NOVA VERSÃO - CAPÍTULO 02

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            − Você quer me explicar alguma coisa? – ela perguntou baixinho, desviando o olhar do meu packer e fixando-o nos meus olhos.

Pela surpresa em seus olhos, fico me perguntando se ela realmente sabia de alguma coisa, porque parecia que não. Não tinha contado nada a ela, mas supus que a Nina tivesse comentado algo... E então me dou conta do quão estúpido sou (e me odeio por isso). Como pude imaginar que a Nina, a mulher incrível por quem criei uma admiração enorme em pouquíssimo tempo, teria contado algo tão íntimo a meu respeito, ainda que para sua melhor amiga?! Só agora percebo o tamanho da minha estupidez.

− Vou entender se quiser desistir – garanti, embora soubesse que meu coração e minha autoestima não aguentariam duas porradas no mesmo dia. − Você não sabia que sou um homem trans... Pensei que a Nina tivesse lhe contado... – afirmei e me encolhi de imediato. Sabe a pokebola imaginária da qual a Nina não se cansa de falar? Agora seria um ótimo momento para ser sabiamente tragado para dentro dela.

− Você achou que ela teria me contado algo que diz respeito somente a você? – sua risada é ácida e não tenho certeza se isso é um bom sinal. − Minha amiga jamais sairia espalhando a sua intimidade por aí, nem mesmo para mim. Isso tem a ver com você e com as pessoas com quem vai se envolver... Mas não se preocupe – eu podia sentir a respiração dela contra o meu rosto – eu não vou fugir ou te olhar diferente por isso. Eu apenas gostaria que você tivesse me contado antes. Espero, de verdade, que tenha deixado de me contar sobre este "detalhe" por simples esquecimento, e não por falta de confiança. Isso não combina com você, Noah.

− Não, não é isso... É só que... – apesar da forma empática com a qual estava lidando com a situação, eu não conseguia fitá-la, erguer o rosto em sua direção. É óbvio que a Marcela notou esse pequeno detalhe e segurou o meu queixo para que eu a fitasse. Ainda trazia aquele sorriso estonteante na face.

− Olhe para mim enquanto nos falamos – pediu-me, sem parecer rude.

− Acho que estou um pouco constrangido – confessei com extrema sinceridade. – Eu sempre contei... É que... Nunca tive que explicar isso completamente nu – não sei se já posso me sentir aliviado ou se ainda devo nutrir algum tipo de receio. Sinto-me em dúvida e não tenho muito tempo para pensar nisso.

− Nada de ficar sem graça comigo, querido. Se você ainda não percebeu, não tenho necessidade de ficar classificando as pessoas. Tanto faz se você é trans ou não... Você é lindo, simpático, fofo, gostoso pra cacete e desperta meu lado mais abusado e primitivo. E nada disso mudou, Noah – com calma e naturalidade, ela segura minha mão e a leva até o seu seio. Prendo a respiração. – Podemos continuar? – foi uma pergunta totalmente retórica, devo esclarecer. Marcela não esperou por respostas. Ela mordia o lábio inferior enquanto espalmava suas mãos em meu peito e começava a engatinhar sobre o meu corpo.

Eu queria pensar a respeito do que tinha acabado de acontecer, mas não tive tempo para isso. Marcela estava ali e parecia a mesma de instantes antes. Saber que eu era transgênero não diminuiu em nada o desejo que ela sentia por mim. Aquilo me deixou incrivelmente feliz e confiante... Parece que a Nina não é a única que pode me enxergar do jeito que sempre desejei.

Quando a sua boca cobriu a minha, ela devia achar que estava no controle. Mas não, ela definitivamente estava equivocada. Não quando eu me sentia tão bem comigo mesmo, tão dono dos meus atos. Rolei na cama sobre o seu corpo, deixando-a por baixo. Ela queria falar algo, mas a silenciei com um beijo feroz. Puxei seu cabelo, enquanto permiti que minha língua percorresse e explorasse cada centímetro de sua boca. Sua língua quente e ávida tentava fazer o mesmo, interrompendo-se apenas quando um gemido desesperado ganhava vida em seus lábios.

SINGULAR (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora