Capítulo VII-Preocupações

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Cada um envolto em seus pensamentos perguntava do porquê, uma jovem tão bonita se perder dessa forma, trazia consigo à tristeza, à desilusão de viver só, aquilo a levou aos tempos passados onde na imensidão da mente, o vazio entre uma vida e outra.

 O pai de Saran sentado ao lado da lareira escutava tudo, que o Monge falava e o que orava e uma lágrima caiu de seus olhos, ela era sua filha, mas se tornou uma desconhecida dava-lhe uma cama e casa, comida, mas nunca se importou em perguntar como ela estava, se era feliz, sentia seu peito doer e desmaiou. O monge correu para ajudar, os irmãos pegaram o Sr. Kaan, e o colocou na cama, o homem realmente estava mal, o Monge de imediato, passou algo no nariz, mas era tarde o homem já partira. A mulher desesperada, começou a soluçar, o choro era complementado com um desespero tão grande, que era de doer à alma:

 — Meu marido, sempre te amei, nunca te falei, fomos criados para não falar sobre o que sentimos, fiz da vida uma geleira como as montanhas geladas que nos circulam, meu pai arrumou este casamento por conveniência, mas quando te conheci no dia do nosso casamento te amei, tinha vergonha de me entregar, então nos momentos mais íntimos me deixava levar por você, nunca deixei que percebesse nada, me sentia uma devassa quando sentia prazer ao seu toque, sempre te amarei, meu esposo querido. Os filhos com os olhos marejados em lágrimas apoiavam a mãe, eles estavam admirados com a liberdade de expressão da mãe e o Monge falou: 

— Acho perfeitamente que a senhora tenha coragem de dizer o que disse, os sentimentos são como uma rolha, que tampa nossas emoções causando doenças e o empecilho de vivermos livres, fez bem: 

— A esposa chorosa, beijou o rosto daquele homem que por muitos anos foi seu companheiro, e que agora estava indo para outro lugar e quis saber do Monge:  

— Monge, o meu marido também vai para esse lugar que falou, voltando para a casa espiritual? — Sim, todos voltaremos, quando a hora chegar, uns vão antes outros depois, mas todos a casa do Pai retorna. Os filhos preparam o pai para o velório, que segundo o mestre Niin, e a cultura deles, leva 72 horas; o mestre explicou:

 —Velar o desencarnado por 72 horas é necessário, porque o espírito, leva algum tempo para desligar do corpo material, este são ligados por fios e os mentores espirituais precisam disso, para fazer o trabalho dele, muitos espíritos sentem a dor do enterro, sofrem com a cremação, vendo seu corpo ser queimado, o espírito ainda ligado a matéria sente dor das queimaduras, por isso o tempo necessário que lhes falo, e fico feliz de saber que a vossa cultura também dá esse tempo. Os rapazes preparam o pai, puseram ele em cima de uma mesa, e puseram velas ao seu redor, e ali ficaram orando pela alma do senhor Kaan. O senhor Kaan, estava ouvindo tudo aquilo que foi dito, olhava para sua mulher com amor, já não tinha tempo para mudar, mas sabia que família estava protegida pelo monge e que cada um seguiria seu caminho, independente da cultura, essa que causou tanto sofrimento aos seus entes amados. E uma luz se fez entrar no recinto, era uma luz espiritual com um senhor vestido de branco que falou:

 — Vamos Kaan, não tem mais o que fazer neste lugar, não fique preocupado porque sua família terrestre tem seus protetores, agora precisamos cuidar de ti; O senhor Kaan deu um último beijo na face de sua mulher e seguiu o homem, que aparentava calma e lucidez, não teve medo, apenas o acompanhou... A mulher sentiu algo no rosto, passou a mão e sentiu saudades daquele que foi seu amor no segredo de uma vida vivida no silêncio de uma cultura secreta, sigilosa que os fizeram sofrer. O Sr. Kaan, seguiu aquele espírito com segurança, lembrava das palavras do Monge e não fez de arrogante. A viagem não demorou muito, eles seguiram calados, envoltos em uma espécie de bolha, que tinha porta, de longe ele avistou uma cidade, parecia o paraíso, cheia de flores com prédios, nunca imaginara que isso era o paraíso, o céu, onde os anjos viviam. O senhor que estava ao lado dele ouvira seus pensamentos, e explicou: 

— O senhor pensa como todos os terrenos, que depois que morremos vamos ao inferno ou ao céu, estão errados, é uma pena, vivemos num mundo paralelo ao de vocês, não nos veem, mas estamos aqui. O inferno, para muitos que o teme, não sabem ser os seus próprios conscientes que os levam aos pagamentos de situações erradas que eles próprios os criam causando sofrimento e mágoas. Aqui nós trabalhamos, continuamos depois de nos estabilizamos, para um bem comum, o bem-estar de todos, você verá que vibramos para que todos consigam completar suas missões na terra, e faz uma pausa, e logo diz:  

