SINGULAR (degustação)

Capítulo 61

(por Rafaella)

Já passava das duas da manhã quando Noah e eu finalmente nos entregamos ao sono e ao cansaço. Embora eu ainda detivesse o título oficial de "virgem", havíamos feito tantas coisas inéditas e incríveis, que ficava difícil acreditar que o sexo ainda pudesse se tornar algo melhor que aquilo. Sem contar as descobertas que eu havia feito nos últimos dias acerca de mim mesma: Sinto cócegas no interior das coxas (tal novidade nos foi revelada enquanto Noah arrastava seus lábios pela região, me arrancando uma crise de risos ao invés de um punhado de suspiros); tenho seios muito sensíveis e sou capaz de ter um orgasmo apenas com a estimulação criativa deles (ou talvez o Noah seja incrivelmente habilidoso no uso simultâneo da boca e das mãos); sinto tesão nos pés (ou, novamente, talvez seja apenas culpa da criatividade do meu companheiro).

O ar condicionado funcionava na temperatura mínima, na tentativa de refrescar nossos corpos quentes e suados, que se recusavam a se separar naquela noite. Quando o despertador tocou, tive aquela sensação de quem sente que acabou de pegar no sono. Encarei o relógio na cabeceira da cama e constatei que meu corpo não me traía: de fato, havíamos dormido muito pouco. Eram seis da manhã!!! Noah não estava mais ao meu lado, o que pareceu suspeitíssimo. Onde ele havia ido tão cedo? E por que o despertador tocava incessantemente na mesa, me obrigando a levantar da cama?!

Embora sentisse cada pedacinho do meu corpo latejar e protestar, me levantei e dei passos preguiçosos até a mesa, onde o meu celular fazia um alarde tremendo. Peguei o aparelho para desligá-lo, mas uma mensagem na tela chamou a minha atenção:

"Vá até a sala para o X encontrar. Em cima dele precisará
se posicionar, para a primeira surpresa revelar!"

Mas, mas... Que raios estava acontecendo? Aquilo era charada? Um desafio? Uma surpresa? Tudo ao mesmo tempo, talvez? A ausência do Noah me deu uma única certeza: aquilo era coisa dele. E se no nosso último dias juntos ele queria jogar, bom, eu entraria no jogo. Fui até a sala e, de fato, havia um enorme X de fita vermelha no chão. Logo à sua frente, havia algo do meu tamanho coberto por um pano preto. Quanto suspense! Segui a primeira instrução e me posicionei bem em cima da letra, finalmente enxergando a segunda dica, colada no pano preto:

"Puxe-me quando posicionada estiver e descubra
como é a Rafaella aos olhos do Noah!"

Com um misto de curiosidade, ansiedade e nervosismo, tratei de puxar o pano preto e me deparei com um enorme espelho a minha frente. O espelho de corpo inteiro possuía uma espécie de marcação, além de várias coisas escritas. O formato ali desenhado era o do meu corpo: de maneira muito surreal, cada uma das minhas curvas estava estampada ali. E havia algumas setas, indicando pequenos parágrafos escritos também na superfície espelhada. Resolvi começar de cima para baixo.

Na altura dos olhos, a primeira seta indicava: "Olhos doces, gentis e ao mesmo tempo sedutores. Minha combinação preferida!" Tentei imaginá-lo bem ali, atrás de mim, sussurrando cada uma daquelas palavras contra o meu ouvido. Senti um arrepio percorrer meu corpo e resolvi seguir para a próxima seta, localizada na altura da minha boca. "Lábios macios e carnudos que se encaixavam com perfeição nos meus; sorriso provocante, meigo e sexy. Covinhas de tirar o fôlego!"

Sorri sozinha lendo cada uma daquelas palavras. Sempre gostei muito dos meus lábios e das minhas covinhas, mas desde que ganhei peso, me esqueci de me concentrar nas coisas realmente positivas do meu corpo. Eu só conseguia me lembrar daquilo do qual eu não gostava. E talvez esse fosse exatamente o motivo para aquela surpresa.

A seta seguinte me esperava entre os meus ombros e os meus seios: "Sardas encantadoras; colo convidativo. Seios fartos, maravilhosamente desenhados." Meus seios aumentaram consideravelmente depois do ganho de peso. Era difícil me acostumar com eles, para ser sincera. Estava habituada a usar a roupa que quisesse, sem nunca me preocupar com sutiãs. O crescimento repentino deles me deixou insegura e receosa sobre o que vestir. Mas Noah gostava tanto deles... E sempre me diz que eles são perfeitos, e sabe, talvez ele tenha razão. Aquela Rafaella era muitíssimo diferente da Rafaella que eu sempre fui, mas "diferente" não precisa significar "pior", não é mesmo? Noah mesmo era a prova de que "diferente" podia ser único, ser extraordinário.

Havia uma anotação na altura da minha barriga, que eu tanto me esforçava para esconder e qual sempre me envergonhava. Noah, ainda assim, tinha algo de positivo a dizer acerca dela: "Curvas sinuosas, atenção redobrada! Gostosa na medida certa: aprecio sem moderação." A risada que se seguiu foi inevitável. Imaginei-o com um sorriso safado no rosto, pronunciando cada uma daquelas palavras com os lábios colados nos meus. Uma de suas sobrancelhas provavelmente se ergueria na minha direção.

Na altura das minhas coxas o recado era direto e reto: "Perdição!" Lembrei-me da minha recente descoberta (a das cócegas!) e não contive o riso novamente. Rapidamente meus olhos rolaram para o último recado gravado no espelho: "Nunca conheci ninguém que conseguisse ser sexy apenas com os pés. Você é inteiramente maravilhosa, Rafa. O que mais preciso fazer para convencê-la disto?"

E então lá estava eu... Parada no meio da sala, sozinha, diante de um espelho que finalmente me permitia me enxergar com outros olhos. O choro e o riso se confundiram. Jamais esqueceria aquele momento, onde finalmente me olhei de forma mais gentil e positiva. Eu não deveria ter demorado tanto para compreender a mulher incrível que sou e que posso ser. E talvez eu ficasse absorta naquele estado pelas horas seguintes, mas havia um bilhete no chão, preso pelo espelho. Tratei de pegá-lo e: "Onde você conheceu o Frajola, uma surpresa está a te esperar." Respirei fundo, troquei de roupa e parti para o parque lage, que, segundo meus conhecimentos, deveria estar fechado. Ainda assim segui, pois confiava nos planos do Noah.

O que estava à minha espera exatamente? Eu saberia em breve! 

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Olá, poderosos e singulares de plantão ♥ Cheguei cedo por aqui *-* Já estou em Poços de Caldas e a partir de amanhã os leitores da cidade já poderão me encontrar na Flipoços :D Tenho uma palestra amanhã mesmo, às 9h, na Arena Cultural, com a querida Iris Figueiredo. Depois disso, estarei no espaço dos escritores independentes... É só me procurarem por lá! Fico na feira até domingo e espero poder conhecer muitos leitores do Sul de Minas :p

Sobre o capítulo de hoje: é o primeiro dos vários narrados pela Rafa que virão. Afinal, se fosse o Noah narrando, estragaria todas as surpresas, não acham? :p Espero que vocês gostem e que as doses de fofura de todos vocês fiquem elevadíssimas, rs! 

E não vou me delongar mais, pois ainda tenho muito o que fazer, haha. Nos vemos na próxima sexta, combinado? Até lá ♥

Câmbio,
desligo.