[NOVA VERSÃO] CAPÍTULO 12

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Chegamos cedo ao aeroporto de Ezeiza, o que era um bom sinal. Eu estava ansioso e a ideia de perder o voo ou não conseguir lidar com alguma eventual confusão, era aterrorizante. Fizemos o check-in com toda a sua chatice burocrática e iniciamos nossa busca por um bom lugar para comer. Havíamos saído de casa sem o café-da-manhã e embora não tenha as generosas curvas da Nina, eu também precisava me manter de pé.

Enquanto me decidia entre uma torrada com manteiga e uma baguete de peito de peru, percebi que os olhinhos da minha cunhada brilhavam na direção de uma (aparentemente apetitosa) lasanha de frango. Estava muito cedo para devorá-la, então acabamos optando por comidas mais leves mesmo. Fiquei com a baguete, acompanhada de um suco de laranja (o meu preferido).

− Nossas fantasias ficaram muito maneiras – comentei, após um demorado gole de suco, quebrando o silêncio da mesa.

− Já falei para vocês o que acho disso... – Nina comentou com uma careta, mostrando (de novo) reprovação.

− Para de ser chata – foi a vez da Marcela, que tomava seu iogurte. – She-Ra e He-Man são maravilhosos e nós estamos à altura deles.

− Mas eles são irmãos... Gêmeos!!! E vocês vivem se pegando. É tipo incesto, já disse – sim, ela já havia dito isso tipo, um milhão de vezes.

− Não é vida real, para de se atentar a muitos detalhes – Nico, com toda sua sabedoria, expressou, tentando segurar o riso.

− Nossas fantasias estão muito mais condizentes, desculpa aí – essa era Nina, novamente se gabando por sua brilhante ideia.

− A Feiticeira Escarlate e o Visão nem são um casal tão incrível assim... Eles não ficam juntos, caso você tenha se esquecido. Sem contar que seus corações estão cheios de desejo de vingança. E ela ainda é a Rainha do Caos e da Manipulação... Até que combina bem com você – Marcela piscou na direção da melhor amiga, que bufou com os argumentos expostos.

Nina pretendia rebater e expor seus (inúmeros) argumentos (de novo) sobre seu casal preferido da Marvel mas, sabendo que isso nos levaria a uma interminável discussão, Nico simplesmente a beijou, fazendo com que todo seu falatório desenfreado fosse esquecido. Eu e Marcela nos entreolhamos, agradecendo Nico em pensamento.

Como verdadeiras crianças que somos, iniciamos a primeira partida de stop ali, no aeroporto mesmo. Havíamos combinado que, enquanto estivéssemos juntos, não ficaríamos grudados em nossos celulares. Nina, como sempre, levava a palavra competição muitíssimo a sério, o que chegava a ser engraçado.

− É claro que cerúleo é uma cor... Não tenho culpa da ignorância de vocês sobre o amplo universo das cores – defendia. – Coloquem no Google!

Ou...

− É claro que existe flor com H... Hydnora africana é uma flor, coloquem no...

Google – todos completamos em uníssono. Foi impossível segurar a gargalhada coletiva que veio a seguir.

Acham loucura? Ela não parou por aí...

Salmonberry é uma fruta deliciosa, vocês deviam experimentar – dizia.

− Parece uma combinação barata de salmão com blueberry... – era Marcela, provocando a melhor amiga como só ela sabia fazer.

− Não me culpe pelo seu limitado conhecimento de mundo...

E eu poderia ficar citando as loucuras dela o dia inteiro, mas acho que já está de bom tamanho, não é mesmo? Até pessoas estranhas haviam se intrometido em nossas conversas para expor suas opiniões. Muitas delas concordavam com a Nina, o que era um deleite enorme para ela. Sim, ela havia ganhado de lavada.

SINGULAR (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora