"Capítulo XXVIII " Os anos passavam rápido e a hora do acerto de contas chegava

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Não seguramos o tempo. A vida é tão amorosamente surpreendente que, às vezes, no auge da nossa tristeza, ela aparece com um presente que faz diminuir o tamanhão todo da nossa dor. Ele não cura, mas a gente lembra que a oportunidade de viver é algo bem maior, bem mais precioso, bem mais bonito, enquanto o desembrulha. A vida é cheia de obstáculos, mais você nunca deve abaixar a cabeça, pois se você consegue vencer um você consegue vencer todos.

A vida é engraçada, as vezes surpreendente. Ele tira algo da gente e depois coloca de volta de repente! Sufocamos a vida quando deixamos de torná-la surpreendente na busca de uma aparente previsibilidade. Quem se limita a viver aquilo que se espera, não espera que a vida lhe surpreenda com aquilo que não pode prever. Muitos sonhos começam a ser realizados em silêncio, sutilmente, e desabrocham quando menos esperamos. Com as experiências – acertos e erros – você se torna um ser humano mais preparado para enfrentar a vida.

Em situações complicadas, sofridas repetitivas o tempo parece parar, aumentar...Contudo, quando você começa dar menos valor a elas, elas perdem o poder de nos atordoar. Tudo parece mais leve, inclusive os que estão ao seu lado. E para Vivian não era diferente, ou ela dava menos valor a tudo que Natália fazia ou todos eles iriam ao fundo do poço com ela. Ela estava cada dia mais ingrata, mais atrevida. Alias não esperavam mais nada dela, resolveram que seria assim, o que viesse era lucro...E passaram a viver com pouco, dentro do que tinham no dia, o amanhã a Deus pertencia.

Ela continuava desempregada, andava de cabeça baixa, já não saia mais. Seu filho Breno agora trabalhava, era ele quem colocava a comida em casa, e ela se submetia a isso. Mas o vicio do cigarro ela não largava, o filho não comprava, ele não ganhava muito, e ter vícios era um gasto desnecessários, então ela emprestava de todos que conhecia. A filha Yumi explicava para ela o mal que o cigarro fazia, mas ela nem parecia ouvir. A vida começa mostrar... a gata dela fica doente e descobriram que era insuficiência respiratória, mas mesmo assim ela fumava perto da gata, mesmo sabendo que não podia. Com a perda da gata ela passa a ficar mais calada, sem emprego ela começa a ficar depressiva. O medo era constante que acordassem com ela morta. E quando ela acordava a aparência dela, era de acabada, isso era constante. A magreza cada vez mais e mais aparente. É difícil você querer ajudar alguém que não quer ajuda, que ignora os sinais que algo não vai bem, essa era ela.

Todos os dissabores por ela prestado, não fazia com que Vivian deixasse de ama-la, sentia compaixão por ela, sabia que estava doente do espirito. Fazia prece para ela, novenas e sempre tirava cartas para saber das possibilidades, queria salva-la mas como salvar alguém que se joga no poço e gosta de ficar lá dentro? Que não ouve e ainda te culpa por você criar os filhos dela? É um grande desafio olhar com a simplicidade que a compaixão nos ensina, ou vem tentando ensinar. Entender que não somos nós quem trilhamos o caminho e que por isso, muitas das vezes, precisamos nos resignar diante da situação. Não é fácil? Não é.

Não devemos puxar para nós a responsabilidade e o compromisso que deveriam ser da outra pessoa. Ela precisa sozinha descobrir o que é de fato aproveitar a sua encarnação. Encontrar a sua verdadeira missão da sua alma. Encarar seus desafios... Ajudar todo mundo é uma boa solução? A pessoa quer realmente? Quantas vezes percebemos a falta de iniciativa para tomar as rédeas da sua vida de volta em suas mãos. É muito mais fácil dizer que se decepcionou, que é a vítima, transferir para outros aquilo que você deveria estar fazendo... E nós, chantageados pela emoção caímos nessa. Deixamo-nos levar e tomamos a dianteira tomando decisões que a nós não cabem. E com isso, em vez de amenizarmos o aprendizado, nós o complicamos, o tornando, quase sempre mais intenso.

Será que não seria orgulho da nossa parte querer que a pessoa melhore tanto quanto nós queremos? Aceitar o diferente pode ser nosso maior desafio. Aprender que todos têm seu tempo para amadurecer alguns saberes que ainda não se tornaram sabedoria. Por quê? Porque não houve a conscientização. Um processo, uma caminhada que humildemente nos faz reconhecer nossas inferioridades e alterar nosso comportamento. Ninguém convence ninguém. As pessoas são convencidas de dentro para fora. E para isso acontecer, não existe certo e errado, existem caminhos diferentes que se valem das ferramentas mais eficientes para aquele momento. Isso muitas vezes, nos coloca frente a frente com a dor e o sofrimento. Se para nós já é delicado, o que dirá para as pessoas que queremos muito bem? O que fazer quando por mais que você se esforce, se esmere, traga exemplos, informações a pessoa, ela decide não tomar atitude alguma. Mergulha na sua dor, vivendo e trazendo ela como parte integrante da sua vida.

Lembranças das Minhas Outras Vidas-Livro 1 / 2   /3Onde histórias criam vida. Descubra agora