Com todas as responsabilidades que pesavam sobre ela, a vida de esposa de Hirotaka não era nada invejável. Com muita frequência, o samurai estava ausente prestando serviço militar ao seu senhor; e em tempo de guerra o samurai às vezes era forçado a defender seu lar, pois conforme os reveses da batalha poderiam virar alvo de ataques inimigos. Nessas ocasiões de perigo para a família, não era difícil a mulher combater ao lado do marido, usando de preferência a 'narigada' (alabarda), arma que aprendiam a manejar desde cedo. Mesmo não tendo o refinamento das damas da nobreza, atirando com arco ou até acompanhando seus maridos nos campos de batalha. Essas mulheres demonstravam muita coragem ao enfrentarem o perigo sem medo. E Nara não fugia a regra, desde muito pequena aprendeu a lutar.
Na época dos samurais havia guerreiras, samurais ,a historia conta que havia sim e muitas. Elas pertenciam a classe alta . Muitas esposas, viúvas, filhas, e os rebeldes responderam ao chamado do dever de se envolver em uma batalha, geralmente ao lado de homens de samurai. Elas eram membros da classe guerreiro no Japão feudal e foram treinados no uso de armas para proteger sua casa, família e honra em tempos de guerra. Elas também representaram uma divergência com o papel de "dona de casa" tradicional da mulher japonesa. Elas são muitas vezes erroneamente referidos como samurai do sexo feminino, embora esta seja uma simplificação exagerada. Onna bugeisha eram pessoas muito importantes no Japão antigo.
Nara, como não podia ter filhos resolveu ser guerreira, começou a viajar com o marido. Vivia junto do marido em batalhas. A traição do marido lhe trazia constrangimentos, ela o amava, não se deixava cair aos encantos dele. Ela o respeitava, apenas isso. Mesmo durante as batalhas ele sempre estava com uma ou outra mulher.
Hirotaka via Nara como o fruto da vingança e tratava ela com desprezo, mas não via que a vingança contra o pai, machucava os dois. Era seu coração que lutava contra a vingança ele não via que se maltratava. O fato da esposa não lhe dar filhos o martirizava. A vingança era uma demonstração de grande coragem. Afinal de contas não se podia tolerar uma afronta sem se rebaixar.
A tolerância e a indulgência seriam prova de fraqueza ou de covardia. Todavia, temos de convir que o ato de vingar-se jamais constitui prova de coragem. O perdão sim, exige do ofendido muita coragem e dignidade. Enquanto a vingança é uma ladeira fácil de descer, o perdão é uma ladeira difícil de subir. Algumas pessoas costumam enfrentar corajosamente os mais graves perigos, mas sentem-se impotentes para tolerar uma pequena ofensa. Escalam, com ousadia, altas montanhas, saltam de paraquedas desafiando as alturas, enfrentam animais ferozes, aceitam os desafios do trânsito, navegam em mar revolto com bravura, mas não conseguem suportar um mínimo golpe da injustiça. Tão grande prova de coragem em alguns pontos, mas não relevam a investida da ingratidão, da calúnia, do cinismo, da falsidade, da infidelidade. Realmente fortes são aqueles que conseguem conter-se diante de uma agressão.
Ele agredia, era infiel, falso perante Nara. Isso era vergonhoso diante dos samurais, com tantos irmãos juntos em batalha ele a desconfigurava, ela se excluía. Eles viviam anos nessa luta, ate o dia que Nara começou a ficar doente, ele começou a se preocupar em perde-la. Eles voltavam de uma grande batalha e Nara estava febril, tomara chás para abrandar a febre e nada acontecia. O coração do marido não derretia por ela, mesmo sentindo que a desejava e amava ele mantinha distancia. Durante a viagem em umas das paradas um curandeiro falou para ele:
-Senhor, o que sua mulher tem só vós tem o poder de curar, preste atenção ao seu redor, tens deixado sair de suas mãos a felicidade, joga fora todo dia e o tempo que lhe és dado. E vou lhe dizer mais, se não mudar seu modo de ver a situação ficará sozinho, mude enquanto tem o sinal verde. ao ouvir aquilo ele começou a mudar de cor, aquilo lhe bateu fundo, ele não entendia muito do que fora dito a ele, mas ele sabia que tinha haver com ela.
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Lembranças das Minhas Outras Vidas-Livro 1 / 2 /3
SpiritualUma alma com várias vidas. A evolução de um espírito experenciando a vida humana com conflitos, alegrias e tristezas, tudo fazendo parte para a evolução espiritual. Uma alma forjada nos sentimentos mais íntimos, aprendendo muitas vezes sofrendo, lap...