"Capítulo XXIII"O retorno de Vivienne a Pátria Espiritual

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Quando a tarde chegou, junto dela veio uma fina chuva fria, que cobriu as ruas e pondo fim a visão da cidade, Yul não conseguia ver o outro lado da rua, tudo cinzento, a noite se aproximava. As pessoas andavam com pressa, com seus casacos, cachecóis e botas pelas ruas, anunciava temperaturas baixas, as pessoas se escondiam daquela fina chuva que teimava em continuar. O jantar iria ser servido às 19 horas e em seguida levariam a Vivienne ao baile, ele estava curioso, pois ela havia dito que tinha cabeleireiro durante o dia, fazer unhas e tudo mais, ocuparia o dia dela inteiro, então ele não a incomodou o dia todo. Louis foi buscar o bolo, que tanto queria oferecer para aquela garota, conseguiu, ficou mais tranquilo, era aniversário dela, fez oque tinha vontade, levou até a casa dela. Ela o recebeu a menina e seu coração batia forte, sentia que estava apaixonado, mas iria manter segredo. Ofereceu o bolo que tinha buscado do bistrô, e logo em seguida eles também iriam se arrumar para mais tarde a festa na escola, estavam se formando, estavam felizes. Tudo era comemoração. Chegara o horário e todos ali na sala de jantar conversavam, e sentiram falta da menina Vivienne, ela ainda não chegou? ou estava no quarto? 

 —Louis, vá até o quarto de sua irmã e a chame para o jantar, depois ela termina, de se arrumar para a festa, disse Ivy. 

 —Sim mamãe, estou indo. Estavam conversando, Genghis falando animadamente sobre o casamento que se aproximava, quando o garoto entrou na sala dizendo: 

 —Mamãe, ela está dormindo, chamei, mas ela não acordou, sentou-se à mesa. Todos se entreolharam e a mãe sentiu que algo não estava bem, ela nunca precisava ser chamada para o jantar. Então se levantaram e correram para o quarto da menina. Abriram a porta e se aproximaram da cama, ela estava coberta com metade do rosto coberto, sua fisionomia serena, como se estivesse tendo um sonho bom, a mãe a chamou: 

 —Vivi acorde, está na hora do jantar, acorde..., mas ela não respondia... 

 —Vivi, minha filha, não brinque comigo, acorde, ela tirou acoberta e ia levantá-la, mas não pode, Viviane, estava dura, gelada.

 —Meus Deus, isso não, de novo não, como pode fazer isso comigo outra vez, sempre cuidei dela, mas você me tirou ela, porquê? Deus não faça isso comigo, por quê? Todos mudos, as lágrimas caiam dos olhos de todos, emudeceram diante da visão da menina morta, lembravam de Saran, agora era Vivi quem partia. Ali ninguém se mexia, nem falavam, Yvi que no início gritava se calou, e foi Niin quem foi o primeiro a falar, como sempre trouxe a sua sabedoria. 

 —Queridos, sejamos fortes, é a vontade do pai, vamos respeitar, e tomar as providências necessárias, nem sabemos que horas ela se foi, ela morreu sozinha, quem a viu com vida, antes dela dormir? A dor é grande todos sentimos, mas sejamos fortes além de nossas forças. 

—Papai acho que fui eu, entrei aqui ela estava sentada na cama, foi antes de eu ir na confeitaria buscar o bolo com o Yul. 

 —Acredito que foi antes do meio-dia, como ela tinha salão para cuidar dos cabelos não ia almoçar conosco, achei que tivesse saído o dia todo. 

 —Tá certo, não vamos nos culpar por nada, foi assim que Deus quis vamos seguir em frente, todos aqui, têm conhecimento suficiente para não entrar em desequilíbrio, com a vontade do nosso pai, ele conhece a vida de cada ser, afinal são seus filhos, e como pai zeloso olha por todos. E assim foi feito, o velório, o sepultamento, e a família de volta a casa. O vazio deixado por Vivienne era grandioso. Teriam que seguir em frente. Yul estava calado, dentro dele um sentimento de dor que parecia que seu peito ia partir em dois, mas não comentava com ninguém, ia ser forte mais uma vez, foi para o quarto e colocou sua cabeça nas mãos, sentado no chão, e chorou, chorou. Não sentia fome, não sentia nada, queria apenas chorar, não era para ela ter morrido, era por ele ter ficado. Levantou-se e abriu acortina, lá fora o tempo havia fechado, uma cinzenta neblina cobria tudo, ele se comprava a paisagem. 

Lembranças das Minhas Outras Vidas-Livro 1 / 2   /3Onde histórias criam vida. Descubra agora