" Capítulo XXIX "- A vida cobra ? lei de causa e efeito

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A rotina na casa, que antes era de pura calma,  tirando os latidos dos cães tudo era silencioso. Agora se transformara nos gritos que de longe se ouvia, nada estava bom. A agressividade dela era tanta, que ela passava os dia os xingando, rogando pragas. Ela tinha companhias, que ela conversava a todo momento,  ela via em espirito que ela pedia as coisas. A hora do banho era uma guerra, ela  batia e se jogava no chão, o que dificultava levanta-la. A teimosia que depois descobriram era além da doença tinha o lado da demência e o mais agravante, a obsessão. Vivian fazia com ela orações, lia partes da bíblia , mas parecia que quanto mais  oravam mais complicado ficava. Mas isso era normal, porque quem estava com ela não queria luz. Ela gritava a noite inteira, pedia comida toda hora, pois dizia estar morrendo de fome, que  a estavam matando de fome. Acordavam no outro dia feitos lixo humano. Chegavam ao limite, não aguentavam mais, então pediu ajuda para todos da família, iriamos interna-la, mas não deu certo, porque o valor pago nesses lugares eram preços altíssimos, não tinham como arcar. Teriam que ser apenas ela a pagar, os parentes nenhum e não restava mais nada, teriam que conviver com tudo aquilo...com a cabeça para baixa, tudo revirado em suas vidas.

Conversava com ela sobre vida após morte, dizia para ela que era para ir se alguém oferecesse ajuda, ainda mais se fosse alguém que ela conhecia. Pedia aos céus que pela benção, pudesse ser seu marido que viesse busca-la, ela gostava dele e iria com certeza.

- Mãe, se o Hiroshi vir busca-la, vai com ele, não fique esperando pelas trombetas tocar, na duvida mãe, aceite ajuda. Mãe, se ninguém tocar trombeta, você vai ficar lá eternamente, seu corpo vai apodrecer, vai sentir os bichos comer, então não espere esteja você onde estiver Deus te encontrará você é filha dele e como pai ele não abandona seus filhos. Ela ficou naquela casa por 1 ano e 9 meses e foram meses cansativos tanto fisicamente como psicologicamente, os gritos mesmo depois que ela se foi ecoavam na casa, tinham a impressão que ela ainda estava ali.

O dia começava sempre com ela nua no quarto que tirava fralda a qual na maioria das vezes havia feito cocô e lambuzava a cama e o chão, porque ela não tinha forças nas pernas, e acabava caindo no chão e se arrastava por todo canto. E ela não sabia o que estava acontecendo, dizia que alguém tirou a roupa, que foram eles(?)...Sua mãe foi ficando cadavérica e era apenas osso não sorria mais. Apenas quando falava xingava e na hora da alimentação ela cuspia fora a comida e as vezes ficava inerte, catatônica(sem reação).

Não reconhecia mais aquela mãe. Então começou a pedir a Deus que a levasse, não tinha cura, não haveria retorno, sua dignidade tinha ido embora. Um mês antes da morte dela, ela quase não comia, e passava a maior parte do dia dormindo e quando acordava fazia tudo de novo. Era nítido a perturbação do ambiente, faltava paz, estavam a ponto de um ataque de nervos.

Um dia ela acordou delirando, com febre muito alta, então levaram ao hospital, onde ficou tomando soro, mas não foi diagnosticada com nada, logo após teve alta, voltando para casa, pior do que foi. Vivian pediu que a deixasse internada pelo menos para se recompor, mas a médica que atendeu disse que no caso dela, não tinha muito a ser feito. Ela morreu dormindo, na  casa com insuficiência respiratória, uma semana depois. 

Outro problema foi devido ao B.O que os vizinhos fizeram, Vivian e a irmã tiveram que comparecer inúmeras vezes na delegacia do idoso, para provar que ela estava com problemas. Com o tempo, Vivian percebeu  que tudo que o meu irmão disse naquela noite era verdade, como por exemplo, ela tirar roupas, remexer em armários, andar pelo quarto, gritar, tudo era verdade.

O irmão, ia ser processado por negligência, se ela e  irmã o denunciasse, mas não o fizeram, pois descobriram que ele estava com câncer de próstata, nível 4. Diante disso, resolveram que não levariam sofrimento para quem já estava sofrendo , deixaram que a própria vida se encarregasse de cobrar o devido débito fato de não termos prova contra ele, não queriam ser o dedo apontando para ele, sem conhecer a verdade.

Lembranças das Minhas Outras Vidas-Livro 1 / 2   /3Onde histórias criam vida. Descubra agora