VERSÃO ANTIGA

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De quantas formas diferentes é possível sofrer? Devo dizer que já perdi a conta. E também já desisti de tentar entender esse estranho funcionamento. Um sofrimento nunca é igual ao outro. E não importa quão preparados estejamos, sempre vai doer de um jeito diferente; inédito.

Quarta-feira. Já acordei sabendo que aquele não seria um dia fácil. As coisas com Gastón pareciam melhores, é verdade. Eu o havia levado ao hospital, onde ficara constatado que seu nariz estava realmente quebrado. Não me desculpei. Ele havia praticamente implorado por isso e eu ainda o levara ao hospital... Quantos homens além de mim fariam o mesmo? Mas, não era por causa desse imbecil que as coisas não seriam fáceis. O que tornava tudo complicado era...

A partida da minha cunhada, a quem julguei, de forma equivocada, como a mulher da minha vida. Era estranho, mas Nina havia mudado completamente a dinâmica daquela família; da nossa família. Era bastante óbvio que ela não queria partir e era ainda mais óbvio que estávamos totalmente de acordo com ela em relação a isso. Fui para a faculdade tentando não pensar a respeito. Nayara estava à minha espera, mas preciso confessar que não estava muito no clima para conversar com ela. Nem para olhar para a cara dela. Nem para nada que tivesse a ver com ela. Eu não estava puto da vida nem nada (ok, talvez um pouco), mas tudo que nos envolvesse, envolvia também uma certa dose de drama, para a qual eu não estou nem um pouco disposto.

Passei direto, fingindo (muito porcamente) não enxergar seus acenos na minha direção. Mandei uma mensagem de texto para a Marcela, dizendo que estava com saudades... Ela com certeza encontraria um jeito de levantar o meu astral. Mal podia esperar pelo seu regresso.

Quando a aula por fim acabou, fui me encontrar com Candela e Martín, meus colegas do grupo de apoio, para um agradável almoço. Candela era "a garota nova", na verdade, e ter lhe oferecido uma carona meio que nos aproximou. A questão é que Martín estava totalmente caidinho por ela, então meio que me usou para se aproximar da novata. Basicamente eu estaria presente naquele restaurante para segurar vela. Bem, o que não fazemos pelos amigos, não é?

Eu esperava, com todas as forças, que os dois dessem certo. Ambos haviam passado por tanta coisa... Com certeza conseguiriam se ajudar e compreender mutuamente.

− Olá, meninos – cumprimentou assim que chegou. Martín e eu estávamos sentados batendo papo e levantamos imediatamente para recebê-la. Sim, somos perfeitos cavalheiros.

− Bem-vinda de volta – cumprimentei com um sorriso. Martín, coitado, parece ter perdido a fala. Ele sorriu de um jeito bobo que, eu esperava, derretesse o coração de Candela.

Embora não fosse adequado, pedimos uma pizza. E não precisamos nos esforçar para manter uma conversa agradável. A coisa toda simplesmente fluiu... Pedi licença para ir ao banheiro e mandei uma mensagem de texto para a Marcela, pedindo para que ela me ligasse em vinte minutos. Ela não me fez perguntas, apenas atendeu o meu chamado... Deus abençoe essa mulher!

Eu tinha acabado de comer a sexta fatia de pizza quando o telefone tocou. Marcela.

− Ah sim, claro... Não se preocupe, cuidarei disso. Agora? Nesse exato minuto? Bem, sem problemas, chego aí em... Hm... Dez minutos.

− Vou querer uma explicação depois, gatinho – foi tudo o que Marcela disse após o meu discurso que não lhe fez nenhum sentido.

Anunciei que tinha uma emergência familiar e me desculpei por precisar me ausentar no restante do nosso almoço. Ninguém pareceu se importar. Não precisei pagar por nada, já que Martín, que me usava como isca, tinha tido a decência de pagar pela coisa toda. Antes de sair, porém, peguei mais um pedaço de pizza.

− Fase de crescimento – justifiquei para em seguida dar mais uma mordida.

****

A noite havia chegado mais depressa do que deveria. Nico, minha mãe e eu seguíamos para o aeroporto Ezeiza ao lado da Nina. O tempo estava péssimo. Chovia forte e o trânsito acabou nos atrasando um pouco. Nada muito preocupante. Preocupante mesmo era ter que dizer adeus; ter que ver a Nina decolando em um avião de volta para casa, quando na verdade, ela já estava em casa. Sem contar que o tempo fechado ainda nos dava uma preocupação extra. Minha mãe a abraçou e se despediu com todo o carinho que já nutria por ela. Em seguida foi a minha vez... Eu a abracei bem forte e senti sua coluna estalar entre os meus braços. Segurei seu rosto entre minhas mãos e notei que não era o único emocionado da história. Nina também parecia prestes a ter uma crise de choro. Tornei a abraçá-la, dessa vez, sussurrando contra seu ouvido...

− Você é incrível, Nina. Nunca permita que a façam se sentir menos do que isso. Você é maravilhosa e eu cheguei a acreditar que estava apaixonado por você... Mas você significou muito mais que isso para mim. Você me mostrou que eu preciso me amar e que se o fizer, outras pessoas o farão. Você estava certa, Nina. Logo depois que comecei a te ouvir, encontrei a Marcela, que me aceitou do jeito que eu sou. Não compartilhamos uma paixão intensa e avassaladora, como você e o meu irmão, mas vocês duas, de formas diferentes, me mostraram que eu sou um homem merecedor de vivenciar e compartilhar tais sentimentos. O que vocês fizeram por mim, não há "obrigado" que agradeça.

Certo. Aquilo foi o suficiente para que nosso emaranhado humano de despedida se tornasse um remake barato de novela mexicana. Ela chorou, eu chorei, todos choramos.

− Diferente é bom, Noah − eu sussurrei de volta. − É único... É singular.

Eu achei que aquilo não pudesse ficar mais dramático, mas ficou. Porque meu irmão fingiu estar morrendo de ciúmes e se aproximou da sua garota, mostrando que, para ele, tudo aquilo era ainda mais difícil. Minha mãe e eu nos afastamos um pouco, a fim de dar um pouco de privacidade para o casal.

Quando Nina entrou na sala de embarque, não havia muito o que pudéssemos fazer. Estávamos voltando para o nosso apartamento, quando Nico resolveu ficar. Meu irmão disse que só sairia dali depois de ver o avião da sua amada tomando os céus rumo ao Brasil. Aquilo parecia masoquismo demais até mesmo para ele, mas não discutimos. Conhecemos Nícolas bem o bastante para saber que não adiantaria.

Voltamos para nosso apartamento e... Menos de duas horas depois, Nico estava de volta.

Com Nina logo ao lado. 

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Oi, gente. Sei que já são mais de meia noite, mas ainda não dormi, então ainda é sexta, né? Tenho certeza que vocês compreenderão o atraso dessa mera mortal que está mais enrolada que carretel de linha, mas ainda assim não fura com vocês <3 Amanhã, como já disse, vou para a Rio das Ostras.. Vou participar da primeira edição da feira literária da cidade, então precisei adiantar várias coisas, arrumar muitas outras e ainda precisarei tirar um tempo para continuar trabalhando durante a viagem, hahaha. Vida de escritora não é fácil, não! Se tiver alguém aí da região dos lagos, façam favor de ir me encontrar amanhã, hein? <3 Meus livros estarão à venda e eu levarei muitos marcadores e amor para dar *-* Estarei lá de 17 às 18h, no espaço do escritor. Têm mais infos no meu facebook.com/pontedecristal ;) 

Quero uma opinião de vocês... Quando idealizei Singular, tinha pensado em contar a versão do Noah dos mesmos fatos de PEG só até aí e depois pular para o carnaval na Cidade Maravilhosa. Mas aí fiquei pensando... Será que vocês gostariam que eu descrevesse outros acontecimentos? Como o casamento e tudo o mais? O lance com a Nayara e as histórias paralelas (tipo a da Candela) também terão desfechos, mas só lá pra frente... Então sei lá, quero a opinião de vocês para me decidir nesse sentido. Vocês me ajudam? *----------*

Agora vou correr porque tenho que terminar de arrumar minha mala... SOCORRO! ahahhaha

Até quarta feira nesse mesmo wattcanal :p 



SINGULAR (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora