" Capítulo VI "- Um neto

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É preciso entender que quando se encobre a luz com as trevas, seu brilho é ofuscado, e sua força desaparece. Mas quando se encobre as trevas com a luz, seu brilho reforça, e sua força dobra. Somos eternamente e seremos, trevas e luz no mesmo recipiente conscencial. Negar um dos lados não vai nos fazer felizes no outro lado; pelo contrário, só vai promover o surgimento de bloqueios. Para chegarmos à luz é preciso que saiamos do escuro, é preciso habitar as trevas para que a luz se torne presente. Não existe trevas num coração repleto de amor e felicidade . Na estrada do viver, eu temia pelas trevas, e pela escuridão.

Sem que pudesse enxergar a frente, faltava-me coragem para dar um passo a mais. Era necessário esperar o alvorecer ver a chegada do brilho do sol, e acabar as trevas da noite. Assim ficava olhando para a "estrela da manhã", porque sabia que breve nasceria um novo dia. Escalando as montanhas do viver, muitas vezes a noite me envolveu e apagou minha fé pra prosseguir...Mas a mesma "estrela da manhã", trouxe a certeza de um novo dia, em seus brilhos e lampejos de esperança.

Certo de que o "Sol" logo iria surgir! E era preciso apenas esperar o alvorecer para poder prosseguir na minha luta. Foi nos braços do meu amor que encontrei paz que precisava. Ele não deixava que eu me sentisse triste, me levava para passeios e viagens. As montanhas geladas, faziam mostrar ao meu coração a ingenuidade dos seres que buscam o perigo. A infantilidade de sentimentos e emoções falsas. A minha fé, que existia algo maior me confortava, os amigos apoiando, me trazia a tranquilidade.

Chegaram a dezembro e ela estava melhor, já não se martirizava com o que havia acontecido e sua amiga querida viria visita-los... Hiroshi para ver ela alegre arrumou os documentos da moça e mandou passagens para o Brasil para que a amiga viesse. A moça, ainda uma menina começou com 14 anos na escola, viesse passar 10 dias com eles. Era férias no Brasil e ela chegou e foi bom demais para todos. Ele fazia de tudo para que ela não ficasse triste, e conseguiu. Vivian aproveitou e deu uma trégua no trabalho, resolveu deixar nas mãos dos empregados um pouco o trabalho e partiram para shoppings, lojas de departamentos e cidades turísticas que ainda nem ela conhecia.

Faziam 3 meses que Natália tinha ido embora, seu filho ainda no Brasil e retornaria na semana de natal. Estava feliz, preparariam a ceia de natal e seria um natal diferente , mas não teria felicidade, não 100% , mas teriam. Faltava dois dias para o natal seu filho chegou, estava mais bonito, alegre e trazia com ele os ares do Brasil, estavam todos muitos contentes na sala sentados ao lado da lareira e o telefone tocou...Vivian correu para atender, era Natália:

- Oi mãe, tudo bem por aí?

- Oi filha está sim, o Marcos voltou do Brasil e a Adriana está em casa, ela veio para passar dez dias aqui, só falta você.

- Que legal mãe, queria poder estar ai com vocês.

- Bem filha, você não está porque está aí. E como você está?

- Mãe, eu estou passando fome, o Paulo me deixa sozinha em casa e sai toda noite, nem comida ele tem comprado, o dinheiro que ele pega compra drogas e bebidas, hoje fui até a casa dos pais dele para comer e resolvi te ligar...Seu coração sangrou ao ouvir aquilo, mas se fez de forte.

- Que triste, e o bebê está tudo bem?

- Sim mãe, estou com um barrigão de seis meses. Vai ser um menino e escolhi o nome de Breno. Vivian ouvia aquilo com os olhos marejados de lágrimas, mas não podia mostrar isso a ela, não sabia como ela estava emocionalmente.

- Será que o pai vai ficar muito bravo, e você me aceitaria de volta? Seu coração de mãe parou...

- Claro que sim, ele vai ficar feliz, como você quer fazer?

Lembranças das Minhas Outras Vidas-Livro 1 / 2   /3Onde histórias criam vida. Descubra agora