'' Os homens semeiam na terra o que colherão na vida espiritual: os frutos da sua coragem ou da sua fraqueza'' Allan Kardec
O dia estava nublado, com tendência à chuva e estava frio, o inverno se pronunciava nas veredas das campinas que se via ao longe. Sentada à janela, ela tecia uma blusa e algo à incomodava muito, estava inquieta, sentia que faltava algo e não entendia. Olhou no espelho que estava embaçado por causa da panela que fervia, se via através dele, gostava do que via... Cabelos longos e trançados, a pele branca como a neve, os olhos amendoados tinham um brilho especial, seriam a cor de mel?
Uma imagem veio como um raio, um rosto passou na sua frente muito rápido, mas não pode ver, mas quem seria ele? Parecia tão familiar e as imagens vinham e sumiam ao mesmo tempo, sentiu vertigem e voltou a sentar. Levantou novamente foi até o galão com água e tomou uma caneta de água muito devagarinho com os olhos vidrados num rosto que a perseguia, sentia o estômago vazio, lembrou que não havia almoçado, então foi até o fogão, colocou um pouco da sopa que estava no caldeirão aquecido no fogão a lenha. As imagens voltaram, ela parou de comer, aquilo à estava perturbando. Foi até à janela novamente e o vento lá fora, soprava o frio gelado das montanhas, fechou à janela e sentou-se ali mesmo e adormeceu debruçada na mesa.
Quando chegaram na cidade, Yul e Genghis, não via ninguém. Tinham dito a eles que haveria uma corrida de cavalos por ali e pareceu um bom programa para passar a tarde. O irmão era seu companheiro, Yul queria ir ver o Monge, mas acabou sendo enrolado pelo irmão mais velho, esta parte afinal nem foi difícil. O gosto pelos cavalos estava no sangue dos mongóis, por isso passar uma tarde junto de cavalos de corrida até foi um bônus para o Yul. Mas agora, chegados ao local, começava a duvidar de que fosse mesmo haver uma corrida de cavalos.
—Será que foi desmarcada?
—Agora vamos esperar, estamos aqui mesmo.
—Será que nos enganaram de propósito? Nenhuma destas ideias parecia compatível com o que Genghis conhecia do povo mongol. Mas não se via ninguém. Ainda havia outra hipótese.
—Será que estamos no lugar certo? Perguntou ao Yul o que ele achava.
Respondeu: "Deve ser aqui", fez uma pausa. E continuou: "Ou no próximo vale, talvez." Não havia grandes referências. O lugar correspondia à descrição.
Era um vale aberto, virado a sudeste, com o rio ao fundo. Mas até chegar, passaram por vários vales que encaixavam exatamente na mesma descrição. Começou a perder a esperança de ver às corrida de cavalos. Mas estavam a duvidar se estavam no lugar certo, também não sabia bem a que horas começaria a corrida. "É aqui. Agora só falta esperar".
Tudo naquele lugar era distante. As estradas quase não existiam, o clima podia ser severo. As crianças começavam a andar a cavalo quando começavam a ganhar o equilíbrio para começar a andar (a pé!). Yul e o irmão estavam a postos, e a corrida iniciava, era belo, eles sabiam montar com tanta precisão que dava inveja de ver, mas eles faziam para se mostrar.
Nossa história, se passa numa aldeia, nas montanhas geladas do continente asiático, na Mongólia, vale de Orkhon, ano de 1.700. Afastados de tudo, por imensos desfiladeiros em meio às essas gigantes construções que a natureza com sua sabedoria construiu. A família do Sr Kaan eram humildes aldeões, moravam com pouco conforto, viviam mantendo os costumes do lugar, seguiam à risca os costumes da terra, preservavam a cultura do povo. Yvi à esposa, uma mulher muito bonita, cabelos sempre presos por tranças longas, olhos pequenos e negros, a mãe adotiva de Saran. Sempre fora uma mulher que aprendera tudo sozinha, ficou órfã muito menina, não era dada à falar muito, fazia seus afazeres por obrigação, mas não reclamava de nada. Tinha os filhos que cuidavam de quase tudo. O sonho dela era um dia poder ir embora para a cidade, sair dali, mas ninguém sabia. Tinha amor pelo marido, mas nunca lhe confidenciara, não se sentia livre.
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Lembranças das Minhas Outras Vidas-Livro 1 / 2 /3
SpiritualUma alma com várias vidas. A evolução de um espírito experenciando a vida humana com conflitos, alegrias e tristezas, tudo fazendo parte para a evolução espiritual. Uma alma forjada nos sentimentos mais íntimos, aprendendo muitas vezes sofrendo, lap...