"Capitulo VI" - Promiscuidade e Prostituição

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As viagens duravam dias e dias sem fim. O sol nascia e morria diante dos nossos olhos e mais paisagens novas eram vistas para Solrac que foi se acostumando a sua nova vida. As terras que via agora era árida, as areias eram como um mar. Os dias quentes de deixar amente sonolenta e as noites eram geladas.

Na barraca da jovem mulher tinha conforto, ela falava palavras que ele não entendia, mas aquela convivência estava ficando mais íntima de conhecimento de cada gesto dela. Ele sentia prazer em olhar para ela, já não pensava no passado, vivia um dia de cada vez. Tudo que viveu na Escandinávia havia ficado no passado longínquo. Nem lembrava ser um herdeiro de um reino, que nasceu em berço de ouro. Suas crenças haviam ficado para trás, era bom deixar tudo para onde devia ficar, no passado.

Solrac agora era outro, a barba havia crescido, a pele branca de tempos atrás era agora de uma cor dourada, os cabelos crescidos além das tranças na altura do ombro, ninguém o reconheceria se o visse agora, aliás nem ele próprio se reconhecia.

A turba de ciganos que Solrac seguia não tinha destino, era cada dia em um lugar novo, iam onde o vento soprava. A jovem mulher que havia aprisionado Solrac, tinha 28 anos, vinha de uma linhagem de ciganos da região da antiga União Soviética, hoje Rússia, e estavam afastados do país há muitos anos, a moça saíra da terra natal muito jovem, com apenas 4 anos. Agora voltava, não conhecia nada dali, pensava que ficaria por pouco tempo.

A cidade de Murmunk, ficava bem no início do país, divisa de países vizinhos do lado norte. O vento trazia o frio do mar do norte. Ali estavam de passagem, ela queria ir ate a China. Pensava em comprar umas especiarias, seda para poder revender durante as viagens. Seria um caminho longo e árduo, com perigos antes não vivido, mas agora ela tinha um homem, e resolveu ter com ele, mesmo ele não entende nada do que ela falava, ele compreendeu para onde ela iria, lembrou do seu pai, que havia vivido nesse país por longos anos.

Então ela fez um desenho na areia quente e disse:

— Está vendo, vamos para lá, e você virá comigo, não sei quem vai das nossas carroças, mas pretendo ir ate este lugar. E assinalou um X no mapa feito, para ele olhar. Ele então percebeu que agora ele precisava dele, talvez por ser um lugar mais perigoso, a presença de um homem a faria sentir segura. Então ele teve uma ideia:

— Vamos, vou com você, mas antes você me liberta?mostrou as cordas no braço e uma falca para ela. Ela sorriu, havia entendido, e agora iria solta-lo, estava distante da cidade de onde havia encontrado aquele homem. Pegou o punhal e cortou, ele passou os dedos nas marcas brancas que a corda protegeu do sol.

— Obrigado, amigos? Ela sorriu e apertou a mão dele.

— Amigos repetiu na língua dele. Meu nome é Katiuscia. Ele olhou para ela surpreso, ela flava a sua língua.

— Você fala minha língua? Meu nome é Solrac.

— Sim, falo, estivemos no seu país por alguns anos, sai de lá com 10 anos, fomos para Espanha de onde saímos desde então vagando pelas estradas.

— Para aonde vai quando sair desta cidade? Pelo que entendi você quer ir para o país dos chineses é isso mesmo?

— Sim, lá vou abastecer a carroça e vender as especiarias e seda deles. Depois disso não sei para aonde vou, mas pretendo continuar viajando, a estrada é minha casa, a carroça meu lar.

— Bem vou onde for, não tenho mais lar ou casa como diz.me fale um pouco de você Katiuscia?

— Não tenho muito que falar, minha vida é cigana, sou cigana, nascida na Prússia saí com meus ciganos.

— O que são ciganos?

— Somos nômades transcontinental. A cultura nossa foi uma assimilação de um pouco da cultura dos mais variados povos. Por onde andamos aprendemos o que o povo tem de bom. Quando um povo era invadido por outro de maior poder bélico, havia com a conquista e o convívio entre dois, uma espécie de simbiose cultural, que resultava na reinterpretação e reconceituação dos elementos de ambas as culturas. Com o nomadismo nos ciganos, por serem "invasores" pacíficos, submetiam-se voluntariamente aos costumes do povo que os "hospedava" e mesmo mantendo forte convicções e tradições no seu clã, sofriam mais a influência desses povos, que influenciavam, por serem estrangeiros e minoria. O interessante do nosso povo cigano é a sua pacificação e aceitação da vida nômade, não invadimos pela força nenhum território, não demonstramos necessidade de terem uma pátria e de fixarem-se neste ou outro ponto do globo, não desenvolvemos exércitos ou guerreiros.

Lembranças das Minhas Outras Vidas-Livro 1 / 2   /3Onde histórias criam vida. Descubra agora