é que vai pensar em dormir, não é mesmo?!

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QUERIDOS, CHEGUEI ♥ (estilo família dinossauro, rs #nostalgia).
O capítulo de hoje foi curtinho e a culpada é essa minha tosse que não me deixa pensar direito [aaa] Minha cabeça e meu peito doem a cada tossida nova (que acontece muitas vezes por minuto, argh :@). Semana que vem eu embarco para Poços de Caldas e preciso ficar ÓTEMA até lá!!! Me mandem toda positividade possível, combinado? Quero estar boa para ver meus leitores na Flipoços o/// 

O Noah está aprontando... A questão é: o que será que vem por aí? Deixem seus palpites nos comentários e vamos ver quem acerta :p E me digam... Vocês já prepararam seus corações para a despedida deles? Porque eu, sinceramente, não estou sabendo lidar u.u 

E já chega, né? Preciso continuar trabalhando com essa fucking tosse chata. Pelo menos a febre e os sintamas da sinusite já me largaram, hahaha! Beijocas, meus lindos. E até quarta que vem, direto de Poços de Caldas :D 

Ps.: O vídeo da capa eu gravei com outro escritor e o resultado ficou suuuuuuuper divertido. Confiram e me digam ;))

Câmbio,
desligo. 

SINGULAR (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora