"Capítulo XXXVII" Filhos

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Com o passar do tempo sua barriga começou a crescer e claro que incomodava, viver saindo, pegar ônibus, já não era tão prazeroso. Se sentia lenta, mas ela queria que fosse, já havia virado obrigação, e isso incomodava Vivian. Sem contar que todos na casa trabalhavam, e tudo sobrava pra ela fazer, desde comida, roupa e limpeza. A casa que antes era toda largada, passou a brilhar, e com tudo organizado. Chegava os fins de semana e nada mudava, trabalhava de segunda a segunda, as irmãs de Hiroshi nem nos fins de semana ajudava em nada. Todos os meses visitava ao médico, exame de sangue e em uma dessas consultas, descobriu que tinha um pequeno problema no sangue. Naquela época era um problema, mas que seria contornado. Ela tinha RH-negativo. No início do pré-natal, o médico pediu vários exames de sangue de rotina, e um deles foi o de tipagem sanguínea, para descobrir qual é seu grupo sanguíneo (A, B, AB ou O) e se você é fator Rh positivo ou negativo. 

 Quem é Rh positivo possui uma proteína chamada antígeno Dna superfície dos glóbulos vermelhos. Quem não tem esseantígeno é Rh negativo. A maioria das pessoas é Rh positivo, mas a frequência varia deacordo com a raça. O fator Rh só é importante na gravidez se a mãe for Rhnegativo e o bebê for Rh positivo (a criança pode herdar essacaracterística se o pai for Rh positivo). Se o sangue do bebê entrarna sua corrente sanguínea, seu sistema imunológico pode reagircontra o antígeno D do sangue do bebê, como se ele fosse um"invasor", e produzir anticorpos contra ele e vir ter um aborto pelarejeição da mãe ao feto ... Esse fenômeno é conhecido como "sensibilização" e, emboranormalmente não cause problemas numa primeira gravidez, sevocê ficar grávida de novo e o bebê também for Rh positivo, osanticorpos do seu sistema imunológico podem atravessar aplacenta e atacar as células do sangue do bebê, provocandoanemia, ou, em casos mais graves, insuficiência cardíaca ouhepática na criança. O problema recebe o nome de doençahemolítica perinatal, ou eritroblastose fetal.  Se você produzir os anticorpos uma vez, eles permanecerãopara sempre no seu sangue, por isso é importante evitar que elessejam produzidos. Felizmente é possível fazer isso com umasubstância chamada imunoglobulina anti-D, que é dada na formade injeção muscular, normalmente na coxa, muito dolorida. Essa espécie de vacina age destruindo rapidamente qualquercélula do bebê que esteja na sua circulação, antes que você comece a produzir anticorpos. Isso significa que você não teráanticorpos que possam causar a eritroblastose fetal, nem nestagravidez nem nas posteriores. A vacina anti-D vem sendo usada há muitos anos, e pode seraplicada sempre que houver alguma possibilidade desensibilização. 

 Quando ela estava no sétimo mês de gravidez, o pai de Hiroshiresolveu ganhar mais dinheiro, e surgiu uma oportunidade. Maspara isso, Hiroshi tinha que ir viajar com ele para Manaus noAmazonas de caminhão, ela ficou triste não teria seu marido todosos dias, mas não podia dar contra. Então arrumaram tudo epartiram, cada viagem durava em torno de dois meses. A primeiraque ele foi, retornou exatamente no dia que seu filho nasceu, elechegou em São Paulo na hora da visita do filho Marcos. A viagem foi difícil, pois a chuva no norte do Brasil dura dias,a estrada horrível, caminhões ficam dias atolados em buracos quecabe um carro de passeio, na rodovia Santarém. Hiroshi queriavoltar logo pois sabia que o bebê nasceria no fim de março, temiaque não chegasse a tempo, quando entrou no estado de São Paulo,acelerou o que pôde, e quando chegou em casa, sua mãe falou queVivian estava hospitalizada, então queria chegar na hora da visita,que eram as 17:00 horas pegou o carro e saiu feito um avião,enfim conseguiu chegar e foi presenteado, pois o bebê havianascido às 15 horas, um menino. 

 A felicidade que sentia de ter seu filho nos braços era grande...ter sua esposa ali na sua frente, saudáveis não tinha preço, umaviagem difícil, mas com um final maravilhoso. Ela no outro dia voltou para casa, pois teve o filho de parto normal, todos inclusiveele babava em cima dos dois. Quando a família de Vivian descobriu que ela estava grávida,membros se juntaram e compraram todo enxovalzinho do bebê,compraram o berço. Também deram um jogo de móveis dequarto. O berço foi presente do seu pai. Seu pai trabalhava duro, mas vivia sorrindo, aquele homem deantes, que bebia e vivia brigando, agora era submetido aos seusfilhos. Os irmãos de Vivian faziam questão de humilhar seu pai,ele ganhava um salário mínimo, mas eles queriam esfregar queganhavam mais.

Lembranças das Minhas Outras Vidas-Livro 1 / 2   /3Onde histórias criam vida. Descubra agora