[NOVA VERSÃO] CAPÍTULO 11

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Casamento. Palavra com apenas quatro sílabas, mas com significado imensurável. Nina, por sorte, já havia entendido isso. Ela havia escolhido dividir sua vida com o meu irmão e não havia palavra ou expressão capaz de suavizar uma escolha tão importante. Se sem casamento algum ela já é o drama em pessoa, com a proximidade dele ela estava à beira de um ataque de nervos, completamente louca e surtada. A tão aguardada cerimônia se aproximava de forma veloz. Os dias passavam tão rápido, que era difícil acreditar que aquele ano poderia ser considerado igual aos outros, por todas as coisas que tinham acontecido, ou talvez por todas as coisas que ainda iriam acontecer.

Quando por fim celebramos a chegada de um novo ano, eu relaxei um pouco. Todos estavam surtando com os preparativos do casório, exceto eu. É claro que eu estava feliz, ansioso e tal, mas não estava disposto a ser mais um naquela espiral doentia de negatividade. Ah, sim! Porque todos só conseguiam pensar nos "e se" da questão.

Nina já estava empregada. Os negócios da minha mãe prosperavam de forma assombrosa. A livraria do meu irmão seguia com bons números. Marcela estava muito satisfeita com seu emprego, apesar de ter variações de humor constantes por causa do Stéfan. E eu estava apenas de férias. Minhas únicas obrigações eram o grupo de apoio, as consultas médicas, bem como as aplicações de testosterona. Fora isso, minha vida estava um marasmo danado. Depois de experimentar meu traje de padrinho (pela centésima vez), resolvi visitar Martín e Candela. Aquela união relâmpago parecia estar dando muito certo. Quando cheguei ao apartamento, quase não o reconheci. O ambiente extremamente masculino e sem vida do Martín havia sido renovado pelo toque feminino e de extremo bom gosto da Cande.

− Uau... Está parecendo outro lugar – reagi de imediato assim que passei pela porta.

Eles haviam preparado uma deliciosa lasanha de presunto para o almoço. Ceci também se juntou a nós. Tivemos uma tarde muito agradável. Principalmente para mim, já que naquele núcleo, o assunto não girava em torno de nenhuma cerimônia de casamento... O que era um alívio. Falamos sobre diversos assuntos e jogamos twister, o que foi muito, muito, mas muito engraçado. Fazia tempo que eu não me divertia de forma tão despretensiosa. Cande se entrosara de tal forma que parecia nossa amiga de infância. Apesar de sempre ter gostado da Ceci e do Martín, acho que Candela foi a responsável por estreitar nossos laços.

Eu havia tentado convencê-los de se juntar a nós na nossa aventura carnavalesca, que aconteceria no mês seguinte. Ceci pulou fora, alegando que odiava aglomerações festivas, o que eu já sabia. Martín e Candela não poderiam ir, pois a grana estava curta. Martín trabalhava e sustentava os dois, no momento. Cande estava tentando conseguir um emprego, mesmo que temporário, mas o fato de ser trans não estava ajudando. É claro que sempre a dispensavam com outras desculpas, mas elas eram tão absurdamente sem sentido, que ficava muito claro o motivo de sua dispensa.

O grande dia finalmente havia chegado e teria sido maravilhoso, não fosse...

A aparição indesejada do meu, digo, do Miguel.

Respirei fundo e tentei aliviar a tensão acumulada em meus pulsos, mas acho que foi em vão. Os convidados, principalmente os mais próximos de nós, notaram que algo não estava certo. Houve um burburinho, mas não tive tempo de dar muita importância a ele. Aquele homem não tinha o direito de estar aqui. Na verdade, ele não tinha mais direito a nada na nossa família. Afinal, por livre e espontânea vontade, ele a abandonara. O casamento do meu irmão mais velho era resultado de uma vida correta, cheia dos melhores valores passados por nossa mãe. Miguel não fazia parte daquilo, então não tinha o direito de comemorar qualquer que fosse a nossa vitória e a audácia dele em aparecer naquela cerimônia era um golpe duro de receber. Trinquei os dentes, cerrei os punhos e me controlei para não voar para cima dele.

SINGULAR (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora