Saran, envolvida nas frases de Raquel, se deixava levar, ela tinha a voz macia, suave, que trazia conforto. Ela estava gostando do que ouvia e guardava cada palavra, olhava os movimentos da boca de Raquel. Raquel é uma senhora, pele clara e cabelos castanhos claros . Estava com um coque no alto da cabeça que a deixava jovial. Seu sorriso era sincero, e era confortável estar do lado dela, ela era maternal. Saran despertava dos pensamentos enquanto ela vê um jovem caminhar até elas. Ele é cortês, de um sorriso nada comparado, ele chega até elas...
— Boa tarde Raquel, vejo que sua discípula está bem orientada.
— Oi! Jorge, esta é Saran, a moça que conversamos, desculpe Saran, mas aqui temos que reportar os casos aos nossos chefes como diriam na terra.
— Sem problemas, vejo que querem me ajudar, então não tenho contrariedade quanto a isso. — Me chamo Saran, é o nome que tinha antes de vir para cá;
— Seja bem-vinda, sente-se, vamos conversar...;
— Saran a Raquel nos disse, que você está intrigada se foi ou não suicida nas vidas que precederam sua estadia aqui. Então vou lhe explicar o seguinte:
— Os homens quando estão na terra cometem todos deslizes, digo isso porque também já fui eu um infrator, comemos de tudo, sem cuidar do nosso corpo, aliás esse que nos foi emprestado. Toda vez que partimos para à terra numa próxima reencarnação, vamos com um corpo construído especialmente para nós, para que possamos cumprir a missão vindoura.
— Nele vai toda a impressão necessária para que possamos dar final com êxito, registro de toda nossa existência em todas as vidas vividas, e também tudo que aprendemos ao longo das caminhadas... Deus cria esse corpo perfeito, e nós quando tomamos algo emprestado, temos que devolvê-lo em bom estado não é mesmo?
— Mas eu estraguei esse corpo Jorge?
—Vamos prosseguir e você vai entender melhor... Então, quando não nos alimentamos, ou quando por tristeza nos afogamos em depressão, nós matamos gradualmente, é suicídio. Estamos nos matando sim, é suicídio sim, perante Deus. Não podemos nos deixar cair por problemas e nem por sentimentos. A vida nos é dada pela bênção do divino mestre, e temos que zelar por esta oportunidade. Você está na terceira reencarnação que falhou, você não recorda, mas teve outra vida desperdiçada quando viveu em Paris... Vamos para outra sala. A sala onde Jorge e Raquel entraram com Saran, é de uma amplitude de dar gosto, poucos móveis e a decoração é de uma serenidade, que parece que ali existem anjos... E assim, Jorge põe a mão na testa de Saran, ela vê sua vida anterior como numa tela de cinema... Saran agora é Josephine, ela é criança ainda que brinca no jardim com a irmã mais velha. Seus pais estão sentados no banco logo adiante. Josephine é feliz, tem tudo que uma família rica pode proporcionar a uma criança, viagens, roupas, boa alimentação e tudo que o dinheiro compra. A mãe de Josephine que vinha da realeza francesa, vivia uma vida frívola e vazia. Eram duas meninas e a babá que cuidava de tudo e só reportava o que achava necessário para os pais, e os cuidados de uma mãe, como deveria ser são deixadas aos cuidados da moça. Tudo isso para não levar problemas para os ricos herdeiros de um trono falido. Na grande mansão onde eles moravam, aconteciam bailes a cada quinzena, e a família mostrava o que não tinham mais, esbanjavam de tudo sem ter a menor condição financeira. Fazia alguns anos que a decadência tomou conta do lugar, mas vendiam joias do reino, tudo isso para demonstrar poder e riqueza, o que mais não existia...
As meninas viviam em pé de guerra o tempo todo. A mais velha tinha ciúmes da menor que era o espírito de Saran, agora Josephine, elas estão se atracando por causa de uma fita de cabelo no quarto. A babá Marie entra e tira o objeto das duas e passa-lhe um corretivo em palavras:
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Lembranças das Minhas Outras Vidas-Livro 1 / 2 /3
SpiritualUma alma com várias vidas. A evolução de um espírito experenciando a vida humana com conflitos, alegrias e tristezas, tudo fazendo parte para a evolução espiritual. Uma alma forjada nos sentimentos mais íntimos, aprendendo muitas vezes sofrendo, lap...