_agora vou deixá-lo no ambulatório onde precisa de um tempo para arrumar seu campo vibracional, para ficar de acordo com o nosso campo vibratório. E assim, ele o deixa e segue para o seu destino, e o pai de Saran fica deslumbrado com tudo, nunca imaginara que fosse daquela forma. Um rapaz muito simpático chega até ele e lhe dá um copo com um líquido verde, e pede para que tome, ele sente uma dormência boa e dorme. O rapaz ao seu lado fica satisfeito e sai. Em casa velavam o pai dos rapazes, mas não esquecem Saran que também estava ali. Os dois haviam partido. 

— Meu pai celestial, que a tudo tem controle, os parentes sofriam por eles, mas sabiam que eles estavam bem. Yul, chorava baixinho ao lado do Monge, sofria pelo pai, mas era por Saran que seu coração chorava, queria essa mulher, amava ela, mas era impossível. 

— Yul, não chore meu filho, ela está acertando suas pendências, não teve forças para superar os obstáculos que a vida lhe impôs, ore por ela. 

— Não mestre Monge, vou embora daqui, não fico um dia, vou deixar tudo e me tornar um monge como senhor; chega dessa vida. 

— Sim, eu entendo, e o aceitarei sabendo disso ,

— Já conversamos tudo que tínhamos que falar sobre isso, você sabe ser a vontade do pai que sobreviesse sobre os seus filhos.

 —Monge estou sofrendo por amar ela, Deus não vê isso? 

— Quero te dizer que o Pai vê os filhos como únicos, e cada um tem que ser individual, e acertar tudo para depois ser dois seres que querem ficar juntos.

 — Então ele vê que sofro e não liga, tanto faz? 

— Não filho, ele quer a nossa perfeição, nossos acertos e vocês cada um tem que corrigir onde errou. 

— Poxa! Esse Deus é perfeito, mas para mim, está levando quem eu amo e depois o que será de mim? 

— Ela vai te esperar, e junto reencarnar novamente e tentar novas oportunidades, creia.

 — Mas Monge, como vai ser?

 — Calma meu filho, tudo tem um jeito. Juntos deles estava o espírito de Saran que ouvia tudo, e admirava ao amor de Yul por ela, ela sabia quem ele era, e sentia que não ficariam juntos e estava chegando sua hora. Ela foi até ele, e deu-lhe um beijo e disse: 

— Sinto muito por ter causado este sofrimento a você. Preciso ir, mas lembre-se vou voltar... O monge via o espírito da moça e ficou olhando-a se achegar ao garoto,  ela veio até ele:

 — Monge, obrigada por tudo, por cuidar de todos, mas está chegando a hora de ir embora, o senhor sabe disso, então peço que cuide de Yul, o leve daqui, não deixe que sucumba a este lugar, ele merece ser feliz. (lágrimas rolavam em sua face) O monge sentiu um amor tão grande por ela e assentiu com a cabeça, não precisava falar. O velório estava no segundo dia, a esposa estava triste, o Genghis calado ao lado do pai, falou com a mãe:

 -Mãe, depois que fizermos a cremação o pai, e Saran, temos que ir embora deste lugar, não quero viver mais aqui, lugar longe demais, e nossa vida merece muito mais.  Ela ia dizer algo, mas  decidiu ficar calada, sabia que o filho tinha razão, aquilo era muito sofrido, teriam que ir embora. Amanheceu cinzento, com garoa fina, os filhos de Kaan preparam as cremações. Num canto o Jovem chorava, esmurrava a parede, tamanha dor que sentia, sua mãe chorava no canto da cama, e o Genghis deixava as lágrimas desceram pela sua face, Saran os deixariam, chegara ao fim de mais uma existência, que assinava uma sentença de saída daquele lugar gélido, aquelas montanhas que eram a prisão, não iriam continuar naquele lugar, seria o fim de uma existência, novos rumos, novas experiências.  O futuro teria ser generoso para eles, afinal depois das perdas sempre queremos que algo maravilhoso nos aconteçam. E assim, vamos muitas vezes estacionamos em algum que seja mais confortável, e   nossas vidas em rumos diferentes,  a mudança pode ser um instrumento de melhoria e de nível maior, basta arriscar.


Continua...

Lembranças das Minhas Outras Vidas-Livro 1 / 2   /3Onde histórias criam vida. Descubra agora