"Capítulo XXIV "- Laços familiares

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Há, duas espécies de família: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e, muitas vezes, se dissolvem moralmente, já na existência atual.

De todas as associações existentes na Terra excetuando naturalmente a Humanidade - nenhuma talvez mais importante em sua função educadora e regenerativa: a constituição da família. De semelhante agremiação, na qual dois seres se conjugam, atendendo aos vínculos do afeto, surge o lar, garantindo os alicerces da civilização. Através do casal, aí estabelecido, funciona o princípio da reencarnação, consoante as Leis Divinas, possibilitando o trabalho executivo dos mais elevados programas de ação do Mundo Espiritual. Por intermédio da paternidade e da maternidade, o homem e a mulher adquirem mais amplos créditos da Vida Superior. Daí, as fontes de alegria que se lhes rebentam do ser com as tarefas da procriação. Os filhos são liames de amor conscientizado que lhes granjeiam proteção mais extensa do Mundo Maior, de vez que todos nós integramos grupos afins. Na arena terrestre, é justo que determinada criatura se faça assistida por outras que lhe respiram a mesma faixa de interesse afetivo.

De modo idêntico, é natural que as inteligências domiciliadas nas Esferas Superiores se consagrem a resguardar e guiar aqueles companheiros de experiência, volvidos à reencarnação para fins de progresso e burilamento. A parentela no Planeta faz-se filtro da família espiritual sediada além da existência física, mantendo os laços preexistentes entre aqueles que lhe comungam o clima. Arraigada nas vidas passadas de todos aqueles que a compõem, a família terrestre é formada, assim, de agentes diversos, porquanto nela se reencontram, comumente, afetos e desafetos, amigos e inimigos.

Para os ajustes e reajustes indispensáveis, ante as leis do destino. Apesar disso, importa reconhecer que o clã familiar evolve incessantemente para mais amplos conceitos de vivência coletiva, sob os ditames do aperfeiçoamento geral, conquanto se erija sempre em educandário valioso da alma. Temos, dessa forma, no instituto doméstico uma organização de origem divina, em cujo seio encontramos os instrumentos necessários ao nosso próprio aprimoramento para a edificação do Mundo Melhor. Antipatia, ódio, ciúme, vícios, atrações sensuais, incestos e tantos desregramentos entre familiares, atingindo moralmente toda a família, são atos que podem ser explicados à luz do Espiritismo, na análise das vidas sucessivas, passadas, presentes e futuras.

Via de regra, em nossas vidas, até que nos descubramos como espíritos em evolução e procuremos aceitar nossas dores físicas e morais como lições da Providência Divina ao nosso progresso, temos que nos defrontar com pregressos ou atuais cobradores à nossa volta, em nossa família, e, em muitas ocasiões, igualmente, nós mesmos somos cobradores de irmãos encarnados. Como cada ser humano viveu mais ou viveu menos, aprendeu mais ou aprendeu menos em vidas passadas, realizou maior ou menor quantidade de obras meritórias ou prejudiciais, verifica-se o desnível de seus espíritos para que eles, juntos, em família, na escola, no trabalho, no lazer, se completem: uns, fazendo mais, auxiliando, ensinando; outros, necessitando, recebendo, aprendendo.

Quando, desavisadamente, agasalhamos anseios de natureza inferior, e continuamente mantemos na ideias de origem , irradiamos para o da vida aquele desejo, estabelecendo uma verdadeira "varredura". Deste modo, encontramos Espíritos que com o mesmo objetivo, e que, percebendo nossa "busca", aproximam-se de nós, estabelecendo a parceria.

A quantidade de mentes desencarnadas, ávidas de , é muito grande. Espíritos ociosos, negligentes, de fé e de conhecimentos sobre os princípios que orientam a vida, vivem perambulando entre os encarnados. Muitos tentam desesperadamente manter-se o mais possível ligados à vida material, da qual não encontram coragem com a realidade que não esperavam. O encarnado busca continuamente alimentar-se das forças inferiores do desencarnado, o qual encontra nele a "ponte" para manter vivas as sensações físicas a que se escravizou.

Lembranças das Minhas Outras Vidas-Livro 1 / 2   /3Onde histórias criam vida. Descubra agora