"Capítulo XXIX"A cigana Sarah e Raquel

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Às vezes, nos momentos difíceis, sentimos uma força que nos ajuda e evita que fraquejemos perante as dificuldades. Muitas religiões atribuem essa influência aos espíritos evoluídos. No Cristianismo, eles são chamados de anjos da guarda, já no Espiritismo ganham o nome de guias espirituais. Nas duas religiões eles são considerados seres superiores, que atingiram um nível elevado em sua evolução espiritual e agora protegem você e sua família de tudo o que pode prejudicá-los. Normalmente, esses espíritos possuem uma relação de carinho com você, enviando sempre boas energias, pois estão em um grau superior de equilíbrio e, graças a isso, conseguem atuar como protetores e orientadores nas leis de Deus. Devemos lembrar que nossos guardiões não estão aqui para cumprir nenhuma obrigação de seu protegido, mas sim para conduzi-lo por um bom caminho para viver conforme os princípios divinos de respeito, amor, bondade e caridade. 

Segundo o Espiritismo, o trabalho de um espírito guardião é temporário, pois em um determinado momento, ele necessita partir em outra missão e outro espírito pode assumir o seu lugar. Com isso, a proteção espiritual tende a ser mais intensa durante a infância, pois é nessa fase em que adotamos conceitos e valores que vão nos tornar o que somos na vida adulta. A relação entre um espírito guardião e o seu protegido é muito parecida com um pai e um filho. O dever dele é aconselhar e auxiliar nos momentos de incerteza, dar ânimo e energia ao seu protegido para superar as dificuldades que surgirem pelo caminho. Mas, se a pessoa se mostrar indiferente aos conselhos oferecidos, o protetor pode se afastar, mesmo estando disposto a ouvir e voltar a qualquer momento em que for chamado. 

Conforme o Espiritismo, quando alguém faleceu recentemente, mas consegue compreender e aceitar a morte, esse espírito recebe a autorização dos superiores para nos auxiliar. Por exemplo, uma mãe desencarnada pode conseguir agir junto aos filhos, mas com poderes limitados. Ela, de alguma forma, pode ser considerada um anjo da guarda, pois além de ter acompanhado os filhos desde o nascimento, também o faz no plano espiritual. Normalmente, os pais não dão atenção quando o(a) filho(a) diz que está vendo uma pessoa que eles não enxergam, ou quando percebem a criança falando sozinha. Muitas vezes, esses podem ser sinais de que ela está vendo o seu protetor. Isso acontece porque as crianças possuem uma ligação com o plano espiritual muito mais forte do que os adultos. Um dos porque, quanto mais uma pessoa envelhece, mais fortes ficam os laços entre o corpo e a alma. Isso se reflete no apego aos bens materiais, o que dificulta a comunicação com os seres espirituais. Acredita se que até os sete anos a sensibilidade da criança é maior, pois a alma ainda está desprendida do material e isso faz com que elas enxerguem muitas coisas que os adultos não veem.

 Paris sempre foi a cidade da luz, e no natal se transformava na mais bela cidade do mundo, com suas ruas enfeitadas com luzes nas árvores, as lojas apinhadas de gente, se preparavam para os feriados mais comemorados do ano, o natal e a chegada de mais um ano. Yul de sua janela olhava a rua, e ficava ali horas contemplando o movimento, moravam na parte alta da cidade, as ruas largas de mão duplas davam vazão aos carros com pressa para a comemoração. Corações afortunados com os seres amados. Todos queriam uma árvore enfeitada em casa. A casa estava quieta, os pais de Yul haviam partido da terra faziam alguns anos, deixando-o apenas com os empregados. Os irmãos moravam na cidade, se viam sempre, inclusive com chegada do natal iriam se encontrar, todos estavam para chegar, comemorariam ali na casada família. Ele recordava o dia que sua mãe deixou este lar, os empregados levavam o café para eles no quarto, e ela desencarnou ao amanhecer, era uma benção, já não enxergava mais, tinha a memória fraca, precisava sempre de alguém para dar-lhes de tudo.

O seu pai adorado, o senhor Niin fazia apenas dois anos que foi embora também! Sentia a falta deles, mas sabia que todos temo tempo na terra, eles cumpriram o deles. Mais dois dias, e o natal chegaria, a família começaria a chegar , passara orientação aos empregados, queria tudo como fora antes. Via sempre Louis e Genghis, desde que o pai falecera, ele se tornara um médico famoso, voltaram a Paris e ali se estabeleceram depois de 15 anos na Austrália onde teve os filhos, mas na hora dos filhos estudarem, voltaram, foi bom ter odos por perto. Genghis andava com falhas na memória, às vezes não sabia o que falava, mas não tinha, saúde precária. Continuava cuidando do bistrô, os netos já eram os donos, Niim, antes do desencarne preparou tudo, e deixou a neta, filha de Genghis como a dona majoritária de tudo, ela amava o lugar. Moça inteligente cuidava de tudo. Yul tinha dias que ficava de cama, a tosse contínua, os remédios já não faziam efeitos. Ele sabia que seus dias na terra não tardaria, sentia saudades de todos, do amor que ficou em outra vida, apenas lembranças o fazia continuar, e eram doloridos os dias naquela casa, lembrava da infância dos irmãos menores, os gêmeos,  hoje sabia , seu amor em corpo de menina. A tarde se fez e a noite chegou, a lareira acesa brilhava e dava o calor do fogo ao corpo que sentia frio, ficou sentado ali por horas e adormeceu, sorrindo foi para o outro lado da vida. Josephine, vestida igual ele conhecia veio buscá-lo, junto do guardião protetor de Yul, um homem negro, alto e com um sorriso bondoso. Ao seu lado sua guardiã (eu) acompanhava cada detalhe do desligamento do homem que sua pupila amava, mais uma vez se cumpria, estavam todos chegando perto da mais sublime missão. 

Lembranças das Minhas Outras Vidas-Livro 1 / 2   /3Onde histórias criam vida. Descubra agora