Capítulo XIII-Josephine e Thierry

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Era 21:00 horas, hora da valsa, e Josephine, não tirava os olhos de Thierry, ela o conhecia? Ou melhor, reconhecia sua alma? Parecia estar hipnotizada pela força do olhar do rapaz, este estivera de longe, atrás de um dos pilares do salão e ele olhava ao redor, ficou encantado com a moça, o lugar enfeitado com rosas cores de champanhe, parecia um conto de fadas, estava apaixonado por ela. Ele olhava ela e quanto mais olhava mais queria, ele conhecia aqueles olhos, aquela boca, e queria lembrar de onde, parecia que já havia tocado nela, sentia o sangue ferver e ficou imensamente irritado quando a irmã dela se aproximou...

— Aí está você, parece que foges de mim Thierry. A moça lançava um olhar para cima dele que se sentia nu, e quis desconversar para se ver livre dessas algemas;

— Não estou fugindo, é hora da dança, à valsa, e já prometi para sua irmã que dançarei com ela, me desculpe. E saiu de fininho sem falar nada. A moça fica com raiva e cerra os punhos, e já se vira e culpa à irmã, que se dirige ao centro do salão com seu pai, à valsa se inicia. No centro do salão, um casal pai e filha começa uma valsa, e os olhares direciona todos para a jovem nos braços do genitor. Todos ali, comentam a beleza da moça e os jovens ficam hipnotizados pela graça e simplicidade de Josephine. Os rapazes fazem fila, querem dançar com a debutante, até que chega a vez de Thierry, à moça está nervosa em seus braços, o coração queria saltar pela boca e ela quer disfarçar, acreditando que ele está percebendo sua ansiedade. Gradualmente ela se acalma, e conversam:

 — Como nunca te vi? Por onde andastes? Ela fica olhando-o e as palavras ecoam ao longe:

— Sempre estive aqui, porque você pergunta? Falou demonstrando calma, mas dentro explodia;

— Nunca tinha te visto, quando sua irmã debutou não vi você?

— É que eu estava com febre aquele dia, fiquei na cama;

 —Você namora minha irmã?

— Não, não, imagina é fantasia da cabeça dela 

—Cuidado, ela é perigosa 

—Sei, já percebi, e deram uma risada, a essa altura estavam mais relaxados, e ele...

— Vamos lá fora na sacada, o ar aqui está carregado; —Ela olha em volta, e diz:

— Vamos também estou sentido sufocar aqui; Angelina de longe vislumbrava o casal com ódio, ia acabar com aquilo, como pode sua irmã agora pegar o homem que ela está afim, vai até o pai...

— Pai, a minha irmã, está lá fora com um jovem, você vai deixar, vai ficar falada meu pai, mande ela entrar. O pai não entendeu o que passava e mandou que fossem buscá-la. Os dois estavam quietos, olhando o céu, momento mágico, os sentimentos falavam por si. Marie entra e fala:

— Josephine seu pai pede que entre, e a menina educada segue a babá, e ele fica ali olhando a imagem dela se afastando, quer segui-la, está indo quando Angeline, segura seu braço:

— Onde pensa que vai?

— Você de novo não, me solte, você não entendeu e eu vou falar de novo, não tenho nada com você e não vamos ter nada e puxa o braço e sai, deixando Angeline com mais raiva. O resto da festa, a moça ficou ali, sentada ao lado do pai, tentou argumentar, mas o pai pediu que ficasse calada, tentou dizer que a irmã estava falando coisas mentirosas, o pai mandou calar. No dia seguinte da festa, a Babá com muito cuidado, entregou para a Josephine um bilhete? Nele estava escrito: Josephine Encontre comigo, hoje às 15:00 horas debaixo do carvalho, do lado direito da cocheira dos cavalos na tua mansão. Vou estar lá te esperando. Thierry A moça parecia que ia desmaiar, o medo e a vontade a sufocava, mas não queria que a irmã soubesse, então inventou uma desculpa.

