" Capítulo XIX "- O trem partiu

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Últimas visitas.

Nesse mesmo dia, sua cunhada levou duas tias dele, e ele não abria os olhos, mas ficou agitado. Ele gostava delas, ele respondia respirando emotiva...Nessa noite, foi a ultima naquele hospital, tudo muito silencioso, e ela apagou como se tivessem dado um sonífero para ela. Desde as cinco da tarde, não viu enfermeiras entrarem para por medicação, ela percebia que deixariam ele ir.

Dia 19,Terça-feira

Antes do adormecer, ela rezou pedindo a Deus que o libertasse, das amarras do sofrimento. Que se não fosse para ele viver bem, que o levasse, e que desse força a todos inclusive força para ele se desprender de tudo por aqui, na terra. Então ela sonhou...com um cavaleiro encima de um cavalo, sabia que era Ogum, sentiu o chão estremecer com as patas do cavalo ao lado da cama dele. Ogum de lei, não nos deixe sofrer tanto assim...

Ela amanheceu atordoada, 6:00 da manhã, voltou a dormir, acordou as 8:00 assustada, se sentia dentro de um túnel, asfixiada, incomodada. Uma sensação de perdida. combinara com a filha que iria com ela até a casa da sua cunhada tomar banho, dar uma arejada, ainda não tinha saído de lá do vigésimo andar. Por volta das nove horas, ela chegou com seu neto, ele quis ficar no hospital volta delas, então ela desceu e ele subiu, antes de descer, ela deu-lhe algumas recomendações, como não ficar nos corredores (toda hora um desencarnava e era terrível ver o corpo passar em cima de uma maca coberto) e também não ficar o tempo todo no quarto.

Mãe e filha, saíram do hospital, mas a sensação do túnel não passava e ela comentou com sua filha e ela achava que era pelo fato dos e dias lá dentro do hospital. Mas Vivian sabia que essa sensação era dele, sentia que ele estava indo. Quando desenvolveu sua mediunidade , ela trabalhava como sensitiva atrás dos que recebiam passes, isso era para que ela sentisse o que a pessoa estava sentindo. Isso trouxe para ela , a capacidade de encostar nas pessoas e sentir tudo.

Chegando na casa da sua cunhada, cumprimentos, ela correu para o banho, onde a água corria em seu corpo como uma benção, ficou ali se purificando de dias naquele lugar de morte, tristeza, dores e lágrimas. Logo depois voltaram, enquanto isso contou para elas os dias que esteve ali com ele, elas choraram... Resolveram que iriam fazer caminho diferente, mas a sensação de túnel não saia da cabeça. O dia estava ensolarado, voltaram por um caminho mais distante, para arejar a mente.

12:30 horas, da teça feira: Quando chegaram na entrada do hospital, seu neto desceu e foram lanchar antes de subir. Seu neto confidenciou que havia visto o avô-pai do lado do corpo junto com três espíritos de luz na cabeceira da cama e que ele havia dado um sorriso pra ele, ele estava bem, isso só havia dado a certeza daquilo que já havia visto e sentido durante os dias que estava ali sozinha do lado dele no hospital. Em coma induzido parecia morto, respiração lenta, essa era sua maneira de ver que ele ainda estava ali. Havia recebido um telefonema de uma amiga espírita, enquanto estavam na lanchonete, ela lhe falou:

- Vivian, o seu marido ainda não desencarnou porque ele esta preocupado com você, isso esta impedindo dele ir embora.

- Marta, como fazer ele saber que vou ficar bem.

- Converse com ele, diz pra ele seguir, que agora ele precisa deixar você, para ele seguir o caminho dele, que você vai ficar bem dentro do possível.

- Eu conversei sobre isso com ele, o que ele precisa é do tempo certo do desligamento, logo ele vai. Ela entendia aquilo, sabia que ele se preocupava com ela, ficaria com sua filha e realmente seria preocupante...

14:00 horas. Os tres subiram Estava calmo, quase tudo igual, respiração muito sútil, dava pra sentir a vida por um fio, apenas um fio. Comentaram entre eles e ficaram ali, ela ficou segurando a sua mão direita, a inchada já estava toda roxa, inclusive as unhas, sabia que o fim estava próximo e sentia um certo pesar, já sentia falta...saudades. Ficaram ali por muito tempo, para despedidas, e logo mais eles foram embora, ainda precisavam dar alimento aos cães, que estavam desde a madrugada sozinhos. Seu neto não queria ir embora, ele dizia que não queria , porque sabia que ele desencarnaria, e queria estar ali. Mas a necessidade o levou embora, foi contrariado, mas foi. Deram adeus ao pai-avô. Sua filha falou que quando foi esperar o elevador para ir embora, virou de costas e sentiu a presença do pai atrás de pé, balançando a mão, sorrindo dando adeus , assim como fazia quando estava em casa.

Lembranças das Minhas Outras Vidas-Livro 1 / 2   /3Onde histórias criam vida. Descubra agora