Capítulo 67

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            Não! Infelizmente Rafaella não usaria a passagem naquele exato momento. Era óbvio que ela queria (e eu também), mas o feriado chegava ao fim e ela precisaria retomar suas aulas e obrigações (assim como eu). Ainda assim, ingressei na sala de embarque com a promessa de que nos veríamos o mais rápido possível. Nossa despedida foi repleta de beijos, abraços, lágrimas e saudade. Até Manoel ficou emotivo e acabou se emocionando também. Marcela apenas revirava os olhos, bufando com tamanho drama. Ela bem que podia tentar nos enganar com seu título de rainha do pouco caso, mas todos sabemos bem que ela não é tão indiferente quanto aparenta ser.

Dentro da sala de embarque (e já sendo consumido por uma terrível saudade) esperamos alguns minutos até encontrarmos Nícolas e Nina. Os dias em Paraty fizeram muito bem aos dois, sem sombra de dúvidas. Com sorrisos largos e um bronzeado renovado, os dois nos receberam de braços abertos e cheios de histórias para contar. Marcela, no entanto, queria ser a primeira.

− Noah está apaixonado – revelou sem rodeios. É claro que meu irmão e minha cunhada já suspeitavam disso. Mas Marcela fez questão de contar cada mínimo detalhe do que eu havia feito para a minha ruivinha. O momento foi levemente constrangedor, admito. Do jeito como ela falava parecia que eu era um stalker psicopata, e não o cara romântico que, de fato, sou.

****

Nós podíamos perfeitamente chamar um táxi para nos levar de volta para casa. Elena, no entanto, "morria de saudade dos seus garotos" (palavras dela) e achou que seria uma ótima ideia nos buscar no aeroporto. A porta da sala de desembarque se abriu e o sorriso da nossa mãe se iluminou com a nossa presença. Animadamente, ela acenou para nós e mostrou o que trazia em mãos: os melhores biscoitos caseiros de todo o mundo. Abri um sorriso escancarado. Não só pelos biscoitos, é claro. Mas pelo conjunto da coisa toda (ok, admito, os biscoitos têm grande parcela de culpa).

Meu sorriso frouxo, apesar disso, cometeu suicídio ao se dar conta de quem estava ao lado dela: Pietro. O que o pai do crápula do Stéfan fazia ali? Trinquei os dentes e me aproximei, tentando não revelar o incômodo que sentia. Esmaguei minha mãe entre os braços até tirá-la do chão. Eu fazia isso desde os dezesseis, quando comecei a ganhar músculos e ficar forte. Tentei ignorar a presença do Pietro durante o maior período de tempo possível, mas não deu muito certo. Elena voltou sua atenção para ele, me obrigando a notar sua presença. Como eu havia sido muito bem educado pela mulher diante de mim, precisei cumprimentá-lo, apesar da falta de vontade.

− O que faz por aqui? – perguntei, incapaz de esconder minha curiosidade com toques refinados de frustração.

− Stéfan também está voltando de viagem... Deve chegar nos próximos minutos – ah, claro! Eu devia ter imaginado. Ainda assim, me pareceu prudente darmos o fora antes da chegada do maldito. Marcela, mais do que ninguém, aprovou a ideia.

Saímos do aeroporto às pressas. O carro não estava parado muito longe dali. Foi difícil acomodar todas as nossas malas, mas com jeitinho acabou dando certo. Deixamos Nico, Nina e Marcela em seus respectivos apartamentos e só então seguimos para o nosso. Havia um delicioso jantar à minha espera... Morar com a minha mãe ainda tinha lá suas vantagens! Ela não cansava de me mimar e eu não cansava de ser grato por isso.

Jantei, tomei um banho revigorante e finalmente me joguei na cama. Já era um pouco tarde e Rafaella provavelmente estaria dormindo. Limitei-me a uma mensagem de texto apenas:

"Já estou em casa, minha ruivinha. E sentindo sua falta.
Descanse e nos falamos amanhã."

Não demorou para que eu pegasse no sono. Rafaella invadiu e ocupou todos os meus sonhos. No dia seguinte, acordei com uma mensagem dela.

"Seu cheiro está impregnado em todos os cantos do meu cafofo.
Sentimos sua falta."

Uma simples mensagem dela foi capaz de me encher de alegria e disposição. Eu vivia com preguiça quando o assunto era a minha faculdade. Lendo aquelas palavras logo cedo, entretanto, eu resolvi me apressar para que o primeiro dia impregnado pela sua ausência física passasse depressa. Funcionou, mas só em partes. Encontrei com a Nayara no intervalo da segunda aula, e tendo visto minhas recentes publicações nas redes sociais, ela ficou curiosa a respeito da Rafa. Não dei muitos detalhes. Ela estava visivelmente curiosa para saber se Rafaella e eu tínhamos chegado aos finalmente e, principalmente, como ela havia reagido ao fato de eu ser trans. Acontece que: ISSO NÃO É DA CONTA DE NINGUÉM! Em momento algum ela perguntou se eu me senti confortável com o assunto ou se queria discuti-lo com ela. Ela e o cara do curso de alemão estavam namorando sério, mas eu não ficava fazendo perguntas íntimas a respeito. Encarei o relógio e vi que minha terceira aula estava prestes a começar. E foi com essa desculpa que escapuli da nossa conversa invasora sem pé nem cabeça.

A manhã passou depressa. Havia combinado de me encontrar com Martín e Candela no final da tarde, mas antes precisava adiantar os trabalhos atrasados. Resolvi almoçar em um dos meus restaurantes preferidos e como sabia que minha mãe almoçava por volta daquele horário, resolvi convidá-la. Ela chegou ao restaurante poucos minutos depois de mim. Embora estivesse sorrindo, parecia estressada e cansada. No dia anterior sua testa não exibia tantos vincos. Ela me lançou um sorriso cansado, antes de se jogar na cadeira à minha frente e chamar o garçom. Pediu uma taça de vinho, comprovando minha teoria de que havia algo a chateando.

− Você está com algum problema – era uma afirmação. – No que posso ajudar?

− A gerente da La Boutique pediu demissão e eu não tenho ninguém de confiança para ocupar o posto dela – suspirou. O garçom se aproximou e deu uma pequena prova do vinho para ela experimentar. Após a sua aprovação, ele a serviu. E nesse preciso momento tive a sensação de que uma lâmpada se ascendia na minha cabeça.

− Acho que posso te ajudar – revelei, feliz pela forma como o Universo sempre conspirava a nosso favor.

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HELLOOOOOO, poderosos ♥ Amanhã é feriado e é claro que eu não podia deixá-los sem um capítulo novo para aproveitar, né? *-* Estou sofrendo pela distância dos nossos pombinhos amados, mas sei que ainda tem muita coisa boa vindo por aí *-* Incluindo a forma como Noah pretende ajudar sua mãe... Alguém arrisca um palpite? :p 

Falta pouquinho para atingirmos 200 mil leituras :O Posso contar com a ajuda de vocês para alcançarmos esse número bem rapidinho? É muito simples! Indique a história para um amigo que ainda não a conhece e vamos trazer mais leitores para o lado singular da força :p 

Quero desejar um feliz dia do orgulho nerd e um ótimo feriado para todos e lembrar que na sexta tem capítulo novo e no sábado é dia de evento na livraria da travessa do Barra Shopping, às 15h ♥ Yaaaaai! Até lá, pessoal. 

Câmbio,
desligo.

 Câmbio,desligo

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