— Angeline, vou sair e volto logo, se papai perguntar por mim, diga que fui ver o potro que nasceu; A irmã que estava lendo, continuou sem dar a mínima, ela não era menina de recados. Ao lado do carvalho o rapaz estava nervoso, andava de um lado a outro, contorcia as mãos. O carvalho com suas raízes retorcidas, pareciam que cruzavam os braços para vê-los, a árvore frondosa, cheia de folhas verdinhas que acabaram de nascer, pareciam uma sombrinha dessas que usamos para nos cobrir quando chove, a sombra era refrescante, e ali estava ele a espera dela. Ele avistou a moça andando a passos largos, demonstrava pressa ao caminhar. De longe se via a elegância da menina, os cabelos reluziam ao sol, o vento teimava em jogá-los de um lado ora vezes do outro. Ela caminhava rápido e quando chegou, ficou olhando aquele rosto que sentia algo, que não explicava, queria abraçá-lo, lembrou da noite anterior... Estava nos braços dele, sentiu vontade de beijá-lo, aqueles lábios carnudos, com o sorriso que mexia com ela, falava sem soltar ruído.

—Te chamei aqui porque estou pensando em pedir sua mão para seu pai, não queria fazer isso e pegar você de surpresa;

—Não, não faça isso, na nossa família, as filhas mais velhas têm que casar primeiro e eu não sou a primeira. —Josephine, estou apaixonado por ti, vou te assegurar então: o que achas: —Não sei meu pai não o conheço bem

— Podemos tentar...?

— Sim, estou te amando e não quero perdê-la. Fazem juras de amor, e ficam assim por alguns minutos entrelaçados. Os dois, não se dão conta da figura de uma moça atrás do carvalho, se mordendo de tanto ódio, vai estragar essa paixão. O sentimento de vingança lhe corrói o coração. -Ah, mas quero ver quando papai descobrir isso, vou contar para ele. E saiu correndo em direção a casa. Angeline, entra em casa botando fogo pelas ventas, o pai cruza com ela no corredor e ela fala.

— Pai, posso falar contigo?

— Sim, vamos para a varanda, aqui  está muito quente;

— Pai quero te contar uma coisa, mas não conte que fui eu quem contou, estou fazendo isso pelo bem da nossa família; — Está bom, entendi, diga logo... Dizem que inveja é um sentimento sem medidas das consequências que o seu ato causa, mas neste caso, causou imensos estragos, na vida de uma moça, uma menina.

— Papai, vi minha irmã dormindo com um rapaz da festa de ontem no estábulo, hoje, você pode ir lá ver que ela não está em casa, acabei de ver;

— O pai, fica mudo e sai num salto só, indo direto para o outro lado da varanda, queria ver a sua filha voltar do estábulo, queria ter certeza do que a Angelina está falando. Ficou ali, alguns segundos e logo viu Josephine, caminhando em direção a casa, ficou atônito, não podia acreditar, sua filhinha estragar a reputação e da família, chamou Marie e deu ordens...

— Quero que pegue tudo que Josephine tem, arrume tudo em baús e malas, ela vai viajar, à moça seguiu para o quarto da moça em lágrimas, ouviu o que Angelina disse para o pai, e sabia ser mentira, mas precisava obedecer, então começou arrumar tudo, estava tudo pronto quando Josephine entrou, a bagagem a soleira da porta.

— Quem vai viajar Marie?

— Fale com seu pai, menina. O pai da moça estava vindo, com cara fechada, e nas mãos um envelope...

— Tome, é seu, essa quantia vai dar para você se virar até ver o que fazer, aqui nesta casa você não entra nunca mais, esqueça que somos tua família. A moça não entendia, segurou o envelope, e ficou parada na porta do lado de fora, vendo a porta fechar quase diante de sua cara. Porque aquilo? O que ela fez? Para aonde iria? Um terror de medo a assombrou, pensava no mundo e sentia calafrios, agora sendo colocada para fora de casa tão jovem, o que seria dela? 



Continua...

Lembranças das Minhas Outras Vidas-Livro 1 / 2   /3Onde histórias criam vida. Descubra agora